E o que é o tal Cidadão Rubro-Negro?
Boa parte da conversa que tive com Ricardo Hinrichsen se concentrou em explicações sobre o Cidadão Rubro-Negro, projeto que ele coloca como o “sócio-torcedor do Flamengo”.
Mas ”o que há hoje de sócio-torcedor no país é, na verdade, um projeto de venda de ingressos disfarçada”, ele diz. E o do Flamengo não tem nada a ver com isso, relação nenhuma com ingressos dos jogos. Seria uma espécie de Smart Club rubro-negro, em que o associado usa um cartão (ao menos inicialmente – o projeto pode evoluir para o uso do celular) para acumular pontos ao consumir produtos. E os pontos, depois, poderão ser trocados por prêmios.
A idéia é que estes produtos que valem pontos ao serem consumidos não sejam apenas oficiais do Flamengo, mas de diversos parceiros conveniados. E os prêmios, da mesma maneira, não seriam só ligados ao clube. Essa seria a maneira de desvincular o sucesso do projeto do desempenho do time em campo, o que faz sentido – quando o time vai mal, o cara para de ligar pra comprar camisa ou ingresso, “mas geladeira ele quer sempre”, como Hinrichsen falou. O associado também poderia usufruir de descontos em uma grande variedade de produtos e serviços de empresas parceiras, como seguros, por exemplo.
E atenção: se tornar Cidadão Rubro-Negro será grátis, totalmente 0800 - ao menos no plano mais básico, que deverá ser o mais usado. Mas então, de onde vem a receita que o Flamengo ganhará no projeto?
Haverá um plano “premium”, pago, com direito a mais vantagens para o usuário. Esta já será uma fonte de recursos. Mas Hinrichsen aposta mais no poder do banco de dados que será formado, que dará ao Flamengo a chance de conhecer o seu público, seus hábitos de consumo e tudo o mais. Com isso, poderá ceder o uso deste banco para envio de publicidade, por exemplo; mas também arrecadar mais com contratos de patrocínio e parcerias, já que teria mais base para negociar com outras empresas.
”Eu posso saber, por exemplo, que tenho 100 mil cadastrados e, destes, 80% estão insatisfeitos com seu plano de saúde. Aí eu chego pra Amil e mostro isso: ‘olha, tá aí um mercado pra você, o que podemos fazer juntos?’”
E a idéia é que, a cada vez que o Cidadão Rubro-Negro consumir Flamengo com seu cartão, isso vá sendo armazenado, formando a “massa crítica” do banco de dados que o tornará tão valioso.
O potencial, é claro, é enorme. Mas, como se pode ver, a receita não virá rápido, aos montes, de forma direta. A fórmula não é algo como a do Inter, 70 mil pessoas colocando 20 reais por mês direto nos cofres do clube, sem intermediários nem nada. Depende mesmo da formação de um grande cadastro e do uso esquematizado e inteligente dele – algo que deve levar tempo algum tempo pra dar um graaaande retorno.
A conversa continua ainda sobre quando isso sai do papel, o que falta para vermos o projeto em prática e outras possibilidades de formatos para o sócio-torcedor, mais parecidas com as que outros clubes já fazem com sucesso por aí.
Um comentário:
Será que vão fazer um site sobre isso e entregar a propriedade do domínio para terceiros como fizeram com a Fla-TV (que pertence a empresa do irmão do Boninho)?...
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