A notícia causa espanto à primeira leitura: a Globo decidiu mudar o dia e horário de Corinthians x Bragantino, pela série B, para que possa transmitir a partida para São Paulo em uma quarta à noite, em vez do sábado à tarde que a tabela previa. Detalhe: a tal noite de quarta é no dia 25/6, quando acontecerá simplesmente a final da Taça Libertadores, com clube brasileiro envolvido.
É isso: quem mora em São Paulo e não tem TV por assinatura não assistirá a LDU x Fluminense, e sim a Corinthians x Bragantino.
A luta por audiência no horário nobre é pesada, especialmente em São Paulo. Por lá, a Record cresceu 64% desde 2005 e, entre as classes D e E, já é líder de audiência. Pra completar, Sílvio Santos tirou Pantanal da cartola e também tem ganho seus pontinhos. Por isso, a Globo decidiu não brincar e usar sua maior arma na luta paulista - o Corinthians. Mesmo na série B, mesmo contra o Bragantino.
Lendo uma notícia como essas, a gente percebe que o time do Parque São Jorge tem bala na agulha pra pedir mesmo mais na negociação com a Globo - junto com São Paulo e Flamengo. Se vale mais a pena para a Globo um jogo do Corinthians contra o Bragantino, por uma série B que todo mundo já viu que é barbada e está looooonge de seus momentos decisivos, do que uma final de Libertadores com o Fluminense em campo... É um assunto de que já tratei aqui antes.
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No sábado, Brasil e Cuba disputavam a vaga para as Olimpíadas no basquete feminino. Um jogo importante, decisivo, e o Sportv transmitia ao vivo até o momento em que a partida se encaminhava para os seus momentos decisivos. E aí... Tirou do ar para transmitir um jogo de primeira fase da Eurocopa.
Imagino que a caixa de e-mails do canal deva ter ficado entupida de mensagens raivosas com o que parece mesmo um absurdo. Mas a questão é: o Sportv é obrigado a transmitir todos os jogos da Eurocopa - ou UEFA Euro 2008, como também precisam chamar a competição sempre que se referirem a ela no ar. O contrato com a UEFA é tão amarrado, mas tão amarrado, que acaba gerando este tipo de situação.
Já com a Libertadores acontece isso: chega a final do torneio e a emissora que comprou seus direitos pode simplesmente não transmiti-la para o principal mercado do país, colocando qualquer coisa no lugar. E como ficam os patrocinadores da Libertadores, que compraram suas cotas junto à Conmebol imaginando que teriam grande exposição neste momento? E a Unimed, que abriu a carteira pra reforçar o Fluminense pensando em como sua marca apareceria com o sucesso do clube?
Infelizmente, os clubes por aqui dependem em excesso da TV, o que faz com que abram as pernas em seus contratos de uma maneira que não acontece lá fora. Assisti, por exemplo, às imagens de uma coletiva de imprensa do Felipão - o plano aberto, as marcas todas dos patrocinadores aparecendo no painel atrás do entrevistado. Uma coisa até estranha pra nós, que estamos acostumados aos closes surreais nos rostos de Caio Júnior, Muricy e Renato Gaúcho, naquele esforço sobrehumano dos câmeras pra não pegar nem um cantinho de logomarca nenhuma. Tivemos ainda as antigas Kyocera Arena e Arena Petrobras sendo chamadas sempre como "Arena da Baixada" ou "Arena da Ilha", ou o surreal nome fictício criado para o time de vôlei do Rexona para que as transmissões não ficassem citando a marca no ar a todo momento.
E, ao mesmo tempo, os comentaristas destas mesmas emissoras criticam a pobreza dos clubes e a maneira como não conseguem explorar suas marcas.
Acreditem, isso tem até a ver com esta seleção com a qual ninguém se importa e que vai enfrentar a Argentina hoje à noite.
Um comentário:
Acho que quem mora em Sampa ainda poderá ver a final da Libertadores pela Band, né não? Tomara que dêem um sacode na Globo!!
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