Momentos decisivos do Hexa: a entrada em cena da Olympikus

Foi uma verdadeira novela. Desde 2008, quando o Flamengo ensaiou uma rescisão não amigável de contrato com a empresa que fazia seus uniformes havia alguns anos, que se ensaiava a entrada em cena da Olympikus - inclusive com o uso em algumas poucas partidas de uma polêmica camisa com três interrogações no lugar da marca do fornecedor. Mas a disputa se arrastou na Justiça e só foi se resolver com o fim do antigo contrato, um ano depois do início da trama. E, enquanto isso, a situação financeira do clube se complicava.

Graças a antigos débitos com o Estado, o Flamengo não pôde renovar o contrato de patrocínio que mantinha por décadas com a Petrobras. Iniciou o ano mantendo a marca da empresa na camisa, na esperança de que isso pudesse se resolver, mas sem receber um centavo; na fase final do Estadual, desistiu de insistir e passou a usar uma camisa limpa, que deveria atrair logo algum grande patrocinador - o que acabou não acontecendo com tanta agilidade quanto alguns esperavam. Reparem: naquele momento, com o contrato com a Nike chegando ao fim, a empresa americana sequer preparou novos uniformes sem a logo da Petrobras e foi necessário apelar para que uma pequena confecção desse um jeito de cobrir as marcas nas camisas que o clube já havia recebido. E a situação precária - tanto nos uniformes quanto nas combalidas contas rubro-negras, que não viam um centavo pingar de qualquer patrocinador por meses - durou até finalmente a Olympikus entrar em cena.

O que veio finalmente a acontecer em julho. E a chegada deste novo parceiro veio a ser decisiva para a conquista do Hexa (olha o merchan gratuito aí, gente!). Vejamos:

- Como já mencionado, o departamento financeiro do clube, àquela altura, estava pedindo arrego. E a Olympikus chegou não só com o dinheiro de seu contrato como fornecedora de material esportivo - o maior do país -, como ainda acertou um extra para estampar uma de suas marcas no peito dos jogadores, no espaço que estava vago desde que desistiu-se da Petrobras. Foi um contrato de curta duração - apenas três meses -, mas que rendeu aos cofres do Flamengo três oportunos milhões de reais.

E dá pra afirmar que isso fez diferença no desempenho do time dentro de campo. Afinal, no segundo semestre, os salários dos jogadores ficaram em dia por alguns meses - algo bastante raro na Gávea há muitos anos. Justo no período em que os atletas trabalhavam nos treinos e nos jogos para ensaiar a arrancada que acabou levando o Flamengo ao título, reinava um incomum clima de tranquilidade. Sem as antes comuns e prejudiciais notícias sobre falta de pagamento, sem que qualquer dos jogadores tivesse que discutir sobre o assunto tanto internamente quanto com a imprensa, todos pudram ficar com a cabeça só no trabalho a ser feito - e ficou bem mais fácil render.

- Parte do contrato com a Olympikus destinou-se ao complemento do salário de Adriano. Devido ao contrato anterior do Flamengo com a Nike, a empresa só pôde assinar com o clube alguns meses depois da volta do Imperador; mas o acerto já havia sido feito e, sem ele, seria muito mais difícil que o Flamengo contasse com o centro-avante - que, não dá pra negar, foi decisivo no campeonato.

- Além disso, a chegada da nova empresa serviu para gerar envolvimento dos torcedores com o time. O lançamento da nova linha de material, que aconteceu num momento em que apenas os muito otimistas apostavam em título, foi transmitido ao vivo pela internet, gerou muita discussão pelos blogs e redes sociais, conseguiu espaço na imprensa - tudo sempre de uma maneira positiva, jogando o ânimo do rubro-negro pra cima, em uma época em que o tipo de noticiário mais constante que surgia da Gávea era de atritos entre Cuca e Adriano.

Dali pra frente, a empresa se envolveu com o marketing do clube, participou de diversas ações, movimentou a torcida e ajudou a criar o clima de envolvimento de todos em torno da campanha. No final, junto com o patrocinador que estampou sua marca na camisa nos últimos meses do ano - a Ale -, a coisa se intensificou e ambas ajudaram a promover a festa da torcida, tanto no Maracanã (com, por exemplo, o maior mosaico já feito num estádio de futebol no Mundo, no Flamengo x Goiás da antepenúltima rodada) quanto fora (com uma enorme camisa sendo estendida de um prédio na Gávea, no Dia do Rubro-Negro).


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É óbvio que, se o Flamengo se deu bem com a Olympikus, a Olympikus também se deu muito bem com o Flamengo. Em um semestre, a empresa bateu todos os recordes anuais de vendas de camisas de um clube no país, passando fácil do milhão de peças vendidas - e isso antes de chegar o Natal, em que o Manto do Hexa tornou-se presente óbvio para qualquer rubro-negro. Abriu ainda a sua primeira loja temática, a FlaConcept, no nobre espaço da sede do Flamengo na Gávea - e, de cara, o negócio se tornou altamente rentável, com o movimento turbinado ainda pela exposição na loja da taça conquistada. Enfim: não há motivos pra ninguém reclamar, de nenhum dos lados.

Um comentário:

Júnior (Caxias-MA) disse...

É verdade, nós rubro-negros somos agradecidos pelo apoio da Olympikus nessa caminhada ao HEXA e HEPTA (que está por vir), que no entanto, também teve sua parcela de lucro com as vendas das camisas. Então... Parceria perfeita!