O jogo começou até equilibrado. Sabendo da ausência de Juan e prevendo que, com isso, o time dependeria das subidas de Léo Moura, Dorival Júnior armou o Coritiba para atacar pelo setor direito da defesa rubro-negra. E, por ali, o Flamengo andou mesmo batendo cabeça e o adversário chegou a ter uma grande chance de abrir o placar. O jogo estava aberto, até o primeiro gol, em um lance meio isolado - Obina não desistiu de uma bola que parecia perdida, o zagueiro do Coxa deu mole e surgiu um pênalti bobo. Em desvantagem no placar, o Coritiba teve que sair. E aí a partida mudou.
Poucas faltas + muitas roubadas + bom passe = goleada
Todo mundo está cansado de conhecer duas estatísticas do Flamengo ao longo do campeonato: é dos times que mais rouba bolas e, ao mesmo tempo, dos que menos faz faltas (o que até recebe críticas, sendo visto por muitos como um sinal de falta de combatividade). O que a maioria não consegue é relacionar os dois números. Justamente por marcar com poucas faltas, o Flamengo consegue mais roubadas. E ontem foi assim.
O que ainda não havia aparecido neste campeonato é o que tem que vir depois da retomada da bola: a saída rápida, o contra-ataque. E ontem, sem ninguém parando o jogo de bobeira, sem ninguém dando bico pra frente, e com o adversário dando espaço, os contra-ataques surgiram um atrás do outro. Kléberson, Ibson, Aírton, todos foram bem na saída de bola. E até Bruno voltou a mostrar uma característica que animava a todos quando chegou ao clube: a reposição rápida de bola com a mão, lá no meio-campo, no pé de um companheiro para puxar o contra-ataque. Nada dos tradicionais chutões pra frente, para o coitado do atacante disputar a bola dividida pelo alto. E foi em um contra-ataque puxado por Kléberson que o Flamengo fez o segundo gol e, basicamente, resolveu o jogo, ainda no primeiro tempo.
No segundo tempo, o Coritiba teve que ir ainda mais ao ataque. A defesa do Flamengo não esteve sempre tão segura assim. Houve algumas confusões de posicionamento, o time poderia ter até sofrido um gol. Mas os espaços para o contra-ataque eram ainda mais generosos - e foram aproveitados. A cada roubada de bola, era uma saída rápida e pânico na defesa paranaense. E os gols foram surgindo.
O cara é o cara
Íbson voltou a mostrar, como contra o Vasco, a sua eficiência quando consegue vir de trás, com espaço, e deixou o seu. E mostrou-se que a lenda de que ele e Kléberson não podem jogar juntos é algo bem relativo. Fierro, pela primeira vez, mostrou um futebol animador e participou de um dos gols. Maxi, que há tempos não rendia, teve o espaço que seu futebol precisa, também ajudou a levar perigo e ganhou seu gol de presente. O time não foi perfeito, teve seus momentos de desorientação lá atrás com as mudanças de nomes e esquema, mas ninguém individualmente foi mal.
Mas é óbvio que o grande destaque foi Obina. Sofreu um pênalti, fez um gol, deu outro para Maxi e participou de diversas grandes jogadas. Foram arrancadas, dribles, passes, coisa de louco. Com a atuação, o povo está até achando que ele emagreceu, embora o preparador físico afirme que o percentual de gordura é o mesmo. Como ele próprio já disse, o que o faz perder peso são os gols. E eu acho mesmo que ele normalmente parece mais gordo do que realmente é, pelo tipo físico que tem - mas ter ritmo de jogo e os músculos em dia realmente fazem muita diferença pra quem tem tanto corpo quanto ele.
É mole pra mim elogiar o cara. Já cansei de dizer que gosto do Obina, vejo qualidades que poucos valorizam nele, acho o melhor centro-avante que temos mesmo. Mas quem o define bem é o narrador João Guilherme, do Sportv, que a cada vez que ele pega a bola solta a frase definitiva: "tudo pode acontecer com Obina". Assim como acabou com o jogo ontem, pode ser que quarta que vem ele dê outra bicicleta invertida como a que soltou contra o Sport, chute uma bola pela lateral como aquela contra o Vitória lá atrás, perca um gol feito no fim do jogo como aquele contra o Atlético no Mineirão.
Escrevi isso na época em que ele ganhou a posição de titular pela primeira vez, ainda na disputa com Souza: ele precisa de sequência de jogos, de ritmo e confiança. Agora, foram duas boas partidas seguidas e tá todo mundo feliz - méritos para Caio Júnior, que voltou com ele quando ninguém apostava. Mas que um ou dois jogos mais abaixo não coloquem tudo a perder.
Escrevi isso na época em que ele ganhou a posição de titular pela primeira vez, ainda na disputa com Souza: ele precisa de sequência de jogos, de ritmo e confiança. Agora, foram duas boas partidas seguidas e tá todo mundo feliz - méritos para Caio Júnior, que voltou com ele quando ninguém apostava. Mas que um ou dois jogos mais abaixo não coloquem tudo a perder.
23/10/2008 - 20h30 - Flamengo 5 x 0 Coritiba
Maracanã, Rio de Janeiro - RJ
Renda/público: R$ 511.963,00 / 28.648 pagantes
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (Fifa-RS)
Auxiliares: Altemir Hausmann (Fifa-RS) e José Javel Silveira (RS)
Cartões amarelos: João Henrique e Rodrigo Mancha (CTB)
Gols: Léo Moura, 20'/1ºT (1-0); Obina, 35'/1ºT (2-0); Ibson, 32'/2ºT (3-0); Maxi, 34'/2ºT (4-0); Bruno, 47'/2ºT (5-0)
Flamengo: Bruno, Léo Moura, Jaílton, Ronaldo Angelim e Luizinho (Fernando, 15'2ºT) ; Aírton, Toró, Ibson e Kleberson (Fierro, 28'2ºT); Marcelinho Paraíba (Maxi, 22'2ºT) e Obina. Técnico: Caio Júnior.
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (Fifa-RS)
Auxiliares: Altemir Hausmann (Fifa-RS) e José Javel Silveira (RS)
Cartões amarelos: João Henrique e Rodrigo Mancha (CTB)
Gols: Léo Moura, 20'/1ºT (1-0); Obina, 35'/1ºT (2-0); Ibson, 32'/2ºT (3-0); Maxi, 34'/2ºT (4-0); Bruno, 47'/2ºT (5-0)
Flamengo: Bruno, Léo Moura, Jaílton, Ronaldo Angelim e Luizinho (Fernando, 15'2ºT) ; Aírton, Toró, Ibson e Kleberson (Fierro, 28'2ºT); Marcelinho Paraíba (Maxi, 22'2ºT) e Obina. Técnico: Caio Júnior.
Coritiba: Vanderlei, Maurício, Rodrigo Mancha e Felipe; Marcos Tamandaré (Marlos, intervalo), Alê, Leandro Donizete (Tiago Silvy, intervalo), Carlinhos Paraíba (Jaílson, 18'2ºT), e Ricardinho; João Henrique e Keirrison. Técnico: Dorival Júnior.
Um comentário:
Foi uma vitória excelente para o Flamengo que segue forte pelo título.
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