A exposição itinerante do Mundial de 81 do Flamengo chega a São Paulo

Uma boa ideia que serve para mostrar a força do Flamengo em todo o país e aproximar do clube torcedores que vivem longe de seu dia-a-dia.


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Já tem muito tempo que escrevo por aqui que, para conseguir brigar em boas condições por receitas com os grandes de São Paulo - em especial o Corinthians -, o Flamengo precisa aprender a usar melhor o seu grande diferencial: o caráter nacional de sua marca. Não há outro clube que possa dizer que realmente alcança todo o país com sua torcida como o Flamengo, mas isso por si só não garante nada; é preciso que o clube saiba aproveitar isso para ter exposição e engajar pessoas em todo o país - e, claro, mostrar a força que isso tem para possíveis parceiros.

Ao longo dos anos, porém, o Flamengo pouco tem feito neste sentido. Não tem um bom projeto de sócios que seja capaz de atrair torcedores de fora do Rio, não faz ações em torno de suas partidas fora de sua cidade, não aproveita sua pré-temporada para se aproximar de públicos de outras regiões, enfim. Mas, este ano, estamos vendo acontecer um tipo de ação bem interessante nesta linha: a exposição itinerante comemorativa dos 30 anos do título mundial conquistado por Zico, Júnior, Leandro, Andrade e companhia.

As taças da Libertadores e do Mundial, junto com painéis explicativos sobre as conquistas e ídolos daquele time, têm passado por diversas cidades em uma ação que serve não só para criar expectativa em torno da inauguração do Museu do Flamengo, mas também para aproximar o clube de torcedores que vivem distantes de seu dia-a-dia e para gerar mídia espontânea em regiões em que a imprensa talvez não costume dar tanto espaço ao Flamengo rotineiramente. De quebra, ainda mostrou como podem ter uma importância prática as Embaixadas Rubro-Negras, projeto iniciado na gestão anterior que andou meio esquecido por um tempo depois que Patrícia Amorim assumiu, mas que está sendo muito bem aproveitado nesta ideia da exposição.

Isso porque as embaixadas têm um papel fundamental na passagem da exposição por suas cidades, viabilizando o local, patrocínios e outras questões logísticas para que o evento aconteça. Já escrevi sobre isso antes, quando as primeiras cidades comerçaram a receber a exposição, e é o caso agora da Fla-Sampa, que trabalhou para que ela passe por São Paulo nos dias 20 e 21 deste mês - leia o post do Urublog, com texto de Rondi Ramone, falando sobre isso.


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Quando falamos no potencial que o Flamengo tem a explorar de sua torcida fora do Rio, imediatamente pensa-se no Norte e no Nordeste, em Brasília, no interior de Minas. Mas há muito o que se fazer em São Paulo. Trata-se do maior mercado do país e, por lá, o Flamengo é a quinta maior torcida. Há gente de todo o país vivendo por lá, inclusive cariocas, e é importante dar a estas pessoas a oportunidade de viver o Flamengo mais de perto e até apresentá-lo a seus filhos.

Já cansamos de ver o time sentir-se em casa em jogos por lá contra a Portuguesa em seu próprio estádio e há partidas históricas de casa cheia rubro-negra em solo paulista - como a final da Copa do Brasil de 2004 contra o Santo André, no Parque Antarctica, e o jogo desempate da semifinal da Libertadores de 1984, com mais de 50 mil pessoas no Pacaembu. A cada vez que a torcida rubro-negra mostra sua força por lá, é um pequeno lembrete à imprensa e aos empresários paulistas sobre o tamanho da marca Flamengo - e isso tem seu papel. Basta lembrar sobre os relatos recentes de empresas que relutaram em assinar contratos de patrocínio com o Flamengo por não acreditar muito em sua força no mercado paulista.

Não sei como tem sido o trabalho de assessoria de imprensa do Flamengo com os veículos de imprensa de cada região por onde esta exposição tem passado. Mas especialmente nesta passagem por São Paulo, bem que eles podiam dar uma atençãozinha a mais. Matérias na Folha, no Estadão ou mesmo nas TVs paulistas mostrando aquele monte de rubro-negros orgulhosos se reunindo em São Paulo para festejar sua história ia ficar bem bonito num clipping bem feito pra se apresentar por aí. Podem acreditar que é o tipo de exposição em mídia que vale muito mais do que uma fotinho da Patrícia Amorim entregando camisa pro Obama.


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Acredito que esta exposição itinerante é o tipo de coisa que poderia ser ainda melhor utilizada, servindo de espaço para as marcas de seus parceiros ativarem seus patrocínios com o Flamengo e se relacionarem com os torcedores - como até aconteceu em Juiz de Fora. Por lá, a exposição aconteceu em uma loja da Tim e cada torcedor que habilitasse um determinado plano ganhava um vale-compras de R$30,00 para gastar na FlaShop. Taí outro exemplo de coisa que fica bonita numa apresentação para possíveis novos patrocinadores e parceiros.

Não sei se este tipo de ação se repetiu em outras das praças por onde os troféus passaram. Mas, de qualquer forma, é uma iniciativa fora do comum na vida do clube e é bacana só de ter saído do papel. Parabéns a quem teve a ideia e a quem está conseguindo que ela funcione na prática.

Um comentário:

Eduardo disse...

O Flamengo vendeu os 2.000 ingressos disponíveis para o jogo domingo em Florianópolis em 2 horas. Isso já mostra algo.

Diferentemente de Paraná e Rio Grande do Sul, o Flamengo tem muita torcida em SAnta Catarina. Será que alguém vê isso?

É incrível o potencial do Flamengo que não é aproveitado. Infelizmente existem muitos interesses sombrios por trás disso.