E se Adriano estivesse em uma empresa? Especialistas respondem

Ontem, pela primeira vez na vida, comprei a revista Você S/A. Me chamou a atenção na capa a matéria principal, sobre como organizar seu tempo, no trabalho e nos compromissos pessoais, para conseguir encaixar tudo e ter uma melhor qualidade de vida - é o tipo de preocupação que eu tenho que ter, já que tento conciliar trabalho, banda, filhos, blog, desenhos. Mas o empurrãozinho pra levá-la pra casa foi uma chamada menor: "Adriano - E se o atacante estivesse em uma empresa?"

Não é o tipo de discussão que aparece na arquibancada, na mesa de bar e nos fóruns internéticos por aí? "Se esse cara se comportasse assim no meu trabalho..." Pois bem: a ideia da matéria, curtinha, era colocar esta questão para alguns consultores e profissionais.

Pra vocês, alguns trechos:

"No mundo corporativo, as atitudes repercutem entre colegas, subordinados e clientes. Antes de contratar alguém, verificamos referências com muitas pessoas, não só com um antigo chefe. Uma imagem ruim no mercado certamente prejudica a contratação. Nas empresas, também é preciso pensar muito bem antes de fazer concessões a um funcionário que se destaca. Você pode motivar um e desmotivar muitos outros em volta."
Gus Van Delft, diretor da Page Personnel, empresa de recrutamento executivo

"No mundo corporativo, Adriano estaria definitivamente queimado no mercado."
"Vale dizer que Adriano é reincidente. (...) As companhias devem dar uma segunda chance, desde que o profissional assuma sua parcela de responsabilidade e mostre-se digno."
Célia Leão, consultora de etiqueta pessoal e colunista de Você S/A

"Adriano assume que não existe relação entre seu comportamento fora de campo e sua atuação durante um jogo. Mas há. Bebidas, mulheres e farras, além de piorar o rendimento do atleta, afetam sua reputação. Como o técnico Dunga poderá confiar nele? Reputação é uma relação entre identidade (o que sou e como me comporto) e imagem (como os outros me percebem). E define credibilidade, confiança e nível de comprometimento nas organizações."
Ricardo Nakal, professor da ESAMC e autor do blog O craque organizacional

"A carreira deve ser posicionada como um produto, ou melhor, como uma marca que precisa disputar seu lugar no mercado, da mesma maneira que as empresas fazem com seus bens e serviços. (...)A qualidade na execução determina a excelência, mas a imagem no mercado também é um valor. Figuras públicas, como o jogador Adriano, deveriam ter cuidados com esse ativo e fortalecê-lo diariamente."
Eduardo Véras, professor de marketing da Fundação Dom Cabral

Um comentário:

Bosco Ferreira disse...

somUm jogador de futebol é muito diferente de um empregado de uma empresa ou de um executivo.

Um empregado trás em torno de si toda uma preparo técnico e comportamental comprovado e documentado em um currículun vitae.

O jogador trás tão somente a habilida futebolística que o credencia a passar na peneira do clube formador ainda criança nos dentes de leite.

Não conheço nenhum projeto de clube formador que tenha na sua escolinha de futebol uma estrura para formar o também do cidadão paralelamente ao atleta. Uma espécie de reeducação para aqueles que se quer tiveram uma família na vida.

Geralmente a única alternativa que o clube tem para coibir os excessos dos garotos da escolinha é a punição ou a porta da rua como serventia da casa, além da lenga-lenga dos sermões do tipo: "você vai jogar fora uma carreira promissora dessas? Veja o exemplo do Kaká!"

Como a grande maioria dos jogadores nunca terminaram o ensino médio e vem de favelas ou de famílias de pouca instrução, fica muito dificil se comparar o comportamento de alguem que briga pela sua vaga de emprego num mercado altamente competitivo das empresas com um artista da bola ou da cultura popular.

Quando não formamos bem o profissional como um todo, é comum as consequencias aparecerem no auge da carreira quando o jogador já tem uma certa "moral" para encarar seus patrões que precisam de suas habilidades.

Esse é o retrato de um futebol que investe o menos possivel no homem e retira dele o maior lucro possivel.