Impressões sobre a concorrência

Do pouco que vi até agora neste Estadual, um fenômeno andou me chamando a atenção: um certo destemor dos times pequenos, que andam se metendo a jogar de igual para igual com os grandes. Foi o que deu pra perceber no que vi de América x Vasco, Friburguense x Botafogo, Bangu x Flamengo e Fluminense x Volta Redonda. Em todos, os "times de menor investimento" procuraram não se limitar ao contra-ataque e chegaram a ao menos equilibrar a posse de bola em boa parte do tempo. E Vasco, Botafogo e Flamengo andaram passando certo perrengue mesmo, perigando deixar suas vitórias escaparem.

Não foi tanto o caso do Fluminense, hoje, no Maracanã. O Volta Redonda procurou tocar a bola, buscou o empate, mas não chegou a criar chances claras em momento nenhum. E o Fluminense, enquanto isso, mostrou um bom repertório de jogadas de ultrapassagem, grande velocidade na saída de bola e boa movimentação de Alan, Maicon e Júlio César, sempre bem abastecidos por Conca - que vem jogando muito, desde o ano passado. Mas, talvez por sentir falta de um centro-avante eficiente como Fred, as muitas chances criadas acabaram sendo desperdiçadas.

O Fluminense é um time que encerrou a temporada 2009 já bastante pronto - e que reforçou-se com peças interessantes, algumas para preencher pontos fracos que o time titular ainda tinha (caso de Júlio César, na lateral esquerda), outras para compor bem o banco. Se o Estadual fosse por pontos corridos, cravaria que é o favorito ao título.

Quanto aos pequenos, o que costuma sempre faltar mesmo é poder de definição. Não foi à toa que o melhor deles nos últimos tempos, aquele Volta Redonda de 2005/2006, fosse justamente o que tinha na frente um Túlio que havia resolvido fazer gol. O normal é os atacantes destes times terem uma falta de jeito pra chutar de dar dó.


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E no meio de tantos jogos até equilibrados entre pequenos e grandes, a maior diferença que se viu em campo numa partida até agora foi justamente no único clássico. O Vasco simplesmente passou por cima do Botafogo, de maneira até constrangedora.

Em 5 minutos, já estava 1x0. Aos 15, com o Vasco já tendo perdido uma boa chance para ampliar, o árbitro expulsou - pra mim, de maneira exagerada - Eduardo. E o Botafogo, em pânico, transformou-se de vez num time de pelada. E um time de pelada nervoso e violento, ainda por cima. Pro segundo tempo, já com 3x0 no placar, Estevam Soares tirou El Loco Abreu (que estreou e mal tocou na bola) e colocou mais um volante. Serviu pra isolar de vez Herrera (o único que realmente foi bem no Botafogo) na frente e entregar toda a posse de bola ao Vasco. Houve um momento em que o jogo parecia ter se transformado em uma roda de bobinho realmente longa, com os vascaínos trocando passes sem serem importunados por muitos minutos.

Comentei, depois da vitória apertada sobre o América, que o Vasco precisava resolver o espaço que havia entre seus três volantes e os três homens de frente. Hoje, Vagner Mancini colocou Souza desde o início, e ele jogou bem melhor que no meio de semana. Junto com Carlos Alberto, Philipe Coutinho e Dodô, formou um bom quarteto ofensivo, ocupando melhor os espaços do meio pra frente. Com a bola parando mais no ataque, houve mais oportunidades para o apoio dos laterais (especialmente Fágner, que já havia ido bem contra o América) e dos bons volantes. O time ficou realmente interessante, tanto na marcação no meio quanto no ataque. Se mantiver o bom ritmo, pode criar problemas para qualquer um - mas foi apenas um jogo, é preciso esperar mais. E, principalmente, ver a zaga, que me parece fraca, sofrendo testes um tantinho mais sérios.

Para animar os vascaínos, ainda houve boas entradas de dois jogadores que vieram do banco: o centro-avante Rafael Coelho, que teve menos tempo pra mostrar alguma coisa, mas foi bem; e, principalmente, o meia-atacante Magno, que entrou ainda no primeiro tempo quando Carlos Alberto sentiu uma contusão. Nunca tinha visto o garoto, que veio de Pelotas ainda no ano passado, jogando; hoje, pelo menos, ele aproveitou bem o espaço e o cenário favorável e jogou muita bola, sempre objetivo, bom tanto de drible quanto de passe. Ouvi que ele já havia tido chances ano passado e não foi bem, mas fiquei curioso para voltar a vê-lo jogar.