A culpa é da diretoria, que enfraqueceu o elenco.
É claro. Caio Júnior ontem, ao olhar pro banco pra ver o que fazer pra mudar o jogo, viu que a opção ofensiva que tinha era Paulo Sérgio. Até um tempo atrás, a situação era bem diferente. Como culpar o técnico? O que ele poderia fazer? Trocar volantes mudaria a produção ofensiva do time?
A culpa é do técnico, que não está sabendo lidar com a situação.
Claro, o elenco se enfraqueceu. Mas lá se vão 8 jogos sem vitória (a conta é essa? Nem sei mais), e não adianta continuar chorando. Tem que aprender a jogar com o que tem, dar um padrão a esses jogadores. Que são basicamente os mesmos da arrancada joélica do ano passado.
Ao olhar pro banco e se ver sem boas opções, Caio recorreu ao seu expediente costumeiro nos últimos tempos: tentou tirar um coelho da cartola. Só trocar volantes, claro, não adiantaria. Então, que tal trocar um zagueiro por um volante, e fixar de vez o outro volante como zagueiro?
Foi uma tentativa. O time já estava mal, mesmo. Poderia ter ganho um pouco de toque de bola com a entrada de Aírton. Mas não aconteceu.
O resultado trágico da invenção acabou aparecendo aos 47 do segundo tempo. Sem o esquema de três zagueiros, Léo Moura não voltou a se comportar como lateral-lateral. Estava avançado - e assim o jogador do Goiás teve liberdade pela direita pra avançar sem marcação, olhar pra área e cruzar rasteiro sem ser incomodado. E Jaílton, que tem jogado de falso zagueiro mas não é um verdadeiro zagueiro, deixou Iarley concluir livre. E assim, um empate ruim virou uma péssima derrota.
É brabo querer crucificar o técnico pela substituição. O jogo foi decidido no detalhe. Mas ela é só um exemplo de como o treinador vem tentando soluções inesperadas, não treinadas, que sempre vão ter pouca chance de dar certo. Jaílton nunca jogou na defesa num esquema com dois zagueiros na vida. Tinha tudo pra dar errado.
Como foi a partida
Peguei o jogo a partir dos 30 do primeiro tempo, que pareceu uma atuação costumeira do Flamengo nos últimos tempos: um domínio improdutivo. Mas ok, um domínio. Pro segundo tempo, o Goiás encaixou a marcação, colocou a bola no chão como sabe fazer e dominou a partida, até fazer 1 x 0 num gol bobo de escanteio.
O Flamengo vinha mal e achou o empate, depois de uma jogada individual de Juan. O Goiás sentiu e, na base da correria, o Flamengo conseguiu certo domínio. Desorganizado, mas ia pra frente e até teve chances de marcar. Com o tempo, o time pareceu cansar, o adversário se reencontrou e os últimos 15 minutos foram uma pelada sofrível, até o duro castigo no fim.
A verdade é essa: o Flamengo está se tornando um time de pelada. Os laterais jogam na meia, os volantes pelas laterais, o goleiro de zagueiro. E tome bico pra frente, "lançamentos" longos sem chance de dar certo, bolas devolvidas gentilmente ao adversário o tempo inteiro. Não há uma troca de passes, não há uma movimentação coordenada. De jogo pra jogo, a coisa parece piorar. Como tenho falado: o time perdeu o que tinha de bom e certo - a organização, marcação no meio, posse de bola, defesa sólida. E não consegue chegar perto de encontrar o que faltava.
Muita calma nessa hora
Claro, a fase é ruim e tudo dá errado. A contusão de Vandinho, a bola na trave no primeiro tempo, a no travessão no segundo. Mesmo sendo um time menos consciente que o adversário praticamente o tempo inteiro, o Flamengo criou mais chances. Mas está acontecendo o diabo pra que a bola não entre. Mas muito disso vem do próprio desespero de todos lá dentro.
É preciso colocar a cabeça no lugar. Sentar, conversar, traçar um plano. Saber o que se está fazendo - não está sendo o caso, está todo mundo tentando resolver de maneiras improváveis, cada um por si. Retomar um mínimo de tranquilidade.
Após a derrota pro América, quando todo mundo dizia pra mudar o time todo, Caio Júnior manteve todo mundo - pra dar tranquilidade e confiança ao time. Foi bem. Mas agora, ele está fazendo o oposto. É hora de se reencontrar.
