Me lembro de uma entrevista que vi certa vez do Zico sobre aquele fatídico Brasil x Itália de 82. Como na época ele era considerado o melhor jogador do Mundo, em todos os jogos os adversários preparavam uma marcação especial para contê-lo e naquele jogo não seria diferente. Ele teve então uma conversa com o resto do time: mesmo com alguém pendurado nas costas, era pra passar a bola pra ele que ele se virava. O importante era que ele conseguisse participar do jogo, que a marcação grudada não o fizesse pegar pouco na bola.
Porém, talvez pelo fato do time ter outros jogadores como Sócrates, Falcão e por aí vai, o time acabou não atendendo Zico. Ele até sofreu um pênalti que não foi marcado e participou da jogada de um dos gols brasileiros, mas pouco pegou na bola durante o jogo e se lamentava disso até hoje.
A introdução é só pra comparar com a situação do Riquelme no Boca. O cara é o cara e todo mundo sabe disso. Todo jogo tem marcação especial em cima dele. Mas a diferença é que o time do Boca sabe o que ele é e dá a bola nele o tempo todo - e ele, com um grudado, mais dois em volta, dá o seu jeito. É um monstro! E ontem foi mais uma exibição daquelas. Não dá pra pensar em uma solução pra parar esse cara. É fazer o melhor possível pra dar pouco espaço e rezar pra ele estar num dia ruim.
O curioso é que estive na Argentina há dois meses e cheguei a bater papo sobre futebol com gente de lá. Eles realmente acham o Riquelme um cracaço, "el mago" - mas só no Boca. Na seleção, irrita todo mundo. Mas bem; se eu tivesse um cara desses no Flamengo, tava mais é me lixando pra seleção. Ainda mais sabendo que ele realmente torce pelo time e está abrindo mão de muita grana pra jogar lá.
Sobre o jogo: o Boca mostrou que tem bem mais time que o Fluminense, com a bola no pé. Jogam com ela no chão, trocando passes pelos lados, pelo meio, enfim. E têm o Riquelme. No segundo tempo, até fazerem seu segundo gol, foi um verdadeiro massacre. Podiam ter feito mais, mas a bola teimou em não entrar - foi na trave, no goleiro, foi desviada, travada no último momento, enfim. Fernando Henrique, quem diria, fez umas duas ou três defesas impressionantes.
Porém, o Boca mostrou também que atrás não é um bom time. Marcam bem na frente, sabem reduzir os espaços, mas no que o adversário consegue se aproximar de sua área, é um Deus nos acuda. São fracos pelo alto e dão espaço pelas pontas. O Fluminense, tirando alguns momentos do primeiro tempo, foi inferior no jogo o tempo todo; mas, mesmo assim, fez dois gols (um em um frangaço-aço-aço do goleirinho argentino, que pareceu mesmo doido pra entregar o jogo todo) e teve mais pelo menos duas chances claras de melhorar ainda mais sua situação.
Não dá pra negar que o resultado foi bom pro tricolor, já que o empate até dois gols ainda leva a decisão pros pênaltis. Só é bom não contar com o 0x0 como um resultado possível para a classificação para a final - acho impossível, pela maneira que os dois times jogam, que não tenhamos gols no Maracanã.
Quanto aos demais jogos, vi apenas pequenos pedaços e não dá pra comentar muito. Fica só uma pergunta: por que diabos ainda deixam o Edmundo bater pênaltis?
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