Conversa com Ricardo Hinrichsen, diretor executivo de marketing do Flamengo - Parte 4

Flamengo na Internet

Hinrichsen conta que, quando chegou ao marketing do Flamengo, o site oficial do clube era menos acessado que o do Juventude. Hoje, está na liderança entre os clubes do país, o que é seu lugar natural. Mas é claro, ainda falta muito pra ser o que se espera do site oficial do Flamengo. Eu acho isso, e ele acha também (embora talvez ache que falte menos do que eu gostaria).

Como citei lá pra trás, no início da conversa, o Departamento tem seus gerentes, abaixo do Diretor Executivo, que cuidam de áreas específicas. Já é o caso dos patrocínios e do licenciamento. Mas não o de Internet, em que já há duas pessoas trabalhando, mas não um “cabeça”. Hinrichsen diz que seu plano é contratar em 2009 um profissional mais senior para essa área de “Novas tecnologias”, como ele chama – que não é só o site oficial, mas também celular (em que o Flamengo não faz basicamente nada), a FlaTV, enfim.

Com esta nova contratação, a expectativa é que a área avance; mas ele também diz que sempre foi complicado andar não só por isso, mas também porque não há um orçamento para o site (como não há para o departamento como um todo). Sem recursos programados, realmente, é difícil planejar – e isso explica em parte o porque de, pra mim, as iniciativas do Flamengo em Internet sempre parecerem isoladas, oportunidades que surgem e que “não custam nada” e, assim, vão sendo penduradas no site oficial sem apontar pra uma direção definida.

O que, segundo ele, pode resolver as limitações de recursos para o site é uma parceria que vem sendo costurada com um grande portal de internet. Houve uma reunião preliminar, ele está animado com os rumos da conversa (“eles entenderam o que a gente quer”) e será marcada uma apresentação para que o projeto ande. Seria algo totalmente diferente do que o Flamengo chegou a ter com a Globo.com – segundo ele, uma parceria péssima para o clube, em que o portal só cedia a hospedagem e, por conta disso, podia vender espaço comercial e incluir em sua contagem de acessos, importantíssima para o mercado, todo o tráfego no site rubro-negro.

“Mas o site será refeito?”, perguntei. Hinrichsen diz que não é necessário, seriam mais questões no visual mesmo. Ele compara o site atual com uma casa em que os tubos, conexões, fiações, são de qualidade, mas faltou o acabamento. A estrutura por trás, ele diz, é boa. Eu – que trabalho exatamente com marketing em internet – coloquei rapidamente outros problemas de navegação, minha impressão de que as coisas vão sendo penduradas no site longe da melhor maneira, e cheguei à questão do melhor uso do cadastro do site. Afinal, já fiz cadastro por lá inúmeras vezes e, a cada vez que lançam uma promoção, me pedem para que seja refeito, o que me dá sérias dúvidas de que o banco de dados seja minimanente organizado.

“Ah, mas essa questão do cadastro unificado já entra em outro projeto”. E é a partir daí que falo amanhã do tal Cidadão Rubro-Negro, da idéia de sócio-torcedor, do Sócio Off-Rio e por aí vai.


Ah sim: e a FlaTV?
Hinrichsen riu meio sem graça quando, no início da minha pergunta sobre a FlaTV, falei das projeções totalmente sem nexo sobre o alcance do projeto no início do ano, que falavam até de comprar o passe do Íbson com seus recursos. Diz ele que nunca esperou nada do gênero, sempre soube que a coisa seria mais modesta e que, dentro de uma expectativa mais realista, pode considerar o projeto um sucesso. “Internet ainda é uma coisa incipiente, as pessoas têm a cultura de não pagar nada.”

Não quis citar número de assinantes, alegando uma cláusula de confidencialidade no contrato. Mas afirmou que a FlaTV, hoje, tem o dobro de assinantes da similar lançada pelo Barcelona há dois anos e meio. Conta que o número de assinantes chegou a entrar em queda, quando o desempenho do time em campo começou a cair, mas que houve uma retomada no fim do ano. E prometeu para 2009 uma programação sendo sempre atualizada e mais conteúdo ao vivo.

Mas, de novo: não vai ser a FlaTV que pagará as contas do clube, como Kléber Leite chegou a falar no início do ano. Eu sei disso, o marketing do clube também sabe. Seria então o sócio-torcedor a salvação da lavoura, como acontece com o Inter, por exemplo? Falemos disso amanhã.

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