A 1a. fase da Copa mostrou: retrancas não levam um time longe

Fim da primeira fase, vai começar o mata-mata e vale fazer um balanço do que passou, prevendo o que pode vir por aí. Até agora, foi uma Copa que mostrou que, hoje em dia, qualquer time que entrar em campo decidido a só se defender pode criar problemas e até segurar um adversário bem melhor por um bom tempo ou até uma partida inteira. Mas, no final, todos que jogaram apenas assim já estão arrumando as malas pra ir pra casa. Os jogos devem melhorar.

A eliminação da França na primeira fase não me surpreendeu - mas a quantidade de notícias sobre brigas internas, rebeliões e tudo o mais, sim. Já esperava que o México passasse de fase, mas foi um time mais frágil do que eu imaginaria. Do Uruguai, eu esperava um bom ataque e uma boa defesa (que está invicta), mas o time ficou mesmo mais interessante a partir do momento em que seu técnico descobriu uma solução para a criação no meio com o recuo de Forlán. É um time que pode ir muito longe, até pelos cruzamentos que se formaram nas oitavas e quartas de final.

(No grupo A, acertei os dois classificados no bolão - mas errei a ordem. E acertei a França em último.)


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A Argentina talvez tenha pego o grupo mais fácil de todos e ainda precisa ser testada contra adversários mais fortes, capazes de explorar a deficiência na saída de bola e, principalmente, os espaços na defesa. O México não parece representar este teste, que pode vir a partir das quartas-de-final. No ataque, foi o time mais interessante da Copa até agora, de longe.

(No grupo B, acertei toda a classificação.)



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Uma novidade nesta Copa está sendo o envolvimento do povo americano com o futebol - do qual já escrevi aqui e ainda escreverei mais. Apostei no time indo longe na Copa, mas devo dizer que, embora eles até saibam atacar, fiquei preocupado com algumas falhas infantis dos defensores. O jogo contra Gana, nas oitavas, é imprevisível, embora os americanos funcionem melhor como time.

Assim como é imprevisível o da Inglaterra, que decepcionou firme na primeira fase. Porém, já vimos antes times de tradição embalarem a partir do início do mata-mata. Vai saber? Por enquanto, foram bem na defesa (tirando o goleiro), muito mal na frente - o que não se esperaria de um time com Rooney.

(No grupo C, acertei os dois classificados, mas errei a ordem.)


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Depois de uma estreia que empolgou todo mundo, a Alemanha não confirmou aquela solidez toda nos dois jogos seguintes. Pode ir longe, como pode cair logo nas oitavas, por conta do cruzamento. E, se passar, continuará pegando pedreiras. O resto de seu grupo foi equilibrado - por baixo.
(No grupo D, acertei a Alemanha, errei Gana. Minha aposta era a Austrália, que acabou eliminada no saldo por conta da goleada que sofreu na estreia. Se não tivessem tido um jogador expulso, talvez pudessem ter se classificado.)
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Muitos esperavam a Holanda dando espetáculo. Não foi o caso - mas é um dos poucos times com 100% de aproveitamento e têm a maior série invicta da atualidade. Como o Brasil, eles têm como grande arma defensiva a manutenção da posse de bola, e confiam na qualidade dos homens de frente para definir em poucas chances. Com Robben em campo, isso pode funcionar ainda mais. Um Brasil x Holanda pode acontecer nas quartas e vai ser o confronto de dois times, por incrível que pareça, que mostraram filosofias de jogo muito parecidas - apesar da Holanda ter chegado com fama de superofensiva e os brasileiros até hoje resmungarem com o excesso de volantes de Dunga.

O Japão, junto com o Uruguai, é um dos times com mais potencial de surpreender e chegar longe, apesar de seus cruzamentos serem piores que os dos sul-americanos.

(No Grupo E, acertei a Holanda, mas não contava com o Japão passando pela Dinamarca. Acertei colocando Camarões sem chances.)

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Todos sabiam que a Itália não vinha bem para esta Copa. É um time envelhecido, recheado de jogadores de times menores. Iaquinta, que já era ruim como reserva em 2006, virou titular agora - e ouvi que está no banco da Juventus. Não imaginava que pudesse ser eliminada ainda na primeira fase, por não botar nenhuma fé em Eslováquia e Nova Zelândia, mas já a via como segunda força de seu grupo.

Mas o Paraguai, que passou em primeiro, decepcionou. Não conseguiu vencer a Nova Zelândia e, quando enfrentou uma seleção de mais camisa, mostrou falta de personalidade e recuou muito mais que o seu normal. Não parece ter perfil pra ir muito longe - hoje, eu apostaria que caiam logo nas oitavas.

(No grupo F, acertei o Paraguai em primeiro. Mas não fui um dos que apostou na eliminação da Itália e classificação da Eslováquia - acreditem, teve quem cravasse essa.)

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Não preciso me alongar sobre o grupo do Brasil, certo? Já foi assunto por aqui. Não espero que o Brasil vá jogar melhor do que vem jogando - que não é muito, mas pode até bastar, quem sabe. E achei Portugal um time muito fraco. Mesmo com seu adversário decepcionando até agora, não acredito que passem das oitavas.

(No Grupo G, cravei a classificação completa.)
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E a Espanha, que chegou como favoritaça, até agora não engrenou. Mas se o discurso do "objetivo atingido" vale para o Brasil, por que não para eles? Agora começa uma nova fase da Copa e eles podem sim ir longe. Talvez até a primeira fase abaixo do esperado sirva para que abaixem a bola e joguem mais sério na hora de definir os lances, um grande defeito que mostraram até agora.

O Chile, com todo o seu futebol ofensivo, duas vitórias nas primeiras rodadas e jogo duro com a grande favorita do grupo, só passou de fase porque a deprimente Suiça não conseguiu fazer um golzinho em Honduras. Bom para o futebol, e eu até torceria pelo time do ousado Loco Bielsa se não cruzassem logo de cara com o Brasil.

(No Grupo H, cravei a classificação completa.)


Um comentário:

bosco Ferreira disse...

André, não haveria uma maneira de acabar com essas partidas em que os dois querem apenas um empate? Partidas horrendas em que os clubes combinam uma soneca juntos durante os jogos? Pelo menos os jogos classificatórios na primeira fase e especialmente na última rodada dessa fase e só na copa?

Nesses jogos cujos resultado de empate especialmente classifica os dois dando-lhes um pontinho, a FIFA em nome do bom (e caro) espetáculo, deveria, só e somente só nessas ocasiões, dá "um ponto" como é do regulamento, apenas nos empates com gols. Ou nos casos de zero a zero, um ponto apenas para o time que forçou mais, com mais escanteios ou penaltes perdidos ou faltas perigosas próximo da área.

Isso mandaria os times jogarem futebol e não aquela cara palhaçada retrancada protagonizada por Brasil/Portugal.

O que vocês acham?