Tempestade em copo d´água

Claro, o dia ontem havia sido fraco de notícias. Não teve jogo domingo pra ser repercutido, a próxima rodada ainda está longe, aí acontece esse tipo de coisa. Mas confesso que me espantei com a repercussão das declarações de Márcio Braga, anunciando que já está preparando a festa do hexa. Até capa de jornal estampando isso como sua principal manchete eu vi (ok, o jornal era o Meia-Hora - se não fosse o Márcio Braga, seria alguma atriz pornô ou coisa do gênero).

Mas fiquei impressionado com a indignação dos rubro-negros, com o medo de oba-oba ou de motivação extra para os adversários. A não ser que seja por alguma superstição, motivada pelo trauma da derrota para o América do México, acho mesmo que isso não se justifica.

Primeiro: Márcio Braga nem se mete no futebol do Flamengo, hoje em dia. Por lá, todos sabem, quem manda é o Kléber Leite - que anda saudavelmente sumido, aliás. Fanfarronices bragueanas são só isso, fanfarronices bragueanas; não têm nada a ver com o clima de quem realmente trabalha no time. Essa do oba-oba, portanto, não tem nada a ver. Ou alguém acha que os jogadores agora acham que já tem chopp comprado e passarão a se preocupar mais em arrumar companhia pra festa?

E ele não provocou diretamente nenhum adversário, não disse que não conhece jogador fulano, não disse que o time X nunca ganha nada. Será mesmo que o Palmeiras, o Grêmio ou o São Paulo ganham alguma motivação extra por conta de Márcio Braga? E alguém ainda leva a sério esse tipo de coisa dele? O cara é meio pateta dando entrevistas mesmo, já devia estar todo mundo acostumado.

Acho mesmo que supervalorizam o efeito deste tipo de coisa. No fim, vai servir pra uma das duas coisas: pra ele tirar onda depois do título, com o famoso "eu já sabia", ou pros torcedores rivais terem um elementozinho a mais pra sacanear se o Flamengo acabar fracassando. Efeito prático nos resultados, não vai ter nenhum.

Me parece mesmo que todo esse barulho é efeito - além da falta de notícias de uma segunda-feira em que nada aconteceu - da onda politicamente correta que toma conta do futebol. Provocações e brincadeiras de dirigentes e jogadores, que antes eram vistas como maneira de promover os grandes clássicos, hoje são consideradas sempre absurdos, desrespeito e às vezes até dão medo de suscitarem episódios de violência. Uma pena. Dos tempos mais descontraídos e menos chatos do futebol, sobrou apenas Túlio Maravilha, este fóssil vivo.