Um time ofensivo logo de cara
Caio Júnior, como eu esperava, usou Luisinho mesmo na lateral. Mas me surpreendeu não só na escolha por Maxi no lugar de Obina, mas pela de Éverton no meio no lugar de um homem mais marcador, deixando o time mais ofensivo. Uma surpresa interessante, que fez o time ganhar bastante em toque de bola e movimentação. Mais de 60% de posse de bola jogando no estádio do adversário é algo de se admirar. Íbson, jogando mais recuado, vira outro jogador - bem diferente daquele com dificuldades para ser o armador que nunca foi. E os 2x0 na ida pro vestiário foram bastante merecidos, com momentos bastante empolgantes do time com a bola no pé.
Mas, mesmo assim, com toda a posse de bola, foi mais ameaçado do que deveria. E isso porque havia um espaço entre o meio-campo e a defesa; quando o Figueirense passava por um primeiro bloqueio do meio, encontrava espaço para trabalhar livremente até a entrada da área, encarando a zaga de frente e no mano-a-mano, o que fez com que criassem algumas situações de perigo. Como não havia um primeiro volante em campo, ficou faltando quem atuasse nesta faixa, logo à frente dos zagueiros - porque Jaílton, como repito aqui sempre, não é mais jogador do meio-campo, e sim defensor mesmo. Isso poderia melhorar se ele voltasse a atuar se não como cabeça-de-área mesmo, mudando o esquema, ao menos como o antigo volante-zagueiro (ou, de preferência, se entrasse outro jogador melhor para essa função).
No ataque, pareceu faltar ao time a vontade de concluir. O time chega tocando bem, arma as jogadas, mas demora a chutar. Houve chances para fazer mais gols, mas elas teriam sido mais numerosas se os jogadores arriscassem mais as conclusões. Além disso, Maxi até se mexeu bastante, ajudou a abrir espaços, mas não conseguiu dar sequência a quase nenhuma jogada. Parece sofrer por ser tão baixinho, cai o tempo todo, não consegue proteger as bolas que vêm altas do goleiro ou da defesa e o time fica carente de uma presença física mais forte na frente.
Marcha reduzida para o segundo tempo
O time voltou do vestiário aparentando um certo relaxamento. Além disso, o meio perdeu em consistência com a saída de Kléberson - há quem pense que é coincidência o fato do time ter se acertado depois de sua volta, mas eu não sou um desses. Sofreu novamente um gol improvável de longe e passou um certo perrengue, até por alguns jogadores mostrarem cansaço. A entrada de Vandinho no lugar de Maxi não mudou nada imediatamente (e ele inclusive perdeu um gol feito que poderia ter deixado tudo mais tranquilo, embora tenha participado bem depois de outros dois lances, entre eles o do terceiro gol). Mas Sambueza voltou a entrar bem, fez o que era necessário, participou do terceiro gol com mais um belo cruzamento e mostrou novamente que pode brigar pra ser titular.
É bom observar que apareceu novamente o que me parece ser o maior problema atual deste time: há jogadores que têm jogado bem, mas simplesmente não aguentam o tempo todo. Foi, como no Fla-Flu, o caso de Éverton (que, enquanto aguentou, não foi mal, embora não fosse aquela sensação toda da estréia). E foi, como em todos os jogos desde sua chegada, o caso de Marcelinho, que voltou a errar tudo o que tentou nos últimos 20 minutos. Como agora há gente no elenco para que se faça o revezamento, isso pode ter um peso menor ao longo dos jogos. De qualquer forma, a pausa de 10 dias devido à seleção brasileira vem bem a calhar neste momento.
Só pra não deixar passar: como jogou o Léo Moura, hein?
3/9/2008 - 22h - Figueirense 2 x 3 Flamengo
Estádio Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)
Público/renda: 15.372 pagantes, R$ 14.635.250,00
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho (SP) e Anderson José de Moraes Coelho (SP)
Cartões amarelos: Fábio Luciano, Leonardo Moura, Everton, Jaílton (FLA); Cleiton Xavier, Rafael Coelho, Gomes, Asprilla (FIG)
Gols: Ronaldo Angelim, 17'/1ºT (0-1); Marcelinho Paraíba, 40'/1ºT (0-2); Rafael Coelho, 5'/2ºT (1-2); Leonardo Moura, 34'/2ºT (1-3); Tadeu, 47'/2ºT (2-3)
Figueirense: Wilson, Bruno Aguiar (Diogo, 28'/2ºT), Anderson Luis, Asprilla e Willian Matheus; Gomes, Leandro Carvalho, Ramon (Jairo, 20'/2ºT) e Cleiton Xavier; Wellington Amorin (Tadeu, intervalo) e Rafael Coelho. Técnico: Paulo César Gusmão.
