Jogo: Figueirense 0 x 2 Flamengo - Brasileiro 2012 -

Não existe milagre e o Flamengo não viraria um grande time de uma hora pra outra. Mas deu pra ver evolução após os 10 dias de treinamento.



O tempo de treinamento fez bem ao Flamengo. Os jogadores passaram a saber claramente suas posições e a atuar mais próximos uns dos outros, fazendo com que os erros de passes diminuíssem bastante. Os espaços entre ataque, meio-campo e defesa também foram menores e, com isso, o time conseguiu ter muito mais posse de bola do que o adversário e controlar o jogo desde o início. Uma evolução.

Claro, havia defeitos. A saída com a bola da defesa para o ataque nem sempre funcionou bem e, principalmente na metade inicial do primeiro tempo, vimos muitas vezes o time trocando passes de lado em seu próprio campo por longos períodos, demorando a chegar ao campo adversário. Sinal de paciência, mas também de dificuldade na transição. Além disso, faltou criatividade nas jogadas pelo meio, fazendo com que o time insistisse quase sempre apenas com jogadas pelas pontas. Thomás e, principalmente, Negueba estiveram bem, o que facilitou a atuação do time. Mas o meio-campo, quando o time tem a bola, ainda precisa melhorar.

Ainda no primeiro tempo, no entanto, o jogo começou a ganhar características diferentes que atrapalharam um pouco a observação do que Dorival Júnior quis montar. Quando o Flamengo já era melhor e ameaçava fazer seu gol, o Figueirense teve um jogador expulso. Em seguida, Thiago Medeiros saiu contundido e Dorival, numa decisão meio intrigante - talvez até tentando melhorar mesmo a saída de bola -, preferiu substituí-lo por Muralha. Logo depois, foi a vez do cartão vermelho um tanto exagerado para Léo Moura. O jogo seguiria com os dois times com um a menos e o Flamengo com um volante estreante improvisado na zaga.

Nestas condições, o time seguiu se dedicando no segundo tempo, mas Thomás e Negueba caíram de produção, a organização já não foi a mesma e em vários momentos o Figueirense conseguiu pressionar. Ainda assim, o Flamengo foi mais perigoso, criou boas chances e venceu com justiça. O adversário era fraco, altamente rebaixável, mas o Flamengo fez sua obrigação: jogou melhor e venceu, mesmo fora de casa. Foi provavelmente a primeira vitória neste campeonato em que se pôde dizer, no fim, que o time realmente pareceu sempre merecê-la.


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O esquema que Dorival Júnior escolheu é parecido com o de Holanda e Alemanha na última Copa, com o que Mano Menezes usou no Corinthians e agora usa na Seleção, com o do Flamengo campeão de 2009 e até mesmo com o que o próprio treinador usou no Santos. Em todos estes, havia um armador no meio-campo. Não lembro de time que jogasse com esta formação que não tivesse este jogador e tenha funcionado bem. Renato, que jogou na posição ontem, definitivamente não é este cara. É esperar pra ver se o treinador vai achar outra solução ou se um trabalho coletivo realmente bem feito pode suprir esta carência.

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Centroavante depende muito de autoconfiança para fazer seus gols. Ontem, Vágner Love novamente não vinha bem e perdeu a chance clara que teve no primeiro tempo. Mas seu gol saiu num escanteio, em seguida ele até conseguiu fazer uma bela jogada pela direita concluída por Luíz Antônio - até então, havia sido desarmado em todos os lances em que tentou ir pra cima do marcador - e aproveitou uma falha da defesa para marcar o segundo.

Continuar lendo e ouvindo sobre os sei lá quantos jogos sem marcar seria complicado e foi bom ele tirar este peso. Pode ajudá-lo a ao menos aproveitar melhor as oportunidades que lhe forem surgindo nas próximas partidas.



8/8/2012 - 22h - Figueirense 0 x 2 Flamengo
Estádio Orlando Scarpelli - Florianópolis, SC
Renda/Público: R$ 268.195,00 / 11.307 pagantes

Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)
Auxiliares: Tatiana de Freitas (RS) e Rafael da Silva (RS)
Cartões amarelos: Anderson Conceição, Jackson e Loco Abreu (FIG); Thiago Medeiros, Luiz Antonio e Vagner Love (FLA)
Cartões vermelhos: Anderson Conceição 34'/1ºT (FIG); Léo Moura 46'/1ºT (FLA)

Gols: Vagner Love 17'/2ºT (0-1) e 41'/2ºT (0-2)

Figueirense: Wilson, Léo (Fernandes, 41'/2ºT), Anderson Conceição, Fred e Marquinhos (Guilherme Lazaroni, 33'/2ºT); João Paulo, Jackson, Claudinei e Roni (Julio Cesar, 15'/2ºT); Caio e Loco Abreu. Técnico: Hélio dos Anjos.

Flamengo: Felipe, Léo Moura, Thiago Medeiros (Muralha, 43'1ºT), González e Ramon; Cáceres, Luiz Antonio e Renato; Negueba (Ibson, 27'/2ºT), Thomás (Adryan, 14'/2ºT) e Vagner Love. Técnico: Dorival Júnior.

6 comentários:

Paulo Sales disse...

Ainda é cedo para afirmar, mas me parece que encontramos um treinador realmente interessado em montar o time, tirar o melhor dos seus jogadores e estabelecer um padrão tático. Isso faz com que jogadores naturalmente anárquicos, como Negueba, consigam um desempenho melhor. Gostei do Cáceres também. Me parece um jogador seguro, com boa visão de jogo e que não comprometeu quando precisou ir para a zaga. Enfim, vamos ver se a evolução continua.

Raphael Perret disse...

Depois do gol, Love ficou muitomais solto. Teve essa jogada aí, lembro de um lance que deixou Ramon livre na ponta e o segundo gol foi de persistência de centroavante. Concordo quando você diz que é superestimado, mas acho que sempre se entrega e se dedica.

Sobre o comentário do Paulo: me parece que Dorival realmente treina, testa, baseado em alguma experiência vista ou vivida. Joel sempre me passou a sensação de ser, pelo menos esta passagem, adepto do "vamo-lá-porra". Além disso, parecia estar aéreo, distraído, desconcentrado. Foi péssimo. Já comparar com Luxa é mais complicado pq este tinha um time bem diferente, com R10 e Thiago Neves.

André Monnerat disse...

Raphael, isso não tem o que discutir. O cara tá sempre correndo, raça não falta nunca.

Pedro Concy disse...

A segunda parte do jogo foi atípica. O meio do Fla tava sem Cáceres (recuado pra zaga) e Luiz Antonio (pra lateral).
Mas o primeiro tempo deixou uma esperança de que, bem organizado, esse time pode beliscar uma vaga na TLA.
Esse homem da armação poderia ser o Mattheus, bom passe, ótima visão de jogo, faz a bola girar, apesar de lento; ou o Adryan, jogador mais ofensivo e insinuante, que faz a ligação meia-ataque. Este, mais um carregador de bola, menos um passador.
Se estão verdes, só jogando pra discutirmos, mas ambos, até agora, têm entrado com personalidade.

Luis disse...

O time de fato tá mais arrumado. Vamos aguardar, para ver se não é fogo de palha.

Murdock disse...

Dez dias de treino com Dorival fizeram o que sei lá quantos com Joel não fizeram