Ajustes para as finais

No domingo, o Flamengo deixou claro que é mais time que o Botafogo. Tem melhores jogadores, mais qualidade pra trocar passes, marcou bem a saída de bola do adversário, dominou completamente o andamento da partida. No entanto, apesar disso, deu chances de ser vencido. Além de não ter conseguido transformar o domínio em chances reais de marcar, ainda arriscou-se no primeiro tempo a tomar gols em contra-ataques.

Nas finais, talvez o Botafogo deixe um pouco de lado a postura de time pequeno que adotou na última partida. Mas não há motivo para acreditar que a marcação afrouxe muito, e que eles não procurem jogar novamente no contra-ataque. Para vencer com mais tranquilidade, há pontos em que Cuca pode tentar melhorar o time.


- Jogar mais pelas laterais. No primeiro tempo, as jogadas pela direita simplesmente não existiam; só Léo Moura caía por ali, e mesmo ele buscou muito o meio quando pegava a bola. Pela esquerda, com Juan, até houve uma ou duas jogadas melhores de ultrapassagem - já que ele tinha a ajuda de Zé Roberto e até Kléberson pelo setor. Mas, de modo geral, o time insistiu muito pelo meio, em tabelas e lançamentos improváveis por onde se concentrava a defesa do Botafogo.

O time precisa de gente apoiando Léo Moura pela direita, para ter jogadas pelos dois lados do campo; e saber virar o jogo com mais rapidez de um lado pro outro, para abrir a defesa adversária. Para isso, é importante um bom trabalho de Kléberson e Íbson.

- Mais presença na área. Agora, todos estão chegando à conclusão de que Emerson é mais um segundo atacante do que um centro-avante - eu não sei se é isso mesmo, afinal o cara vem com a propaganda de ter sido artilheiro não sei quantas vezes no Oriente, e isso não costuma ser currículo de "segundo atacante". Mas a questão é que, a seu lado, não há outro atacante verdadeiro, alguém que também entre na área para trocar a marcação do adversário, para ajudá-lo a se incluir no jogo. Zé Roberto não tem feito esse papel, como Erick Flores também não faz. E, por isso, tanto ele quanto Josiel e Obina passam tanto tempo em campo sem conseguir participar de uma jogada sequer. Especialmente no domingo, após o 1x0, Emerson passou a ficar completamente sozinho no ataque, presa fácil para a marcação do Botafogo.

Se Cuca não quer mesmo escalar dois atacantes de ofício, ajudaria se ele ao menos encontrasse um jeito para que outros jogadores façam esta função de maneira mais efetiva. Como está hoje, o Flamengo é um time em que todo mundo chega de trás - e a vida de qualquer centro-avante fica muito difícil, especialmente contra times que marquem com alguma qualidade.


- Cuidado com os contra-ataques. No segundo tempo, até sofrer o gol, o Botafogo nem tentava sair de seu campo. Mas, no primeiro, teve algumas chances de contra-golpe - uma quase deu em gol, a maioria morreu em passes errados, mas de qualquer forma as chances estavam lá.

O Flamengo jogou com três zagueiros, mais um volante fixo - quatro para cuidar de três homens de frente do Botafogo. Há uma sobra, mas a recomposição do resto do time tem que ser mais rápida para que ela não se perca na movimentação dos adversários. Contra o Fluminense, como Kléberson jogou mais fixo como volante, isso funcionou melhor; contra o Botafogo, Íbson foi muito marcado, Kléberson chamou pra si a responsabilidade de ir à frente e armar o time e com isso, algumas vezes, faltou gente nessa volta pra defesa. 

É provável que Ney Franco volte a programar uma marcação especial em Íbson, que tem sido mesmo O armador do time - só que, como ele não é realmente esse armador todo, fica difícil conseguir render sendo tão vigiado. É preciso inteligência pra sair dessa. Uma solução é a troca eventual de função mesmo com Kléberson. Enquanto Kléberson avançar, Íbson pode recuar para fazer o papel de volante. É uma forma de confundir a marcação do Botafogo e de não deixar a defesa exposta.


- Perder menos gols! Contra o Botafogo, na verdade, não foi o festival de gol bizarros desperdiçados que se viu contra o Fluminense. Mas, mesmo assim, Josiel teve uma oportunidade claríssima no fim do jogo e desperdiçou de maneira triste, dando um chute totalmente torto sem nem tentar dominar direito a bola, mesmo estando totalmente sozinho. É bom os jogadores colocarem a cabeça no lugar e terem tranquilidade pra colocar ela pra dentro quando tiverem chance.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo com a critica ao isolamento do Emerson. Isso acontece desde o Joel, mas naquela epoca o Souza conseguia, aos trancos e barrancos, segurar a bola ate a chegada dos laterais. depois q ele saiu ninguem consegue fazer isso.
Uma coisa interessante: o Kleber Leite gosta de jogar a culpa pela situacao financeira do Flamengo nas administracoes passadas, achando q a gente esquece q ele foi o mesmo presidente q contratou Claudio, Rivera, Agnaldo e outros mais (e naquela epoca qq transacao era por no minimo US$ 1 milhao). E agora, q alguns dos maiores destaques do futebol brasileiro no primeiro semestre (Tardelli e Christian) foram liberados a preco de custo no comeco desse ano. Alguem duvida q esses jogadores ja se valorizaram absurdamente? Isso ele nao comenta...
Abraco,
Miguel