Domingo não tem jogo. Por quê?

Ainda no primeiro turno, O Globo fez uma série de entrevistas com os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro. A Eduardo Paes, perguntaram qual o seu time. Ele riu, sem graça. Disse que é Vasco, mas adora a torcida do Flamengo, admira o Fluminense, ama o Botafogo. 

Fez média. Vale a comparação com César Maia - que, por coincidência, foi seu mentor político. César diz que ele é Botafogo, mas o prefeito é Flamengo.

É típico. Esta questão futebolística pode parecer uma bobeira - mesmo num blog SobreFlamengo, como este -, mas é um sintoma de um tipo de político que faz a festa por aqui desde que Cabral chegou. É o cara que faz média pra ficar bem com todo mundo, faz acordos, faz de tudo que for preciso para se manter perto do poder. A única idéia por que luta é a de estar no governo. Não é à toa que está hoje no PMDB, partido que foi governo com FHC, é governo com Lula, foi governo com Garotinho (lembrem disso!), é governo com Sérgio Cabral. 

Gabeira, ao contrário, é um cara que nunca teve medo do confronto. Você pode não gostar de suas posições, mas não pode negar que ele as têm, e briga por elas mesmo quando são perigosas ou até impopulares. Toma a linha de frente pra legalizar a maconha ou a prostituição. Participa de resistência à ditadura, coloca o dedo no rosto de um Severino. Sai de um partido justo quando ele chega ao governo, por não concordar com atitudes e posições.

Quando se colocou a idéia de sua candidatura, Gabeira disse que aceitava com algumas condições: a de fazer uma campanha que não sujasse a cidade; a de prestar contas de todos os gastos da campanha (o que faz, online); e de não ter que negociar cargos por motivos políticos para montar alianças - os escolhidos para cada secretaria seriam técnicos, gente competente, os melhores para os cargos. Pode ser só um discurso bonito, e difícil de imaginar sendo posto em prática, num meio tão cheio de politicagem. Mas o seu passado indica que, se alguém seria capaz de encarar isso, de  ser independente, de remar contra a maré, poderia ser ele. Pode ser uma decepção depois, mas dá pra encontrar motivos para fazer essa aposta. 

Pra ser sincero: a sua campanha, em termos de propostas, me decepcionou um tanto. Não surgiu nada particularmente mais interessante do que os outros falam. Em termos de planos divulgados, os candidatos foram todos muito parecidos - inclusive Paes e Gabeira. Aí, a escolha fica entre quem parece mais confiável pra tentar mudar alguma coisa. Para agir de uma maneira nova.

Paes é mais jovem. Pode, por isso, ter uma imagem mais moderna, de novidade. Mas é, na verdade, um representante do antigo - aquele em quem não dá pra acreditar, porque o que diz hoje não quer dizer nada amanhã. É quem muda de partido pra partido pra partido, em busca da melhor posição, do melhor cargo. É quem procura os holofotes quando "a boa" é chamar Lula de chefe de quadrilha, e depois corre para o outro lado, quando "a boa" é posar ao lado do presidente popular. É quem tenta colar o adversário ao César Maia, depois de ter aparecido na política justamente sendo criado pelo cara, no governo dele, como seu sub-prefeito. É quem coloca em uma eleição a Cidade da Música como uma de suas realizações em panfleto de campanha, e na seguinte aponta a mesma obra como grande erro e joga a culpa pro lado dos outros. 

Não caiam nessa.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, pela ousadia de mudar o "tema", Monnerat. Ótimo texto.

vôo do urubu disse...

Besteira é não votar no Gabeira!

Saudação rubronegra.