Por que o Flamengo precisa de mais sócios

Em 2003, Márcio Braga foi eleito presidente com 1.017 votos - foram 2.036 pessoas participando da eleição. Dois anos depois, foram necessários apenas 734 votos para a sua reeleição. O universo de eleitores caiu, para apenas 1.669.

2009 é ano de eleição no Flamengo. Quantos votarão?

Muitos reclamam que são sempre os mesmos à frente do clube, os mesmos que se candidatam. Pensando no tamanho do universo que participa do processo eleitoral do clube, é até natural que seja assim. É muito pouca gente.

Quanto mais gente votar, quanto mais sócios houver, mais rica será a discussão sobre o futuro do clube. Mais gente estará apta a dar sua contribuição. Maior será a probabilidade de gente boa decidir participar. Mais difícil será fechar a administração, mais complicado será alguém se manter no poder favorecendo interesses menores, atendendo a grupos pequenos mas "influentes". Maior será o clube.

Arthur Muhlemberg, o do Urublog, escreveu por lá e no FlamengoNet textos convocando os rubro-negros a se associarem. É importante - mas esse tipo de movimento não deveria precisar vir de fora. Deveria vir de dentro.

Atrair mais sócios precisaria ser uma obsessão da diretoria do clube. Deveria ser algo visto como estratégico, a longo prazo, como forma de se fortalecer como instituição - e não só algo que aliviaria as contas imediatas do clube, com o dinheiro entrando no cofre (o que também seria bastante importante, mas enfim). É uma visão que precisa vir de cima, do presidente.

Mas, infelizmente, a entrevista dada por Márcio Braga ao próprio Arthur, na FlaTV (não descobri como linkar direto para um vídeo específico por lá - mas vão lá e procurem por "Nas Garras do Urubu: Márcio Braga", o acesso tá liberado mesmo pra quem não é assinante), deixa claro que ele não pensa nisso, não enxerga a importância, não dá prioridade, não está ligando.

E é esse o motivo de não haver campanhas pra isso, para não se criarem benefícios novos para os sócios, não se criarem novas modalidades que possam atrair mais gente. É por isso que, inacreditavelmente, não dá pra se tornar sócio off-Rio pela internet - tem que enviar documentos pelo correio, fazer depósito no banco e mandar comprovante, métodos paleozóicos.

Aí vocês vão dizer: "é claro que eles não querem mudar nada, é assim que se mantém por lá". E vai ser difícil não concordar. 

Então, fica-se nessa: as pessoas não se associam porque não ganham nada com isso e não querem dar dinheiro "pra esses caras que estão lá". E, por conta disso, "esses caras que estão lá" vão continuando, e não oferecendo nada para que as pessoas se associem. Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais?

Ou seja: a chance de algo realmente mudar lá fica dependendo ou do surgimento de um messias, que apareça e faça tudo sozinho para transformar a situação, ou de que os rubro-negros percebam sozinhos a importância de participar, se organizem e se associem, mesmo sem que se ofereça muito em troca de seu dinheiro. 

(Que, pra quem não é do Rio, nem é tanto assim - 15 pratas por mês.)

2 comentários:

Anônimo disse...

Queria saber como o seu blog, sendo o mais realista e sensato, nao tem comentarios. Alguns outros blogs por ai sao, sem duvidas, tendenciosos em relaçao a corrupta direçao do Flamengo. Concordo qdo vc diz que nao ha como dar dinheiro pra essa quadrilha q esta no poder do Mais Querido. Abçs e SRN!!!!

André Monnerat disse...

Aborrido, veja bem: eu não quero dar dinheiro na mão dos dirigentes que lá estão. Não acho que eles o administrem da melhor maneira.

Porém - acho que o certo é todo mundo que puder e realmente se interessar em mudar a situação do Flamengo se tornar sócio. É o único jeito de realmente participar das decisões, influenciar em alguma coisa.

Tornar-se sócio hoje é basicamente um ato de heroísmo. Não é barato, recebe-se quase nada em troca, leva 2 ou 3 anos pra poder votar e ainda tem o componente "não há como dar dinheiro pra essa quadrilha" na cabeça de todo mundo.

Mas o Flamengo tá mesmo precisando de heróis.