Um gordo que só rende na velocidade

Algo curioso está acontecendo com o desempenho de Ronaldo no Corinthians. De maneira totalmente insuspeita para alguém com sua atual silhueta, ele se tornou um jogador decisivo apenas puxando contra-ataques em velocidade. Mesmo com o óbvio e visível excesso de peso, Ronaldo não perdeu a explosão na hora de arrancar em velocidade, com espaço pra correr; esta sua característica, aliada à inteligência para se colocar sempre na linha do último defensor adversário e a percepção exata do momento de arrancar sem entrar em impedimento, está lhe garantindo seus melhores momentos desde que chegou ao Brasil. Foi assim contra o São Paulo na semi-final do Paulista, contra o Santos na final - e no gol de ontem, que deixou o Corinthians numa situação muito boa pra levar a Copa do Brasil.

Quando o Corinthians realmente tem que atacar um adversário com a defesa mais postada, aí as atuações de Ronaldo têm sido abaixo da crítica. Ele não tem mobilidade pra passar por marcadores parados à sua frente, não tem fôlego pra se deslocar com frequência e pedir jogo. Mesmo ontem, ele acertou muito pouco nessas condições e perdeu a bola de maneira até constrangedora na grande maioria dos dribles que tentou. Como já havia acontecido contra o Vasco, como vem acontecendo já tem um tempo.

O jogo ontem foi muito bom. Ajudou o fato do Inter ter ido ao Pacaembu pra jogar - ao contrário do que fez no Maracanã, quando veio completo e colocou oito jogadores dentro da própria área, numa postura digna de Olaria. Em São Paulo, não foi o caso. E os dois times se alternaram adiantando a marcação e buscando o ataque. No primeiro tempo, o Corinthians foi mais perigoso - as combinações pelas duas laterais do campo são sempre muito interessantes, boa arma pra abrir qualquer defesa. No segundo, atrás no placar, o Inter pressionou e ameaçou mais, com atuações boas de Andrezinho e, principalmente, Táison. Mas acabou voltando pra casa com um placar ruim graças ao gol irregular de Ronaldo (saiu de uma cobrança de falta com a bola rolando), à expulsão estúpida de Leandrão, à boa partida do goleiro corintiano e a um gol feito perdido justamente por Táison, seu melhor jogador. Que, aliás, tá me convencendo de que leva jeito mesmo.