Portuguesa 2 x 2 Flamengo

O balanço
O time não jogou exatamente bem. Teve uma grande qualidade: mostrou vontade de vencer, o tempo todo, mesmo quando esteve com um jogador a menos. E até poderia ter vencido - teve chances pra isso, inclusive um pênalti perdido duas vezes nos últimos minutos de jogo, o que deixou o empate com um gosto ainda mais amargo. Mas também poderia ter perdido e, se jogar assim contra adversários mais fortes, vai correr muito risco de sair derrotado.

O time modificado
Caio Júnior percebeu que o time está com um problema na ligação do meio com o ataque, vinha criando pouco e, por isso, tentou uma alteração. Ao menos, ele enxergou o que o time está precisando. Mas torço pra que não use de novo esta solução.

Como já escrevi antes aqui, Tardelli não tem o menor cacoete de meia. Toda vez que joga ali, o Flamengo perde o meio-campo. Na prática, jogas com três atacantes, sendo que um saindo um pouquinho mais de trás, mas sem ajudar em nada na armação ou na marcação. Desta vez, isso foi menos dramático porque a Portuguesa, além de ser um time fraco, jogou também com apenas três jogadores no meio-campo - e com características de volante, como os rubro-negros.

Mas, mesmo assim, desta vez o time não teve tanto controle da posse de bola e, lá atrás, foi muito mais ameaçado que nos jogos anteriores. Os zagueiros ficaram no mano a mano com os atacantes adversários seguidas vezes - e nisso inclui-se Jaílton, que vinha sendo elogiado mas ontem teve problemas sérios ao combater Diogo, justo o melhor do time deles. Foi superado um monte de vezes, fez faltas bestas outras tantas - enfim, um problema. Mas as jogadas saíam pelo meio, pelos dois lados, diversas vezes. A Portuguesa até foi dominada a maior parte do tempo, mas teve muitas chances claras de gol - bem mais do que Coritiba ou Vitória.

Com a bola, o time realmente ganhou em objetividade e velocidade - um tanto pela saída de Jônatas da armação, outro tanto pela boa movimentação de Tardelli como atacante. Com isso, o jogo foi muito aberto, com chances de gols dos dois lados a maior parte do tempo. E desta vez, Souza até jogou mais centralizado, deixando para Íbson a missão de auxiliar Juan pela esquerda. Não foi uma bela atuação, perdeu um gol que não poderia perder, mas nem isso vinha acontecendo antes. Pode render mais assim.

O juiz
Anulou um gol da Portuguesa que eu, sinceramente, mesmo vendo no tira-teima, não me convenci de que estava impedido. Se foi, foi por muito pouco mesmo. Sei não.

Validou o gol de mão do Angelim. E eu realmente não vi o pênalti nele de que falaram na transmissão. Pra mim, não houve.

Como percebeu que tinha feito besteira, inventou um pênalti pra Portuguesa em seguida - não foi pênalti mesmo. Outros 800 lances iguais aconteceram ao longo da partida e nada foi marcado. Ainda por cima, mandou voltar a cobrança depois da defesa do Bruno. Pode ser que, lendo a regra friamente, ele devesse mandar repetir - mas, sinceramente, continua sendo um absurdo gigantesco.

Validou outro gol do Flamengo em que houve toque de mão.

Marcou corretamente o pênalti do Jaílton, indiscutível.

Acertou expulsando o Tardelli, que deve se achar mesmo muito malandro. Fala sério.

E acertou marcando o pênalti em cima do Juan. Ainda mandou voltar a cobrança da primeira vez que Íbson perdeu - se pra ele o Bruno havia se adiantado, então tinha que mandar repetir aquela também mesmo. Mas não teve coragem de manter o critério na segunda cobrança, quando o Sérgio defendeu exatamente da mesma maneira. Realmente, ia ser dose.

