Recordar é viver: Flamengo x São Paulo

Diria que, de 92 até o ano passado, não foram muitos os momentos em que o Flamengo jogou um futebol que desse orgulho à sua torcida, que fizesse o rubro-negro olhar pro campo e dizer, com convicção: "meu time está jogando bem". Neste longo tempo de vacas magras, em que as conquistas dependeram muito mais de ter o Vasco pela frente na final do que de qualquer outra coisa, talvez o melhor momento técnico do time tenha sido ali no meio de 2001 - entre o fim do estadual do tri e a conquista da Copa dos Campeões.

A Copa dos Campeões era um torneio interessante, mas lamentavelmente teve vida curta - teve apenas três edições, de 2000 a 2002. Seus participantes eram definidos pelos campeonatos carioca e paulista, além dos regionais (RJ-SP, Sul-Minas, Norte, Nordeste e Centro-Oeste) e o campeão ganhava uma vaga na Libertadores do ano seguinte. A competição era de tiro curto, em poucas sedes, e era bastante valorizada por quem a disputava. No duro, acho mesmo que o conjunto da coisa - torneios regionais classificando para uma competição curta nacional - era mais interessante do que a Copa do Brasil de hoje em dia, mas outra hora escrevo sobre isso aqui.

Enfim: o Flamengo de Zagallo, vindo daquela histórica conquista do tri em cima do Vasco, chegou embalado ao Nordeste, jogando como nunca. De verdade, dava gosto de ver aquele time jogando. Mas as finais contra o São Paulo, que tinha Kaká aparecendo e uma dupla de ataque com os artilheiros Luis Fabiano e França, não foram moleza.

No primeiro jogo, vitória em João Pessoa por 5x3. O segundo foi mais um jogo emocionante, de belos gols uma porção de bolas na trave e defesas milagrosas dos goleiros Júlio César e Rogério Ceni - no fim, o São Paulo saiu vencedor por 3x2, resultado que deu o título ao Flamengo. A arbitragem de Márcio Rezende de Freitas foi muito questionada - reclamou-se de falta no primeiro gol de Juan, do pênalti esquisito no segundo gol de São Paulo, das expulsões de Luis Fabiano e Fabiano, ambos tricolores.

Além de tudo, o jogo foi inesquecível pelo replay que Petkovic proporcionou do seu fantástico gol de falta no Maracanã. A bola, desta vez, entrou um pouquinho só mais baixa, mas a semelhança entre os dois gols é impressionante.



Lamentavalmente, aquele time - que tinha Júlio César no gol, Juan e Gamarra na zaga, Beto e Pet no meio e Edílson no ataque - durou pouco, jogando daquela . Logo depois, chegava Vampeta, naquela fatídica troca envolvendo Reinaldo e Adriano. O meio-campo se desmontou e, pra completar, houve a falência da ISL. O dinheiro começou a faltar, veio o famoso "eles fingem que pagam, eu finjo que jogo" e tudo desandou, num processo que acabou levando ao impeachment do então presidente Edmundo Santos Silva.


11/7/2001 - Flamengo 2 x 3 São Paulo
Estádio Rei Pelé (Maceió-AL)

Juiz: Márcio Rezende de Freitas (MG)
Público: Não divulgado

Gols: Kaká aos 39 do 1º; Juan 2, Petkovic 13, França 20 e 43 do 2º;
Expulsões: Luís Fabiano e Fabiano (SP).

Flamengo: Júlio Cesar, Alessandro, Juan, Gamarra, Cássio, Jorginho, Rocha, Beto, Petkovic(Maurinho), Reinaldo(Fábio Augusto) e Edílson. Técnico: Zagallo

São Paulo: Rogério Ceni, Belleti, Rogério Pinheiro, Jean e Gustavo Nery; Alexandre, Carlos Miguel (Fabiano), Fábio Simplício (Júlio Batista) e Kaká; Luís Fabiano e França. Técnico: Nelsinho Baptista.

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