Vai dar Uruguai na final

Hoje é dia de se lamentar: era pra ser pelo menos um meio-feriado. Em vez disso, teremos apenas um Uruguai x Holanda prejudicando um pouco a produtividade de quem gosta de futebol, se amarra em Copa do Mundo, mas tem que trabalhar na hora do jogo. Fazer o quê?


Parece consenso entre todos os analistas que a Holanda é favoritaça nesta semifinal. Mas devo dizer que se o bolão da Copa tivesse um reset hoje e eu pudesse fazer minha aposta, cravaria que o Uruguai chega à final. E só o que me faz balançar um pouco no palpite, que é mesmo arriscado, são os desfalques da Celeste - especialmente o de Suarez.


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Luiz Suarez protagonizou um dos grandes momentos da Copa ao salvar com a mão o gol que eliminaria seu país no último lance da prorrogação contra Gana. Enquanto os uruguaios compram nas bancas de jornal de Montevidéu posters com a foto do lance e a frase "La mano de la Virgen Maria", há quem discuta a falta de ética do lance e até compare com Henry ou Maradona. Acho que não é o caso: o lance é comparável com o de um goleiro ou zagueiro que derruba o atacante adversário que vai na direção de um gol certo, sabendo que a falta será marcada e que provavelmente será expulso. Suarez, ao contrário de Maradona na Copa de 1986, não tentou enganar o juiz - apenas usou o último recurso que tinha para salvar um gol e sofreu sua punição.

Até acredito que a suspensão neste tipo de lance deveria ser mais pesada do que numa expulsão "comum". Mas vejam vocês que o lance poderia até nem ter acontecido e Suarez poderia jogar hoje, caso o juiz tivesse enxergado o impedimento do jogador de Gana no lance:




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Suarez, artilheiro do campeonato holandês deste ano pelo Ajax, vem fazendo uma bela Copa e é importante por si só para a seleção do Uruguai. Mas o peso de sua ausência vai além: ela pode fazer com que o técnico Oscar Tabárez deixe de usar aquela que foi a grande solução tática para seu time e retorne a uma formação mais parecida com a da horrorosa estreia contra a França.

Desde o início da Copa, já se sabia que o Uruguai tinha uma boa defesa e um bom ataque; naquele jogo, ficou mais claro ainda o quanto seu meio-campo ficava devendo, principalmente na armação. A sacada de Tabárez para os jogos seguintes foi colocar Cavani no ataque e recuar Forlán para o meio, fazendo com que o melhor jogador do time participasse muito mais do jogo. E Forlán, desde então, passou a se destacar jogo após jogo, sendo sempre decisivo e, pra mim, tornando-se forte candidato a melhor jogador desta Copa do Mundo.

Sem Suarez, as notícias são de que o treinador colocará em campo mais um volante, Gargano, e avançará novamente Forlán para o ataque. A escalação ainda não está confirmada e até é possível que ele escale Loco Abreu ou mesmo Fernandez, atacante rápido que joga no Banfield, da Argentina, para manter o esquema. Se fizer algo assim, as chances uruguaias aumentam bastante.

Se ele realmente optar pelo velho "reforçar o meio-campo", aceitando de vez o favoritismo holandês, a situação ficará mais difícil. Mas se Forlán participar bem do jogo, ainda vejo o Uruguai como um time com mais poder de decisão do que a Holanda, que ao longo da Copa me pareceu sempre bastante fria, sempre com a cabeça no lugar, controlando bastante a posse de bola, errando poucos passes - mas, mesmo com os lampejos de Snejder e Robben, muito dependente de falhas do adversário para fazer seus gols. Tá certo que a defesa uruguaia, sem Lugano, fica mais sujeita a isso, mas sei não: Victorino é bom zagueiro, o titular Godín também deve jogar e acho que não vão dar mole tão facilmente.