Os cariocas que não estão sem freio

Comentários sobre a fase ruim de Fluminense e Botafogo e as mudanças no Vasco

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Uma explicação óbvia para os problemas do Fluminense, em situação complicadaça pra passar de fase na Libertadores, está em Conca. Falam muito dos desfalques de Emerson, Fred e Deco, mas Muricy já deixou de contar com eles em boa parte da campanha do Brasileiro. A diferença mesmo, fora a troca de Washington por Rafael Moura, está em Conca.

O argentino carregou o time nas costas em seus momentos de dificuldade no ano passado. Só que operou o joelho, voltou a jogar sem pré-temporada e agora não está conseguindo render o que rendia em 2010. Muricy começou o ano procurando uma forma do time jogar sem ele e, mesmo quando ele voltou, continuou tendo que encontrar um jeito de vencer sem os lances decisivos a que havia se acostumado. No intervalo da partida com o Nacional, ele chegou a dar entrevista cobrando mais jogadas individuais de Conca, mostrando o quanto está sentindo falta de vê-lo tirando sozinho coelhos da cartola. Não está mais acontecendo, e o treinador está falhando em encontrar alternativas. Acho Souza fraco, mas num time tem que "achar um gol" pra vencer por não ter realmente um bom esquema ofensivo, talvez ele devesse ser mais usado. Ao menos é uma opção de bola parada e chute de meia distância, o tipo de arma que o São Paulo de Muricy usava muito para decidir jogos.

Tricolores comentam hoje comigo que, na verdade, é normal Conca iniciar mal as temporadas. Segundo eles, acontece todo ano. Pois também é algo comum com Muricy, que em seus anos vencedores no São Paulo, costumava ter o time sempre jogando mal no primeiro semestre (invariavelmente sendo eliminado da Libertadores antes do que se esperava) e deslanchando no segundo.


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É interessante ver ainda a sequência de coincidências entre o Fluminense 2010-2011 e o Flamengo 2009-2010. Os dois foram campeões brasileiros em ano de eleição, e em ambos a oposição saiu vencedora na votação dos sócios mesmo com a conquista. No ano seguinte, ambos mantiveram a diretoria de futebol porque "não dava pra mexer em time que estava ganhando"; e, nos dois casos, a campanha no início do ano, inclusive na Libertadores, não agradou.

Ainda parece difícil que Muricy seja demitido por agora. Mas, pelo que se fala por aí, é bastante possível que Alcides Antunes tenha em breve o mesmo destino de Marcos Braz no ano passado.invariavelmente sendo eliminado da Libertadores antes do que se esperava) e deslanchando no segundo.


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Até agora, além dos confrontos contra times pequenos, o Flamengo teve em 2011 apenas dois clássicos. No primeiro, pegou o Vasco num momento terrível, com técnico interino e seus dois principais jogadores afastados do elenco. O segundo teria sido o "primeiro teste pra valer" do time de Luxemburgo, e veio o empate contra o Botafogo.

Pois eis que, após a eliminação da Taça Guanabara, o Botafogo conseguiu passar todo este perrengue para eliminar o River Plate de Sergipe, precisando contar com um gol em que a bola não entrou para levar a decisão para os pênaltis. Claro, clássico é clássico e vice-versa, jogo contra o Botafogo ou o Vasco nunca deve ser considerado molezinha, mas serve para os torcedores rubro-negros colocarem coisas em perspectiva. Os resultados do início de temporada estão ótimos, praticamente apenas vitórias, e é melhor estar assim do que perdendo. Mas a verdade é que o Flamengo ainda não foi realmente testado.

A verdade é que o elenco do Botafogo piorou de 2010 para 2011. Márcio Azevedo, o lateral esquerdo, é pior que Márcio Cordeiro, o titular do ano passado; o ataque perdeu Jóbson, que costumava ser decisivo em diversos jogos; e houve também a saída de Edno, que era boa opção ofensiva. Éverton foi contratado e pode ajudar a suprir cada uma destas perdas  - mas apenas uma de cada vez. E ele nem tem sido tão usado assim por Joel.

Imagino que o treinador e a diretoria estejam esperando muito da volta de Maicossuel.


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E tem o Vasco, que anda se animando desde que Ricardo Gomes assumiu e conseguiu goleadas em cima de adversários bastante fracos. Não vi as partidas, mas parece que uma das melhores novidades do time - fora o fim da má vontade, que parece que havia mesmo com PC Gusmão - foi a entrada de Jefferson na armação do meio-campo. Lembro que, quando chegou ao Vasco, Jefferson me impressionou bem no primeiro semestre de 2009. Mas depois se contundiu muito, perdeu o lugar no time e nunca mais conseguiu voltar.

Agora, dizem que está jogando bem. Mas é bem provável que perca seu lugar de titular com a chegada de Diego Souza. Diego é um jogador de força física, que quando está a fim chama o jogo pra si e inclusive conclui bem, é de fazer gols - ao contrário do outro armador do time, Felipe, que é bem mais técnico, passa melhor, mas é mais lento, bem menos "ativo" e chuta muito mal. Os dois não são exatamente confiáveis, bem pelo contrário, especialmente no temperamento; acho perigoso montar um time baseado em duas figuras como eles. Mas, no estilo, podem completar bem um ao outro, melhor do que acontecia quando era Carlos Alberto quem estava lá.

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