Diego Tardelli
Tardelli, como falei, se movimentou bem como atacante - não jogou de meia mesmo! -, o que fez o time ganhar em opções de jogadas. Mas, fora não ter ajudado em nada no combate (tirando algumas faltas bestas), acabou sendo decisivo contra o Flamengo em lances capitais. Deixou de fazer 1x0 no primeiro tempo por pura falta de vontade de fazer gol, procurando o passe num momento em que estava de frente pro goleiro, desmarcado, dentro da área - eis aí a diferença que Marcinho fazia, era um atacante que queria fazer gol. No segundo tempo, deu mais uma furada bisonha na pequena área, como aconteceu contra o Vitória. E, por fim, arrumou uma expulsão estúpida, justo no momento em que Caio Júnior ia fazer duas substituições pra ganhar o meio-campo e partir pra dentro - o time até continuou pressionando, a Portuguesa recuou muito, mas é claro que com 11 contra 11 a tarefa seria mais fácil.

Éder
Foram 45 minutos contra o Vitória e, agora, um jogo quase inteiro contra a Portuguesa. E minha impressão se mantém: esse garoto pode até arrebentar nos treinos, mas não me parece levar jeito não. Se movimenta errado - tanto que pegou pouquíssimo na bola - e, com ela nos pés, não se acerta muito. Vendo ele jogar, continuo achando injusto que Maxi seja a última opção de Caio Júnior.

Atenção, Caio Júnior: o ataque titular é o que terminou o jogo ontem! Vai nessa que você vai se dar bem.

Próximo jogo
Como previ, o Inter venceu e o Cruzeiro tropeçou. Se o meu palpite para o Grêmio também der certo hoje à noite, o Flamengo vai enfrentar o Botafogo ainda como líder. Menos mal. Mas, também como escrevi ontem, vai ser um adversário embalado - a vitória deles foi ainda mais fácil do que o 3x1 que eu havia colocado no bolão. E danou até do Gil, o que eu falei que pode fortalecer o ataque dos caras, fazer seu primeiro gol. Pra completar o quadro complicado, Ney Franco conhece bastante bem boa parte dos nossos jogadores e não vai dar mole.

A esperança é que Kléberson esteja de volta, o que pode dar uma concertada no nosso meio-campo. Mesmo Toró, se também voltar, pode dar um pouco mais de dinâmica ao time. E, com a suspensão do Tardelli, Caio Júnior vai ser obrigado a mudar o ataque. Se o Flamengo vencer, será aquele jogo pra voltar a confiança - e, espero, pra dar uma clareada nas idéias do técnico. Dá pra tentar ser otimista.



23/7/2008 - 21h45 - Portuguesa 2 x 2 Flamengo
Local:
Canindé, São Paulo (SP)
Público/Renda: 11.364 pagantes, R$ 238.775,00

Árbitro: Evandro Rogério Roman (Fifa/PR)
Auxiliares: Roberto Braatz (PR) e José Amilton Pontarolo (PR)
Cartões amarelos: Gavilán, Sérgio, Preto (POR); Diego Tardelli, Fábio Luciano, Bruno, Juan (FLA)
Cartões vermelhos: Diego Tardelli (19'/2ºT)

Gols: Ronaldo Angelim, 34'/1ºT (0-1); Diogo, 39'/1ºT (1-1); Ibson 42'/1ºT (1-2); Diogo, 2'/2ºT (2-2)

Portuguesa: Sérgio; Patrício (Wilton Goaino 34',2ºT), Bruno Rodrigo, Ediglê e Bruno Recife; Gavilán, Preto e Edno; Diogo, Jonas e Washington (Vaguinho 32',2ºT). Técnico: Valdir Espinosa.

Flamengo: Bruno, Jaílton, Fábio Luciano e Ronaldo Angelim; Léo Moura, Cristian, Ibson e Juan; Éder (Maxi/28', 2ºT), Diego Tardelli e Souza (Obina/20', 2ºT). Técnico: Caio Júnior.

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