O que dizer? É o terceiro jogo seguido em que o Fluminense está sendo dominado, parece sem saída na partida, leva um gol que faz todo mundo acreditar que a vaca foi pro brejo - e logo em seguida acha um gol que salva a situação. E tem chute errado que passa por baixo do Rogério Ceni, tem frangaço histórico do goleiro reserva adversário, tem cruzamento que desvia e entra. Tem bola na trave, bola salva em cima da linha, bola que quica no travessão.
E tem o goleiro que aprendeu a agarrar de duas semanas pra cá.
No início do ano, todos achavam que Fernando Henrique era um ponto fraco do Fluminense. Eu achava, a imprensa achava, a diretoria tricolor achava. Tentaram trazer alguém pro lugar, não conseguiram. Renato também achava, tentou colocar o Diego de titular, não deu certo. Enfim, FH está lá na base do "não tem tu, vai tu mesmo". E agora o cara resolve fechar o gol de uma maneira que ninguém poderia imaginar.
O Fluminense tem, é óbvio, muitos e muitos méritos. Ninguém chega a uma final de Libertadores com a melhor campanha, o melhor ataque, a melhor defesa, eliminando no caminho os dois clubes mais temidos do continente, por mero acaso. A defesa é sólida, a zaga é muito boa - principalmente graças ao monstro que é Thiago Silva - e, ofensivamente, é um time muito forte na bola parada e que tem alguns jogadores que podem decidir em lances isolados. Fora o espírito de decisão que tem mostrado nestas últimas três partidas. Sempre achei, desde a primeira fase, que o Fluminense era um dos favoritos ao título, mesmo não jogando muita coisa - e eu tinha trabalho pra sustentar essa opinião em conversas com amigos tricolores que não estavam colocando nenhuma fé.
Mas acho mesmo que, como time, com bola rolando, análise de jogo mesmo... Estão elogiando o Fluminense bem além da conta. Não é pra tudo isso não. Somando tudo, foram muito mais dominados do que o contrário ao longo destes últimos confrontos. Mas que importa? Estão ganhando, e de grandes adversários. É o que fica.
Poderia ainda entrar no assunto da administração tricolor, que sobrevive graças a um torcedor fanático que dirige o seu patrocinador. A dívida está lá, gigantesca - 310 milhões! -, com ações na justiça se amontoando e receitas muito aquém do potencial do clube. Dá pra imaginar o que vai acontecer no dia em que a Unimed sair de cena.
Mas, de novo: que importa? Estão ganhando, e de grandes adversários. Outros times já passaram por isso, entraram em crises depois, mas os títulos estão lá gravados na história. E o torcedor precisa disso.
E a Libertadores tá a caminho das Laranjeiras mesmo. Do jeito que anda, tudo está conspirando a favor para que o Fluminense não só seja campeão, mas ainda de maneira inesquecível, épica, cheia de histórias pra serem contadas e recontadas infinitas vezes. Entra na conta inclusive aquela quarta-feira no Maracanã em que eles nem estavam envolvidos na partida. E também a inestimável colaboração dos gênios por trás da idéia da Fla-Boca (embora eu tenha certeza que estes estão felizes com o dinheiro que ganharam vendendo camisas ).
Pode ser também que o que esteja escrito seja a maior decepção da história do Fluminense. Como eu disse, jogo por jogo, eles não estão com bola pra se garantirem tanto assim. Mas não tô acreditando muito nisso não.
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É bom dizer que a tal frieza do Boca de que todos falam desapareceu ontem no Maracanã a partir do empate do Fluminense. Eles foram pro abafa, tiveram chances de marcar, mas no duro mesmo estavam em pânico. Como ficou claro nos minutos finais do jogo, que deram no gol final do Dodô.
E tenho pra mim que o Riquelme não tinha mesmo condições de jogar. Não só pela fraca atuação individual dele, que errou muito mais do que acertou nas poucas vezes em que pegou na bola, mas porque o time mesmo não o procurou em campo, ao contrário do que costuma acontecer. Acredito que os outros jogadores sabiam que o cara não estava bem.
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