O Santos que deveria ser favoritaço ao título brasileiro

No papel, não há outro time no Brasil que possa se comparar ao adversário de hoje do Flamengo

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Vamos combinar: o meio-campo que o Santos manda a campo hoje - Arouca, Íbson, Elano e Ganso - poderia ser, sem muito susto de ninguém, o titular da Seleção Brasileira. À frente, Neymar e um centroavante no mínimo eficiente, Borges. Do meio pra frente, no papel, um timaço. No banco, pra completar, um especialista em montar defesas e em trabalhar bola parada.

Se não jogasse desfalcado de seus principais jogadores por várias rodadas (o que ainda vai voltar a acontecer, devido às inconvenientes convocações da Seleção) e não houvesse um Mundial contra o Barcelona no fim do ano para se preocupar, este Santos que o Flamengo enfrenta hoje na Vila Belmiro seria favoritaço ao título brasileiro. Hoje, pelos pontos já perdidos e pelas rodadas a menos, parece um tanto distante desta disputa. Mas a Vila Belmiro estará lotada à noite de santistas empolgados em ver pela primeira vez em campo este supertime que estamos lendo no papel. Uma vitória sobre o Flamengo invicto de Ronaldinho e Thiago pode colocar na cabeça da galera lá que sim, é possível recuperar o tempo perdido e ainda brigar pela ponta.

(Se vencesse os três jogos que ainda deve, o Santos chegaria à quarta colocação, 20 pontos, um a menos que o Flamengo.)

De qualquer forma, é bom que este time já não tenha a preocupação de garantir lugar na Libertadores do ano que vem. Difícil imaginar que uma das vagas não ficasse com ele.


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Por outro lado, se o Flamengo aproveitar a falta de conjunto deste Santos de hoje para sair da Vila Belmiro com um bom resultado, também servirá como uma reafirmação de que este time realmente pode brigar até o fim lá em cima. Luxemburgo não vai mexer no seu esquema e o que os rubro-negros devem torcer é que ele repita seus melhores momentos: aqueles em que o time marca forte, mas também consegue trocar passes e manter a posse de bola, ainda que sem muita objetividade. Conseguir este controle do jogo seria importante para esfriar a torcida e manter a bola longe de sua própria área, onde um passe de Ganso, um drible de Neymar ou uma bola parada podem decidir a qualquer momento. Se jogar como jogou no segundo tempo contra o Palmeiras, abusando dos chutões pra frente e devolvendo a bola ao adversário o tempo todo, o Flamengo vai passar muito perrengue.

É bom dizer que times de Muricy costumam ser mortais não apenas nas bolas paradas, mas também no contra-ataque. Se não é bom se deixar pressionar na Vila Belmiro, também é preciso ter cuidados pra não deixar nunca a defesa aberta. E seria bom, claro, se o Flamengo arrumasse um jeito de transformar sua posse de bola em chances de gol, o que acontece muito pouco com a formação que tem iniciado os jogos. Difícil que, sem mudanças, passe a acontecer de repente. Mas...

O chato é imaginar que, com o esquema atual de Luxemburgo e o outro banco ocupado por Muricy, é bem capaz de um jogo reunindo jogadores como os que veremos em campo hoje acabe sendo amarrado, tenso e com poucos lances de emoção. Tomara que não seja assim.


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Por essas coincidências da vida, Íbson estreia no Santos justo contra o Flamengo. Uma matéria publicada semana passada no GloboEsporte.com mostrou que, antes de acertar seu contrato por lá, ele mandou recado para a diretoria rubro-negra dizendo que preferia vir para o Rio. Não aconteceu.

Sim, sei que esta diretoria já gastou muito dinheiro em coisas as mais discutíveis. Também sei que o empresário de Íbson é Eduardo Uram, declarado persona non grata por esta diretoria no início do ano, e que isso pode ter pesado mais que qualquer outra coisa para que o acordo não acontecesse. Mas, mesmo assim, não vou entrar numa de achar um absurdo que não o tenham contratado - por mais que eu goste muito do Íbson, valorize muito sua ligação com a torcida e achasse que ele poderia ser titular deste time do Flamengo de hoje tranquilamente.

Mas a verdade é que o Flamengo não tem dinheiro sobrando - muito pelo contrário, por mais que Patrícia Amorim finja em suas entrevistas que não é assim -, Íbson não viria de graça e o elenco precisava de reforços urgentes em outras posições. Se eu acho o fim da picada que ignorem os limites financeiros do clube, não posso agora fingir que o dinheiro é infinito. Não é.