Não dá pra dizer que o time tenha jogado bem. Mas isso não é apenas neste jogo, e sim em toda esta primeira fase. No duro, o desempenho do time no primeiro tempo de hoje pode ser considerado até melhor que nos outros jogos. Contra a Coreia do Norte, o time não criou nenhuma chance clara de gol; contra Costa do Marfim, apenas uma; hoje foram duas - que saíram da única maneira que poderiam sair: a partir de cruzamentos da direita, por onde Maicon e Daniel Alves forçavam as únicas jogadas razoáveis de um time totalmente torto. A grande diferença, desta vez, é que Nilmar e Luis Fabiano não aproveitaram estes dois únicos lances que o Brasil criou. E aí o jogo ficou no empate.
No segundo tempo, Portugal começou tomando mais a iniciativa do jogo e até criou chances para abrir o placar. Mas em 20 minutos o jogo voltou a ser controlado pelo Brasil, que se manteve - como no primeiro tempo - com mais de 60% da posse de bola. Não a transformou em nenhum lance de grande perigo, mas hoje ainda havia a desculpa de que o empate classificava o time em primeiro do grupo.
E este domínio de posse de bola, que foi uma constante nos três jogos, talvez seja hoje mais importante para o Brasil defensivamente do que ofensivamente. Afinal, no ataque, o time não consegue transformar o domínio em chances de gol - e isso não mudou muito com a ausência de Kaká. A verdade é que os meias, sejam eles quem forem, jogam sempre de costas pra marcação, enfiados no meio das defesas adversárias e sem espaço pra criar. Os volantes é que têm a chance de pegar a bola com algum espaço, de frente pro gol adversário, muitas vezes já na intermediária adversária - só que não têm ideia do que fazer e só passam de lado. E se muita gente perde a paciência assistindo a isso pela TV, em campo o único que parece ter vontade de mudar isso é Lúcio, que de vez em quando tem impulsos de tentar levar a bola sozinho e na marra até o ataque.
Mas, na defesa, enquanto o time estiver com a bola, não sofre gols. Porque a verdade é que, quando os adversários tentaram atacar, a tão falada defesa brasileira não se mostrou tão intransponível assim; foi vazada nas duas partidas anteriores e poderia ter sido hoje também, se Júlio César não tivesse aparecido bem.
Quanto a Portugal: Copa do Mundo sempre nos reserva surpresas, times que começam mal de repente engrenam e em mata-mata tudo pode acontecer - mas é difícil imaginar que esta equipe consiga ir longe. Tem um meio-campo confuso, em que jogadores se embolam um com o outro, não sabem trocar passes, entregam a bola com facilidade. E se a ideia é depender no ataque deste Cristiano Ronaldo aí, estão mesmo perdidos. Sem piada: ele hoje produziu menos do que o Rooney Asiático da primeira rodada, e não foi muito melhor nas rodadas anteriores.
Enfim: o time se classificou em primeiro do grupo, como aconteceu em 2006, 2002, 1998, 1994, 1990, 1986, 1982... Se o futebol "pragmático" desta equipe for suficiente para ir construindo seus resultados até a final - como aconteceu na Copa América, na Copa das Confederações e nas eliminatórias, em que houve diversos jogos com atuações tão ruins ou até bem piores do que as que vimos até agora -, este time ganhará o carimbo de vencedor e terá mostrado que sabia o tempo todo o que estava fazendo. Se acontecer de perder, vai ser difícil que Dunga consiga apagar da memória de todos o futebol chaaaaaato de jogos como este de hoje.
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