Um pequeno balanço*

* Texto para a coluna semanal no FlamengoNet

Domingo tem Flamengo x Vasco, e Flamengo x Vasco é sempre Flamengo x Vasco (e torna-se mais imprevisível quando acontece no meio de um campeonato). Mesmo sendo só mais um compromisso nada decisivo pela Taça Rio, o clássico não é um jogo qualquer. Porém, o Flamengo vem de um jogo na Venezuela, em que ficou quase um tempo inteiro com um a menos, e viaja em seguida para o Chile, em mais uma partida pela competição que realmente importa. Então - quem Andrade deve mandar a campo?

Patrícia Amorim pediu força máxima. Andrade falou em usar tudo o que tem de melhor, mas avaliando o desgaste de quem esteve em Caracas - o que já me parece mais sensato. Na minha visão, o ideal seria poupar os mais desgastados, dar ritmo aos jogadores importantes que precisam de ritmo - e jogar na estrutura tática que julgue a ideal para o time titular, pra ver se a coisa funciona. Eu não deixaria de escalar Love e Adriano juntos, por exemplo, e colocaria Maldonado de início, pra ver como ele se aguentaria. Daria 45 minutos pra Pet jogar, pouparia Juan ao menos meio tempo e não veria a menor necessidade de usar Léo Moura e Álvaro.

Mas isso é com Andrade. Vou aproveitar este post para, depois de já termos passado por clássicos, jogos pela Libertadores em casa e fora e mais uma penca de partidas contra nanicos do estado, soltar impressões sobre o que alguns dos jogadores já andaram mostrando na temporada.

* * * * * * * * * * * *

Bruno andou dando mole em determinado momento do Brasileiro passado. Mas, do meio da campanha do Hexa pra cá, entrou numa fase realmente boa. Não sou dos que acham ele um goleiraço, nível Seleção, melhor goleiro do Brasil - mas ele vem sendo regular e aparecendo bem em momentos importantes.

Se contratarem pro cara um porta-voz, pra não precisar mais dar entrevistas, esse cara vai longe.

* * * * * * * * * * * *

Léo Moura teve aquele tumor no nariz durante a pré-temporada, ficou de fora dos jogos iniciais e, quando voltou, teve algumas atuações ruins. Mas teve uma grande atuação contra o Universidad Católica no Maracanã e voltou a ir bem contra o Caracas. Houve época em que o Flamengo dependia apenas de seus laterais pra atacar, a pressão em cima deles era grande, a marcação dos adversários idem; hoje, com o Império do Amor, Pet, até Vinícius Pacheco, os dois podem ter menos olho grande em cima. Léo Moura andou aproveitando bem esta chance. Juan ainda não, embora eu não o esteja vendo tão mal quanto muitos falam por aí.

* * * * * * * * * * * *

Fabrício realmente está aproveitando bem a oportunidade que ganhou de ser titular, atuando bem mais tranquilo do que no ano passado (embora eu, particularmente, não tenha gostado de sua atuação na Venezuela). A sequência de jogos parece estar lhe fazendo bem e é bom pro clube dar espaço para um garoto da base como ele crescer e aparecer. E é bom ter no banco alguém como Angelim - que eu não via tendo atuações tão ruins quanto a maior parte da torcida - para segurar a onda em caso de necessidade. Ano passado estávamos bem pior.


* * * * * * * * * * * *

Parece que Andrade está próximo de poder voltar a usar Maldonado e Willians juntos como volantes. Será um alívio, depois de tantos jogos de Toró e Fernando - dois jogadores com enormes problemas de colocação e muitas falhas no passe. Na ausência de qualquer um dos titulares, a essa altura, pelo pouco que vi do cara, preferiria ver Rodrigo Alvim como primeira opção de banco.

* * * * * * * * * * * *

Vinícius Pacheco empolgou todo mundo com suas atuações surpreendentes neste início de ano. Eu mesmo não esperava que ele se mostrasse tão útil. Mas também não acredito que aqueles jogos contra os pequenos do Rio o credenciem a ser titular absoluto, como muitos têm enxergado. Em minha opinião, Pacheco não é armador e, mesmo no ataque, é bem mais útil quando o time tem a chance de jogar no contra-ataque e ele tem espaço para correr com a bola. Contra defesas fechadas, suas jogadas pela ponta já não têm tido a mesma eficiência. Eu, ao contrário de muitos, não gostei nem de sua atuação contra o Botafogo (em que os comentaristas, de modo geral, viram sua saída como uma das causas da derrota rubro-negra - pra mim, não foi por aí). E nas duas partidas da Libertadores, ele não foi nada bem. Hoje, já enxergo Pacheco mais como uma opção bastante útil no banco de reservas. Algo que, na verdade, já é bem mais do que todo mundo imaginaria antes da temporada começar.

* * * * * * * * * * * *

E aí, voltamos ao assunto Petkovic. Vai saber se ele será capaz de voltar a jogar partidas inteiras em alto nível. Até agora, nesta temporada, não deu esta impressão. Teve lampejos - o golaço contra o Volta Redonda, alguns bons passes contra Resende, Universidad Católica e Caracas. Mas não um futebol realmente consistente. No entanto, está mais do que claro a diferença que faria para este time ter novamente uma cabeça pensante em seu meio-campo - algo que nem Pacheco nem Kléberson se mostraram capazes de ser até hoje. Pet pode ter suas diferenças com dirigente, com jogador, com seja lá quem for. Mas seria bom pensar em uma maneira de tirar do gringo o máximo que ele ainda puder oferecer ao time.

2 comentários:

Fabricio C. Boppré disse...

"(...) e torna-se mais imprevisível quando acontece no meio de um campeonato (...)". Essa foi ótima!

Flora disse...

bom, as estatísticas não confirmam seu pensamento.

tanto o vinicius pacheco quanto o kleberson estão entre os jogadores com mais numero de assistencia do ano. estão em quarto e quinto.

Mas eu entendi o que vc quis dizer. Realmente não são armadores classicos, mas mesmo assim tem feito sua parte muito bem. Não se pode reclamar

Eu prefiro o Pet também. Nesses dois jogos de LA o VP mostrou que por enquanto não tem estofo pra uma competição como essa.