Não dava pra imaginar mesmo, poucos dias depois da atuação desastrosa contra o Palmeiras, que o Flamengo mostrasse um belo futebol. Mas, infelizmente, não deu nem pra enxergar muita evolução no time, que continuou desarrumado e espalhado em campo - se nivelando a um adversário que está mal na tabela, não tem grandes pretensões além de se livrar do rebaixamento e beliscar vaga na Sul-Americana e conta com orçamento muitas vezes inferior.
O time até iniciou ensaiando um certo domínio. Porém, bastou o Botafogo se organizar um pouquinho e adiantar um tanto a marcação para passar, graças à falta de meio-campo do Flamengo, a complicar muito a saída de jogo do adversário e ficar com todos os rebotes. Até fazer 1x0, o Botafogo, mesmo sem jogar grande coisa, já havia conseguido duas cabeçadas perigosas, um gol anulado de maneira discutível, uma bola no travessão e uma cobrança de falta em que Juninho obrigou Bruno a fazer grande defesa. O gol saiu num lance de impedimento, mas era mais do que justo.
O Flamengo acabou dando sorte, porque poucos minutos depois chegou ao empate na sua primeira finalização no gol. E isso porque o Botafogo cometeu um erro besta, deixando Leandro Guerreiro na marcação de Adriano em uma bola parada. O centro-avante recuou dois passos, o botafoguense ficou olhando e Adriano cabeceou sozinho de maneira até constrangedora. E poderia ter virado o jogo no finzinho do primeiro tempo, numa jogada bonita em que deu um chapéu na área e emendou pra fora sem deixar a bola tocar no chão.
Pro segundo tempo, com Fierro jogando mais pelo meio e o Botafogo com a marcação mais recuada, o Flamengo conseguiu ficar mais com a bola. Mas só conseguiu criar duas chances para Adriano em cruzamentos forçados, um de cada lado, de Kléberson e Fierro. O jogo era muito ruim, chato mesmo, sem criatividade de lado a lado, sem lances claros de gol. E aí é aquilo: nesse tipo de jogo, quem tem a melhor bola parada pode acabar levando vantagem. Foi o que aconteceu, com o Botafogo fazendo o segundo gol num escanteio em que a defesa do Flamengo deixou o adversário cabecear abaixado no meio da área.
A partir daí, Cuca mudou para colocar o time pra frente. Camacho entrou no meio, Fierro abriu pra ponta direita, Léo Moura virou meia de vez. Até conseguia rondar a área do Botafogo; mas seguia um time sem imaginação, com jogadores que não se aproximam, não buscam tabelas, não fazem ultrapassagens, não chutam de fora da área - parece que a única jogada que conseguem imaginar é o cruzamento alto pra área. Perigava levar mais um em contra-ataque, porque deixava espaços pra isso e apareceram chances. Mas acabou chegando ao empate num momento em que um jogador resolveu tentar algo diferente - e Emerson, num lance em que dá pra discutir se fez falta ou só trombou com Lúcio Flávio, acertou um belo chute de fora da área.
A verdade é que, dois jogos depois de sua saída, a ausência de Íbson se faz sentir. Não que ele fosse um grande armador - nunca foi -, nem que o time funcionasse às mil maravilhas com ele. Mas era o único, por ter iniciativa pra isso, que dava alguma opção de jogada pelo meio, aparecendo atrás pra buscar a bola, correndo com ela, tentando tabelas, se apresentando pela meia para receber a bola dos companheiros que jogavam pelas pontas. Todos os que entraram em seu lugar até agora ainda têm o cacoete de se colocarem abertos, sempre. E sem alguém que trabalhe à sua frente pelo meio, até o repertório de Kléberson fica mais restrito - ele não tem alguém que prepare a jogada para ele fazer suas ultrapassagens pelo meio, que deram em tantas chances de gol (a maioria desperdiçada...) ao longo do ano. Sem Íbson, o time está caindo na mesmice de buscar apenas cruzamentos, o tempo inteiro - e sem jogadas coordenadas, mas sempre dependendo da individualidade dos jogadores em lances óbvios e fáceis de serem marcados.
A missão de Cuca é conseguir construir um time que hoje não existe, em meio à competição e lutando contra desfalques graves em sequência - o próximo jogo, já na quarta, vai ser mais um daqueles em que a gente vai ficar tentando adivinhar o que o técnico vai fazer pra montar a escalação.
19/6/2009 - 18h30 - Flamengo 2 x 2 Botafogo
Maracanã - Rio de Janeiro, RJ
Renda e público: R$ 499.403,00 / 29.508 pagantes
Árbitro: Péricles Bassols Cortez (RJ)
Auxiliares: Dibert Pedrosa Moisés (Fifa-RJ) e Lilian da Silva Fernandes Bruno (RJ)
Cartões amarelos: Kleberson, Everton, Welinton, Fabrício (FLA); Castillo, Thiaguinho, Victor Simões, Eduardo (BOT)
Cartões vermelhos: Alessandro, 43'/2ºT (BOT)
Gols: Alessandro, 35'/1ºT (0-1); Adriano, 40'/1ºT (1-1), Renato, 26'/2ºT (1-2); Emerson, 43'/2ºT (2-2).
Flamengo: Bruno, Welinton (Camacho, 29'/2ºT) Fabrício e Ronaldo Angelim; Leonardo Moura, Aírton, Kleberson, Zé Roberto (Fierro, 36'/1ºT) e Everton; Emerson e Adriano. Técnico: Cuca.
Botafogo: Castillo, Emerson (Renato, 14'/1ºT), Juninho e Eduardo; Alessandro, Leandro Guerreiro, Thiaguinho (Wellington, 9'/2ºT) (Reinaldo, 29'/2ºT), Lucio Flavio e Batista; André Lima e Victor Simões. Técnico: Ney Franco.
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