Estadual 2009 - Taça Guanabara - 7a. rodada - Flamengo 1 x 1 Botafogo

Chega ao fim a primeira fase da Taça Guanabara, e a verdade é: o Flamengo, que todo mundo dizia ser favorito ao título por ter mantido a base de 2008, ainda não tem um time. O time de Cuca voltou a mostrar falta de movimentação, de criatividade, de entrosamento. A cada partida, o técnico tem que mudar tudo com o jogo em andamento para conseguir achar uma solução para um time que sempre entra em campo emperrado.

O Botafogo já entraria em campo, de qualquer forma, sabendo ser inferior ao Flamengo - jogador por jogador, não há como negar que Ney Franco tem menos com que trabalhar do que Cuca. Ontem, ainda jogaram sem os dois que são apontados como os grandes destaques ofensivos do time no campeonato, Maicossuel e Vitor Simões. Assim, era de se esperar que o time esperasse o Flamengo em seu campo, pra resolver nos contra-ataques - e o gol conseguido no início do jogo só serviu pra reforçar essa postura. O Flamengo teve que enfrentar assim um adversário fechado o tempo todo, e simplesmente não soube o que fazer.

O que também não foi surpreendente, pela escalação do time. Cuca pôs em campo um meio-campo que deixaria Joel Santana orgulhoso - Willians, Toró, Jônatas e Íbson. A diferença é que, hoje, o Flamengo não tem mais os laterais da época da tropa de elite do Natalino. Com Juan fora, Egídio se limita a levantar bolas da intermediária - a mesma coisa que Léo Moura tem feito, quando não tenta fingir sem sucesso que é armador no meio campo. Com Zé Roberto totalmente nulo e Obina perdido no meio dos zagueiros, as poucas oportunidades vinham com chutes de fora da área de Jônatas, que ao menos tentava alguma coisa - e era até facilitado pela marcação do Botafogo, que deixava o Flamengo chegar perto de mais de sua área. Mas o time não aproveitava isso, com jogadores estáticos tocando a bola lentamente, sem nenhuma imaginação ou ousadia.

No segundo tempo, Ney Franco mudou o time, conseguiu afastar mais o Flamengo de seu gol e, assim como no primeiro tempo, até dava a impressão de que poderia aumentar o placar em um contra-ataque. A situação melhorou um pouquinho quando Fierro e Éverton Silva entraram - este último, mesmo com óbvias dificuldades pela esquerda, mostrou que tem mesmo personalidade e leva jeito nos cruzamentos. Mas, na verdade, o que foi mesmo decisivo para o abafa rubro-negro do meio pro fim do jogo foi o fato de que o Botafogo passou a jogar praticamente com dois a menos, com Fahel e Reinaldo se arrastando com cãimbras em campo. Mesmo assim, o Flamengo insistia em cruzamentos da intermediária e arrancadas individuais improváveis. O gol veio no último lance do jogo, depois de um bico pra frente de Fábio Luciano do seu próprio campo que acabou dando no presente de gol vazio que Josiel aproveitou.

E Obina?

Ano passado, por coincidência, também foi em uma partida contra o Botafogo que Obina teve a torcida se voltando fortemente contra ele. Depois daquele jogo, ele perdeu o lugar que ganhara alguns jogos antes, após a saída de Souza - o que fez Caio Júnior insistir com vários testes no ataque que nunca deram certo, até a volta do baiano mais pro fim do campeonato, quando ninguém esperava mais nada e ele surpreendentemente começou a jogar bem e fazer gols. Ontem, ele esteve mesmo mal - deu apenas um bom chute de fora da área no primeiro tempo. E perdeu o pênalti, em um lance em que, mesmo com apoio do técnico e dos companheiros, se expôs a toa.

Josiel é fraco - joga de cabeça baixa, tem sérias dificuldades pra dominar a bola, erra passes de três metros. Mas conseguiu fazer três gols no ano. Obina é um tipo de jogador mais útil - passa melhor, vê melhor o jogo, tem mais corpo. Até teve momentos bons em alguns jogos do campeonato - mas está zerado na temporada, perdeu dois pênaltis e agora tem a torcida contra. Nada pior pra um centroavante, o jogador em campo que mais vive de autoconfiança. Deve ser mesmo a hora de dar a vez.

Mas eis o meu palpite: no fim, mesmo que saia agora, ele vai acabar voltando.

15/2/2009 - 16h - Flamengo 1 x 1 Botafogo
Maracanã, Rio de Janeiro - RJ

Renda - Público: R$ 491.452,50 - 31.761 pagantes

Árbitro: José Alexandre Barbosa Lima (RJ)
Auxiliares: Wagner de Almeida Santos (RJ) e Raimundo Araújo dos Santos (RJ)
Cartões amarelos: Alessandro, Batista, Fahel, Leandro Guerreiro e Wellington Júnior (BOT); Léo Moura e Thiago Salles (FLA)

Gols: Batista, 17'/1ºT (1-0); Josiel, 46'/2ºT (1-1)

Botafogo: Renan, Wellington, Leandro Guerreiro e Fahel; Alessandro, Batista, Túlio Souza (Jougle, intervalo) Lucas Silva e Thiaguinho (Alex, 30'/2ºT); Reinaldo e Diego (Wellington Júnior, intervalo). Técnico: Ney Franco.

Flamengo: Bruno, Willians, Fábio Luciano e Thiago Sales; Léo Moura, Toró (Fierro, 19'/2ºT), Ibson, Jônatas e Egídio (Éverton Silva, 22'/2ºT); Zé Roberto e Obina (Josiel, 17'/2ºT). Técnico: Cuca.