Cuca se foi. Quem vem?

Antes, sobre a demissão de Cuca.

Quando foi contratado, eu escrevi aqui que não era minha escolha - na época, o meu nome seria Paulo Autuori, que estava lá pras Arábias. Antes do Flamengo fechar com Cuca, o Vasco já tinha contratado Dorival Júnior, outro que eu preferiria. Entre os disponíveis depois disso, dizia eu, Cuca não era das piores apostas possíveis. Mas eu tinha certo medo de uma característica que notava nele: "uma certa vocação para Professor Pardal, a tendência a improvisações e esquemas revolucionários".

Não deu outra. Para ilustrar, recomendo a análise tática que eu tive até preguiça de fazer, tamanha a confusão pra descrever o que se viu em campo, do último jogo de Cuca no cargo publicada no blog Esquemas Táticos.

No fim do estadual, no balanço que fiz dos participantes da campanha, eu dizia que Cuca, mesmo tendo a base do ano passado, demorava a encontrar uma maneira para o time jogar, e que a equipe tinha problemas sérios para criar chances de gol. Mesmo após a goleada sobre o Inter (resultado que deu uma pequena sobrevida ao treinador, num momento em que a demissão era iminente), eu dizia: o time é limitado na frente, óbvio, previsível.

Cuca nunca conseguiu resolver isso, nunca encontrou um padrão para o time jogar com a bola nos pés. A saída de Íbson piorou o problema. E os desfalques em sequência minaram o sistema defensivo que ele chegou a ter funcionando bem. Deu em sua demissão.

Tenho a total consciência de que o grande problema do Flamengo não é treinador. Qualquer um que vier vai ter problemas pra fazer o time funcionar no regime "profissional" que impera na Gávea. Devemos lembrar do tanto que o treinador ficou incomodado com os problemas disciplinares de Adriano, por exemplo. E de quem acabou ganhando a queda de braço. Se Cuca teve alguma responsabilidade nisso, foi a de no final ter posado ao lado do centro-avante pra dizer que estava tudo bem.

Lamentavelmente, hoje o rubro-negro, ao ouvir sobre um nome como Muricy, pensa assim: "nunca daria certo no Flamengo, não duraria três meses! Ele não ia aguentar aquilo lá". Quer dizer: para muitos, já não adianta mais pensar em gente que trabalhe sério. O perfil tem que ser o de alguém com "jogo de cintura", malandrão, jeitinho brasileiro, malandro carioca, sacumé? Andrade já diz que o perfil do novo técnico deve ser o de um "paizão". É triste.

No momento, não há opção de técnico top que esteja disponível no mercado. Qualquer um que vier, será uma aposta. A questão é: o Flamengo oferece condições para que uma "aposta" vingue? Um Adílson Batista, por exemplo, que levou o Cruzeiro à Libertadores e depois até a sua final, e que foi contratado quando tinha um status no nível de um Caio Júnior - será que no Flamengo ele daria certo, daria os mesmos resultados?

Enfim: não vou reclamar da troca de um treinador que, pra mim, não fazia mesmo um bom trabalho. Mas não tenho ideia do quanto a coisa realmente pode melhorar, ou se vai acabar piorando. Só sigo com a certeza de que os verdadeiros problemas vão continuar sendo empurrados com a barriga - ainda mais quando ouço a diretoria confirmar que negocia a contratação de Alan Bahia como substituto de Íbson.

Então tá, né?


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Mas e aí, quem vocês gostariam de ver contratado?

Sei que é polêmico mas, até semana passada, minha escolha seria Renato Gaúcho - mas não dá mais. No momento, a opção mais óbvia é Vagner Mancini. Não tenho opinião. O que, a essa altura, é até bom. Melhor alguém assim do que outro que eu tenha certeza de que é ruim.

Sugeriram por aí o nome de Levir Culpi. Sem ter muita convicção, foi o nome com que mais simpatizei até agora.