- A Copa do Mundo será melhor quanto menos dinheiro público for investido. Essa equação é que norteia o projeto desde o início. Ao Governo, em todos os seus níveis. caberá os gastos com obras que lhe dizem respeito. O investimento maior terá de vir da inciativa privada.A declaração acima, de Ricardo Teixeira, está publicada no próprio site da CBF. A intenção declarada é que o governo não gaste nada em estádios, mas apenas na infra-estrutura das cidades - o tal "legado", aquele que o Pan deveria ter deixado para o Rio de Janeiro.
Com base na escolha das cidades-sede da Copa de 2014, divulgada ontem - dá pra acreditar?
Das 12 cidades, apenas três sediariam jogos em estádios privados já existentes: Porto Alegre, Curitiba e São Paulo. Em todas as outras, os estádios são públicos - haveria a necessidade de privatizar todos ou encontrar uma maneira para que empresas privadas coloquem dinheiro na reforma de um patrimônio que hoje é do Estado.
Entre as escolhidas, chamam a atenção Manaus e Cuiabá - duas capitais onde o futebol local virtualmente inexiste como atração de público. Quem será o empresário que decidirá colocar dinheiro no erguimento de modernas e caras arenas para as quais, hoje, não se consegue visualizar uso além dos três ou quatro jogos que sediarão em 2014? Alguém acredita que não será com dinheiro público que estes novos elefantes brancos serão construídos? Faz sentido que outras cidades, como as vizinhas Belém e Goiânia ou mesmo Florianópolis, onde há um futebol forte, sejam as cotadas para "eventos ligados à Copa", sem jogos? Não seria mais lógico que esse tipo de papel fosse cumprido justamente por cidades turísticas e não-futebolísticas, como Manaus e Cuiabá?
Mesmo nas sedes onde existam times mais populares, está na cara que o dinheiro dos impostos vai acabar financiando a maior parte das obras dos novos estádios. Em Salvador, por exemplo, o Estado acabou de reformar e reabrir o Estádio do Pituaçu, para 32 mil pessoas, alardeado hoje como um "estádio-modelo"; mas Bobô - ex-jogador e hoje à frente da Sudesb - já afirma que a nova Fonte Nova deverá ser erguida, ao custo de R$400 milhões, por "parceria público-privada" - ou seja, com entrada de dinheiro público. Pergunta: e aí, o que será feito do Pituaçu e do dinheiro enterrado em suas obras?
Enfim: é claro que teremos o seu, o meu, o nosso dinheiro entrando firme nas obras que se iniciarão no ano que vem na enorme maioria, se não em todos, os estádios da Copa. Agora é rezar para que o padrão de estouro de orçamento não seja parecido com o do mal-fadado Pan 2007 - em que o custo inicialmente previsto, de R$400 milhões, acabou afinal chegando a R$3,6 bilhões. A desculpa para este salto foi a de que refizeram o projeto do Pan para "preparar a cidade para as Olimpíadas". Ainda assim, com todo este gasto em preparação antecipada, o orçamento do Rio olímpico apresentado ao COI (torçamos para que o Rio não seja escolhido!) é muito superior aos de Tóquio, Chicago e Madri.
E fica a preparação psicológica para vermos o Maracanã (que tantas obras já sofreu para "se adequar às normas da FIFA...") ser fechado a partir do ano que vem, com previsão de só ser entregue completamente pronto no fim de 2012.
Atualizando: pouco depois de escrever este texto, li agora esta matéria da Máquina do Esporte - com o pessoal de Cuiabá, Belo Horizonte e Rio de Janeiro já admitindo mesmo nosso dinheiro entrando na contrução dos estádios.
Pois é: já começou.
Pois é: já começou.
Um comentário:
E Brasília? Que futebol tem a capital do Brasil? É o projeto mais caro (650 milhões) para uma praça que não tem futebol.
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