Flamengo: Bruno, Jaílton, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim; Léo Moura, Ibson, Kleberson (Airton, intervalo), Everton (Sambueza, 26'/2ºT) e Luizinho; Marcelinho Paraíba e Maxi (Vandinho, 15'/2ºT). Técnico: Caio Júnior
7 comentários:
Até que vc estava certo o time jogou bem. Assino em baixo da sua análise. Só detacaria que o Luizinho até que entrou bem, o Ibson, Paraíba e o Léo Moura para mim foram destaques. Já o Jailton não precisava tomar aquele drible no último gol, será que cabe o Airton na função dele?
abçs, Vítor
Eu gostei do Luizinho. Claro que não é o Juan, mas não decepcionou - e acho que foi melhor do que o Éverton iria improvisado ali.
O Jaílton, é aquilo: ninguém escalaria ele de titular, a não ser o Caio Júnior.
E ele faz isso porque quer ali um terceiro zagueiro. E o Dininho, que seria a opção óbvia, é muito lento - uma zaga Dininho, Fábio Luciano e Angelim seria veterana demais. Então, ele vai insistindo com o Jaílton, porque não acredita nos outros volantes na zaga.
Eu não concordo nem que tenha que ter três zagueiros, nem que o Jaílton fosse a melhor opção pra isso. Eu escalaria ou o Aírton ou o Jônatas ali (sim, eu sou teimoso com o Jônatas).
André, o Joel Santana escalaria, foi ele que inventou o Jailton. Acho que de qualquer maneira o Jailton tem de sair. Ele se posiciona mal, basicamente, aliado a incapacidade física de se recuperar em uma jogada, é uma bomba relógio ambulante pro Flamengo. Já colocou muita coisa a perder e assim será. também acho que o Jonatas cairia bem ali, principalmente por conta do passe. Os piores momentos do Flamengo ontem surgiram quando a defesa, apertada pelo Figueirense, dava chutão. Se jogarmos assim com times de melhor qualidade de finalização a casa vai cair.
Sendo justo: quem inventou o Jaílton foi o Ney Franco, né? Ele é o último dos Ipatingas a ainda aparecer entre os titulares.
esse buraco entre o meio e a defesa me preocupa há tempos. é por causa dele que tomamos sufoco em vários jogos e é por causa dele que temos tomado esses gols de longe.
Airton jogando desde o começo no lugar do Jailton melhora isso? deixamos de ter o terceiro zagueiro, mas ganhamos um cabeça de área, que é o que o time não tem hoje...
Ah sim...mas falando do jogo, nosso grande problema na defesa não foi o jailton.
Foi que como ja comentaram bastante o meio campo e a defesa estavam a leguas de distancia.
Com isso tanto ronaldo argelim, fabio luciano e jailton se viam muitas vezes com os atacantes na frente dele. Muitas vezes tambem a defesa mal posicionava o que obrigava até o fabio luciano a correr atras de atacante, que não é nada bom pra ele. Ele vai perder sempre.
E logico, os efeitos do jailton numa defesa aberta, ele tendo que se virar, obviamente não vai ser nada bom.
Acredito que com uma defesa bem postada, com time compacto o jailton não vai fazer tanta merda. Até pq ele sera menos exigido.
Por isso que em determinado momento desse campeonato o jailton ate encaixou alguns jogos bons (acredito que todos lembram, até pelo ineditismo do fato). A defesa estava certinha (tanto que tinhamos então a melhor defesa do campeonato) e ate o jailton conseguiu ir bem pq ele só precisava fazer o minino pra não complicar. O resto funcionava direitinho.
Espero que com todos os jogadores a disposição, mantendo a produção ofensiva que estamos tendo, o que falta pro time engrenar de vez é voltarmos a ter uma defesa segura.
O caio jr tem dez dias pra fazer isso. Independente de quem ele escalar, ele tem que conseguir.
Ate pq se o botafogo consegue ter uma boa defesa com essa zaga horrorosa que eles tem a gente tem que conseguir tambem.
O Ney trouxe o Jaílton, mas quem efetivou foi o Joel. Ele poderia ter ido embora junto com os outros, mas o Joel não quis assim. O problema é que o Jaílton é cada vez mais protagonista na defesa. Aí, é medo.
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