E o início do jogo até foi animador. Nos primeiros dez minutos, o Flamengo conseguiu apertar a marcação no campo de ataque e criou duas grandes chances seguidas, com Fierro e Zé Roberto. Mas, depois disso, a marcação no meio afrouxou, vieram dificuldades incomuns na saída da defesa e o Botafogo passou a controlar a posse de bola. Mantinha-se no ataque, até entrava na área com frequência, mas conseguia concluir pouco - mesmo ficando mais na defesa, nesta etapa as chances claras foram sempre mesmo do Flamengo.
Depois das duas iniciais, vieram mais uma com Adriano e outra com Fierro num contra-ataque sensacional iniciado por Petkovic na área do Flamengo, num lance de grande perigo do Botafogo. Entre estes dois, o gol de Adriano - em que ficou clara a constrangedora inferioridade dos zagueiros alvinegros em relação ao Imperador. Ele levou a bola meio na trombada, muito no físico, mas também graças à total falta de noção de como agir de seus adversários.
Já no segundo tempo, as chances rubro-negras sumiram. O time se limitou a defender, deixava o Botafogo chegar perto demais de sua área o tempo todo e as chances do Botafogo começaram a aparecer - várias conclusões perigosas de dentro da área. Foi quando lembrei da declaração que li do técnico Estevam Soares no Globo de sábado: "se eles têm o Adriano no ataque, nós temos André Lima". Imagino que a ideia dele tenha sido animar os botafoguenses de alguma maneira - vai entender! -, mas realmente ficou clara hoje a diferença que faz ter um ou outro em seu time no momento de definir. Mesmo assim, a tensão foi grande e em boa parte do tempo a torcida dos rubro-negros era mesmo para o crônometro correr o mais rápido possível.
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Sei que, pela raça e disposição que sempre mostra, Toró desperta a simpatia de muitos torcedores do Flamengo. Mas a minha impressão é que, sempre que ele joga como volante, o Flamengo acaba tendo, na prática, um zagueiro a mais. Ele se coloca mal em campo, precisa correr mais do que os outros por conta disso e, em boa parte do tempo, fica mesmo na linha dos zagueiros. Me pareceu que boa parte do problema do Flamengo para manter o Botafogo mais afastado de sua área vinha daí: o time parecia estar com um a menos no meio e um a mais na área, para afastar de qualquer jeito as bolas que pingavam por lá o tempo inteiro.
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Foi até engraçado o pênalti marcado para o Botafogo. Nunca ficou tão claro que uma decisão de um juiz foi só pra compensar o que ele pensou ser um erro anterior. Na verdade, ele não marcou o tal pênalti fantasma do Aírton - só demorou um tantinho demais pra apitar a mão do Toró.
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Quem me chamou a atenção foi Gil. Não sei bem o que ele tem mostrado nos treinos, mas foi impressionante como pareceu sem a menor condição de entrar em campo, ainda mais num momento decisivo como este. Numa hora dessas, não é momento pra tentar recuperar ninguém dentro de campo. Como a vitória estava garantida, foi até bom ele ter perdido aquele gol de maneira bizarra no último lance do jogo - pra não dar qualquer impressão de que algo tenha se salvado em sua atuação.
25/10/2009 - 18h30 - Botafogo 0 x 1 Flamengo
Engenhão - Rio de Janeiro, RJ
Árbitro: Luiz Antônio Silva dos Santos (RJ)Engenhão - Rio de Janeiro, RJ
Renda/público: R$ 656.242,00 / 22.727 presentes (25.192 pagantes)
Auxiliares: Marco Aurelio Pessanha (RJ) e Ediney Guerreiro Mascarenhas (RJ)
Cartões amarelos: Lucio Flavio e Jobson (BOT); Fierro, Juan, Petkovic e Airton (FLA)
Gol: Adriano, 31'/1°T (0-1)
Botafogo: Jefferson, Alessandro, Juninho, Wellington e Diego (Jônatas, 35'/2°T); Leandro Guerreiro, Batista (Victor Simões, 13'/2°T), Lucio Flavio e Reinaldo (Renato, 35'/2°T); Jobson e André Lima. Técnico: Estevam Soares.
Flamengo: Bruno, Leonardo Moura, Airton, Fabricio e Juan (Wellinton, 41'/2ºT); Maldonado, Toró, Fierro (Lennon, 27'/2ºT) e Petkovic (Gil, 16'/2°T); Zé Roberto e Adriano. Técnico: Andrade.
11 comentários:
Andrade falou muito bem após o jogo. O Botafogo perdeu a partida e perdeu a renda que podia ter tido com um Maraca lotado.