6/8/2008 - 21h45 - Goiás 2 x 1 Flamengo
Serra Dourada, Goiânia (GO)
Renda/Público: R$ 653.500/ 39.200 pagantes
Árbitro: Rodrigo Martins Cintra (SP)
Auxiliares: Nilson de Souza Monção (SP) e Marcelino Tomaz de Brito Neto (SP)
Cartões amarelos: Vítor, Ernando, João Paulo, Fernando (GOI); Obina, Toró, Airton e Fábio Luciano (FLA)
Gols: Iarley, 6'/2ºT(1-0); Léo Moura, 20'/2ºT(1-1); Iarley, 46'/2ºT(2-1)
Goiás: Harlei, Henrique, João Paulo e Ernando; Vítor (Fábio Bahia, 23'/2ºT), Ramalho (Fahel, 47'/2ºT), Fernando, Paulo Baier (Adriano Gabiru, 27'/2ºT)e Thiago Feltri; Romerito e Iarley. Técnico: Hélio dos Anjos.
Flamengo: Bruno, Léo Moura, Fábio Luciano, Dininho (Airton, 12'/2ºT) e Juan; Jaílton, Cristian, Toró e Ibson; Vandinho ((Maxi, 8'/1ºT) (Paulo Sérgio, 43'/2ºT)) e Obina. Técnico: Caio Júnior.
3 comentários:
Pelo que se falou na Globo o Dininho também saiu com dores musculares. Não foi opção tática do técnico. E são sete jogos sem vitória.
Achei até que o time melhorou nesse jogo. Talvez, justamente, por ter o Juan jogado de meia, apenas marcando na lateral. No primeiro tempo caíram na ponta esquerda com relativo sucesso o Cristian e o Toró.
Pela direita acontecia a mesma, só que não com o mesmo sucesso. O Leo Moura tentava algo no meio, mas estava mal tecnicamente. Caia pela ponta ali o Maxi e também conseguiu alguma coisa e, mais raramente, o Íbson.
O time perdeu porque o Jaílton é um merda sem recursos nenhum. Jogador lento, sem explosão. Treinamento existe pra organizar posicionamento e tal e não foi o caso ali. O caso foi simples: ele tava na marcação e perdeu o lance porque não sabe marcar (nunca soube). Como dentro da área ele não pode fazer falta, acabou perdendo o único recurso que tem.
Tube que Paulo Sergio é foda. Mas Maxxi e Obina tavam de dar dó ontem...e o Obina tava jogando de sacanagem, sem correr. Baiano filho da puta..Maxxi tinha que ter saido antes, mesmo que seja pro Paulo Sergio mesmo.
O time tá uma zona sem precedentes. Péssimo taticamente e claramente abalado. E é impressionante como simplesmente não marca o 2o. pau: teve o gol do cruzeiro, o gol do goiás (igualzinho) e mais uns 2 ou 3 lances que eu vi no jogo onde o cara aparecia sozinho por trás da zaga no 2o. pau.
Leo Moura não tava bem, mas não se escondeu do jogo pelo menos, e tentou jogadas. Foda é que fica todo mundo muito sozinho...Só o Juan mesmo, pra sair enfileirando geral e conseguir fazer jogadas. Jaílton e Cristian ficam muito plantados atrás e com isso o Ibson fica sem opção pra jogar tb. Dava pena de ve-lo jogando ontem sem opções...
Max Junqueira
Pra mim, a solução provisória é colocar o Juan de meia pela esquerda mesmo. Isso quer dizer o que? Quer dizer que ele não vai voltar tanto pra marcar. VAi ficar ali na frente e quando a bola vier da defesa e cair nos pés do Ibson pra saída de jogo, ele vai ter a opção do Juan mais a frente pra poder tocar. Além disso, vai enconstar definitivamente no ataque. Ah! na esquerda? Bom, se o Eltinho ainda não pode jogar, que me ponham ali o Luizinho, ou sei lá, um lateral da equipe de baixo, ou um zagueiro que joga pela esquerda. mas pra ficar plantado e no máximo cruzar sem chegar na linha de fundo. O Gremio não tem laterais que avançam e isso não impede que ganhe jogos. O que vcs acham? abraços.
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