Sim: uma bela quantidade de gente pingando uma grana na conta do Flamengo todo mês não faria mal nenhum. Como exemplo pra lá de manjado, taí o Inter, com suas dezenas de milhares de sócios pagando mensalidades em dia, arrecadando mais ou menos o mesmo que o Flamengo consegue de seu contrato com a Petrobras. E, pra cumprir esse objetivo puramente capitalista, poderia-se até admitir um sócio-torcedor-não-sócio, sem direito a voto.
É por aí a idéia do Cidadão Rubro-Negro - um sócio-não-sócio, sem direito a voto. Porém, pelo que Ricardo Hinrichsen falou do projeto, ele é realmente bem diferente do que o Inter e outros fazem. Pra começar, por não cobrar mensalidades daqueles que optarem pelo plano básico, o que já faz com que sua receita não venha de forma direta. Mas também pelo que ele oferece a mais - a boa idéia do "clube de milhagem" -, como pelo que ele oferece a menos: ele não envolve ingressos para jogos.
Neste ano, o Flamengo levou em média 40 mil pessoas por partida ao Maracanã. Ou seja: por mês, 80 mil ingressos vendidos, enquanto durou o Brasileiro. Qual produto rubro-negro teve números de venda semelhantes? Que outro item com a marca Flamengo teve tanta saída, foi tão desejado?
Me parece claro, então, que vantagens para adquirir este objeto de desejo seriam um chamariz óbvio a ser usado para um projeto de sócio-torcedor.
"Mas o Flamengo não tem estádio."
"Mas o Flamengo não tem estádio."
Pois bem: os sócios do Inter, hoje, não entram de graça nos jogos do time. Eles têm direito a 50% de desconto nos ingressos para o Beira-Rio, mais a preferência na compra. Este desconto o Flamengo já dá pra quem tem carteira de estudante falsificada, sem pagar nada ao clube. Porque não poderia dar aos seus sócios - com a vantagem de ter pontos de venda só pra eles e a preferência de comprar antes da venda ser liberada para os torcedores "comuns"? Nada disso depende de ter o controle do estádio no dia do jogo - afinal, a venda de ingressos já é controlada pelo clube, não pela Suderj. Nem acaba com a bilheteria jogo a jogo tão importante para o fluxo de caixa do clube (e para que se possa adiantar dinheiro com a BWA...).
É bom dizer: o programa do Inter não se resume a isso. O sócio colorado tem direito a descontos em uma grande rede de empresas conveniadas - mais de 500, incluindo locadoras, planos de saúde, acessórios para carros, o diabo. Eles já têm a tal "massa crítica" de parceiros oferecendo vantagens aos sócios que Hinrichsen me contou, em nossa conversa, que pretende juntar antes de lançar o Cidadão Rubro-Negro.
Mas isso não é o grande chamariz para o torcedor se associar; a Rede Colorada de Descontos é ferramenta de fidelização, é o que faz o cara se manter sócio depois de ter aderido ao programa, mesmo em épocas de baixa do time - mas não é o principal, o chamariz, o que trouxe os 70 mil sócios que o clube tem hoje. Querer que isso seja o carro-chefe é como se O Globo tentasse atrair gente pra pagar apenas pelo Clube do Assinante, sem entregar o jornal.
Posso estar enganado. Mas criar algo assim não parece realmente complicado nem caro, mesmo com o clube não possuindo seu estádio. E digamos que o programa fosse um fracasso - conseguisse só, digamos, 7 mil pessoas pagando 15 reais por mês, 10% do que o Inter tem, pagando mais barato do que eles cobram. Isso daria uma receita de 1,26 milhão no ano, uma grana que o clube comemora quando consegue vendendo um garoto da base. Pois é.
E se, além da grana, essas pessoas ainda pudessem participar da vida política do clube e se tornarem verdadeiramente Cidadãos Rubro-Negros, melhor ainda.
2 comentários:
Andre, leio seu blog diariamente. Envie este texto por favor ao sr. de Mkt do Flamengo. Voce tem o email dele...faça esta contribuiçao !
Grande abraço e parabens
Vi seu link no URUBLOG e vim prestigiar.Parabens pela iniciativa, quanto mais falarmos de FLAMENGO, maior ELE será.Espero com ansiedade a oportunidade de contribuir com a saúde financeira do MENGÃO. 15,00 ou 20,00 Reais é um valor mais condizente com a realidade de nossa imensa NAÇÃO.
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