Vamos lá: é inegável que os desfalques em sequência que o Flamengo vem tendo atrapalham. Não há time que passe tranqüilo pela perda de tantos jogadores – ontem, Cuca estava sem dois zagueiros, um lateral, um volante, dois meias, todos que vinham jogando com freqüência entre os titulares.
Mas é fato que o time já vinha com problemas antes, mesmo com Íbson, e que Cuca não soube preparar o time antes para sua ausência, que já era anunciada. Assim, com sua saída, os problemas que já existiam antes no ataque se agravaram e o treinador está tendo que procurar soluções em meio à competição, num momento sem tempo pra treinar e convivendo com um monte de ausências. As tantas mudanças, forçadas ou não, ainda fizeram com que o que havia de bom no time antes – a defesa que vinha sólida, a marcação no campo do adversário – se desmantelasse. Junte então o trabalho que já não era mesmo bom (vocês devem lembrar: mesmo na goleada contra o Inter, eu dizia que o time não estava funcionando na frente), a sequência de desfalques, a pressão da torcida e dos dirigentes e o péssimo estado emocional de atletas e técnico – e vai dar no que vimos ontem, em mais uma atuação lamentável dos comandados de Cuca no Maracanã.
O Flamengo foi sempre um time de pouca movimentação. Os jogadores que estão à frente de quem tem a bola se mexem pouco para receber; os que estão atrás, se movimentam sempre por trás, nunca ultrapassando para receber à frente. O resultado é que ninguém nunca recebe um passe de frente para a marcação, em boas condições para seguir a jogada; para avançar com a bola, o time sempre depende de arrancadas individuais ou de passes complicados para jogadores que estão sempre de costas para a marcação, com um adversário grudado. O resultado: erros de passe e bolas perdidas em profusão, seja no ataque, seja na saída de bola. E o Barueri, só fazendo o básico, conseguia por isso manter muito mais a posse de bola no ataque no primeiro tempo. Sem objetividade nenhuma, é verdade, e por isso só ameaçou em chutes de fora da área. Mas dominava a partida.
No segundo tempo, o panorama do jogo começou a mudar quando Marlon deu de presente um gol para o Barueri, logo no início do segundo tempo, fazendo um pênalti inacreditável. Foi a senha para Cuca mudar o time, que foi pra cima, mesmo que de forma desordenada. Acabou conseguindo o gol de empate e, depois disso, poderia ter virado o jogo – não fosse uma bola na trave de Willians que Bruno Paulo não conseguiu colocar pra dentro no rebote, um cruzamento de Camacho que não chegou a Adriano com o gol vazio, um impedimento do centro-avante mal marcado pelo juiz. Mas poderia ter também sofrido o segundo gol no contra-ataque. Os espaços estavam abertos e o Barueri perdeu pelo menos uma chance inacreditável, graças a uma bola perdida por Willians que deu em um contragolpe de 2 contra 1.
Queimou minha língua
Jorbison, enquanto esteve em campo, foi bem, jogando como um verdadeiro lateral: marcou atrás, buscou a linha de fundo na frente, algo raro pros que têm jogado na posição neste time. Teve personalidade e criou a chance mais perigosa do Flamengo no primeiro tempo, cruzando uma bola na cabeça de Adriano que acabou estourando no travessão.
A decepção
Me pareceu, desde o início do jogo, que Kléberson entrou em campo tendo uma função maior na armação do time. Mas não correspondeu. Esteve apagado e burocrático o tempo inteiro. Enquanto esteve na Seleção, muitos viam em sua ausência um grande fator para a queda de produção do time e chegaram até a dizer que ele seria mais importante no meio-campo que Íbson. Porém, desde sua volta ele não conseguiu render – talvez até um tanto pela falta do antigo companheiro. O fato é que seu retorno não melhorou em nada a produção do meio-campo do Flamengo.
A surpresa
Depois do gol do Barueri, Cuca rapidamente apostou em colocar dois garotos da base para resolver o problema do time. Não entendi até agora a escolha de Jorbison para dar lugar a Camacho. Mas a entrada de Bruno Paulo, que eu não conhecia, no lugar do burocrático Fierro foi uma bela surpresa. Léo Moura foi de vez pro meio e o garoto, aberto pela direita, foi o responsável pelas melhores jogadas do time desde que entrou. Teve personalidade, escolheu as jogadas certas, levou sempre perigo. Não sei até quando vai o futuro de Cuca no Flamengo, mas o garoto – que parece que foi chamado às pressas de Belo Horizonte, onde estava com o time de juniores, para completar o banco - fez por merecer mais oportunidades.
5 comentários:
Ontem fui ao Maracanã e gostaria de acrescentar aos seus comentários minha visão de alguns jogadores.
- Leo Moura: Não entrou em campo. Se escondeu durante todo o jogo. No 1o. tempo sequer chegou na linha de fundo e no 2o. não encostou na bola.
- Fierro: Pouco participou do jogo e quando tentou errou feio.
- Kleberson: Errou praticamente tudo que tentou mas pelo menos tentou alguma coisa.
- Jorbison: Um bom primeiro tempo. Não merecia ter saído.
- Adriano e Emerson: Os dois únicos que pareciam que realmente queriam ganhar o jogo.
Acho que foi bem isso mesmo. Só deu gosto de ver no Flamengo a vontade dos atacantes e a surpresa do Bruno Paulo. De resto, o resto...
Sigo com a campanha fora patota (Bruno, Leo Moura e Juan)!
OLha...Do seu texto uma coisa tem q ser dita sobre o Cuca: ele podia e devia ter preparado o time pra ausência do Ibson. Parece que só agora está tentando.
E ficarei chateado se pelo menos dois desses três nomes não estiverem no banco nos próximos jogos: Jorbison, Camacho e Bruno Paulo.
O Kleberson parece que vai sofrer (ou já sofre) do mal da seleção: depois de convocado, acaba. Foi exatamente assim com Leo Moura e com Juan. Pode ser coincidência, superstição, seja o que for, mas é uma linha que vem se repetindo.
[não estou falando do Leo Moura de hoje, que está *muito* mal, mas do apagado pós-seleção]
O Fierro, que praticamente não teve chances em 1 ano de clube, queimou as duas últimas (e paradoxalmente quase-primeiras) que teve.
E hoje o Cuca caiu. Felizmente o Geninho foi pro Náutico, mas eu não duvido nada do que vem desta gestão (?) do Flamengo. Quero dizer, eles podem conseguir alguém ainda pior que Cuca, Geninho e afins.
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