* Texto para minha coluna semanal no FlamengoRJ
Quase unanimidade: Petkovic foi o grande nome do Flamengo x São Paulo de sábado e, provavelmente, de toda a rodada do Brasileiro. Depois de ter perdido um pênalti, conseguiu na segunda chance cobrar de um jeito que foi mais que uma simples volta por cima; e, no final, decidiu o jogo com a enfiada espetacular para Zé Roberto fazer o segundo gol.
Falar de como essa volta por cima do gringo surpreendeu a todo mundo, a esta altura, é chover no molhado. Fato é que este retorno de Petkovic faz todo mundo que o assiste jogar voltar no tempo. Não só à época em que o próprio sérvio, anos mais novo, estava no auge de sua forma – mas mais ainda: a um tempo que parecia não voltar mais na história do futebol.
Pet se movimenta, busca o jogo, corre, até carrinhos está dando, mas enche os olhos mesmoà base de lançamentos. São passes longos que descobrem seus companheiros livres, na cara do gol, longe do enquadramento das câmeras da TV – quando ele solta a bola, a gente não sabe onde a viagem pode terminar, até chegar aos pés de um Adriano ou Zé Roberto de frente pro goleiro. Ver seus passes no sábado, ou antes contra o Sport, por exemplo, dá uma sensação de nostalgia – me lembro de, garoto ainda, ver o técnico Ênio Andrade dizer que colocaria seu Inter para fazer marcação especial em Zico na final do Brasileiro de 87 a partir da intermediária do Flamengo. “Se ele pegar a bola dali pra trás e fizer os passes de 50 metros dele, o cara que receber ainda vai estar razoavelmente longe do nosso gol”. Dá pra se voltar mais ainda, a um tempo que eu nem vivi: imagino que foi com passes assim que um Didi ou um Gérson fizeram fama.
Pet, com sua idade, seus modos e seu futebol, nos lembra sempre que é de outro tempo, que formou seu futebol com referências de outras épocas – e está trazendo um pouco destes anos já longínquos para o dia de hoje.
E agora me pergunto quem seria mais difícil para o Flamengo substituir hoje: Adriano, com cuja ausência o time conviveu nas últimas duas rodadas, ou Pet? Saindo ele, quem poderia fazer seu papel? Para os rubro-negros, o melhor é torcer para o meu personagem da semana conseguir chegar ao fim do Brasileiro sem desfalcar o time. Ao menos de Dunga ele está a salvo.
Um comentário:
(!) Muito bom! Parecia impossível falar de Petkovic sem ser redundante, a esta altura. Creio que deveriam ser feitas ressalvas que deixem os pingos dos 'i's em seus lugares - já que alguém pode se ofender com uma comparação entre Pet e Zico, ou com Didi, por exemplo. Mas de toda forma, o futebol inteligente - daqueles que remetem ao chavão de "fazer a bola correr" ao invés de correr em demasia, indiscriminadamente - apontam para uma visão de jogo extraordinário do craque sérvio. Tipo de visão de jogo que só podia estar perdida em tempos áureos do futebol, como os tempo de Zico, como os tempo de Didi.
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