Forçou o jogo no Engenhão. Forçou uma divisão meio a meio nas arquibancadas, inflacionou bizarramente os ingressos e se fudeu. Vamos ver se aprendem algo pro ano que vem, quando não teremos o Maracanã.
Todo mundo fala pede profissionalismo etc e tal. Mas condenar o adversário por "forçar" o legítimo exercício do mando de campo revela, na verdade, um traço tipicamente carioca, o "jeitinho" guiado pelas conveniências. O Botafogo fez sua parte - foi profissional. E ser profissional é cumprir compromissos assumidos. O estádio do Botafogo é o Engenhão. É ali que tem os camarotes para seus patrocinadores, sua cota de ingressos para parceiros, as placas de publicidade acertadas contratualmente. Depois de quase seis décadas de Maracanã, o carioca perdeu a noção de algo chamado "mando de campo". O torcedor tem que aprender a respeitar isso. Independentemente das circunstâncias. E, com vimos, o caos anunciado foi pela velha rixa entre as mesmas torcidas que marcam briga até mesmo em lugares como São Paulo. Isso, sim, é mais vergonhoso.
Abs, Juan
Duas coisas sobre o Pet: achei que ele está começando a querer fazer graça em todos os lances. Passa o pé sobre a bola, toquinhos desnecessários... O cara tá jogando bem, fez um lançamento primoroso pro Fierro (e complementado muito bem pelo Zé), mas podia baixar um pouco mais a bola. Nesses toquinhos, foi desarmado várias vezes ou improdutivo em outras.
A outra: não lhes pareceu que o gringo forçou o amarelo? A falta foi muito descabida. Ele não quis ser violento e acabou sendo grosseiro, agarrando o Reinaldo. Acho até que ele quis pegar logo o terceiro cartão pra não desfalcar o time em jogos mais complicados à frente. É um risco, o Barueri não é bobo (é um dos poucos times com mais de 50 gols), mas se vencemos de virada sem o Adriano, acho que podemos vencer sem o Petkovic.
Mas muita coisa tem que melhorar, o time não foi bem hoje.
E também acho que o Botafogo tem todo o direito de jogar em seu estádio. Se perdeu a renda, falhou a estratégia financeira, independentemente do Engenhão.
Poxa, eu entendo perfeitamente termos tomado pressão hoje. Time jogou bem desfalcado, zaga jovem e improvisada, meio-campo enfraquecido, num clássico contra um time desesperado que está subindo de produção, num campo que eles conhecem melhor. Não lamento nosso time não ter jogado bem, não, pelo contrário, exalto a vitória em condições tão adversas, times campeões têm essa característica, ganham em quaisquer condições de temperatura e pressão, mesmo em dias ruins. Quanto ao Gil, tenho um fiapo de esperança de que iremos recuperá-lo e ele nos será importante nessa reta final. O gol perdido de ontem foi falta de ritmo, de tempo de bola, canelaço. Ou já nos esqueçamos das bizarras primeiras atuaçoes do Pet esse ano?
(...) Ou já nos esquecemos (...), eu quis dizer!
Eu escrevi aqui que o Botafogo tem todo o direito de jogar no Engenhão. Mas ficou claro que vão ter que estudar melhor como fazer os clássicos lá nos próximos anos. Um jogo que era pra 80 mil pessoas acabou tendo 20 mil. Isso não é bom pra ninguém.
Fora isso, eu sou da opinião que, estrategicamente, a longo prazo, não é inteligente os times do Rio quererem inventar mando de campo em clássico nos moldes do que acontece hoje em São Paulo ou Porto Alegre. Dividindo meio a meio como ontem, vá lá. Mas, pra mim, todos deveriam sentar e concordar em fazerem os clássicos todos no Maracanã (quando ele estiver disponível, claro).
A renda foi R$ 656.242. Considerando os imensos custos do Maracanã, tenho lá minhas dúvidas se o Botafogo perdeu mesmo tanto dinheiro.
André, muito boa análise do jogo. Perfeito em relação ao toró (tínhamos um buraco no meio campo o 2o tempo inteiro) e ótima a conclusão sobre o gol perdido pelo Gil. Parabéns.
Abraços e SRN
André
O grande erro foi perder aquele carrossel de gols no 1° tempo.
Era pra ter matado o jogo ali e fim de papo.
Não entendi o porque do time recuar no segundo tempo.
A estratégia era jogar no contra-ataque, mas foi terrível, não dava nada certo.
Podemos dizer que a defesa ganhou o jogo.
Dez jogos invicto, quatro gols sofridos. Definitivamente, Andrade consertou o sistema defensivo do Flamengo.
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