Novos patrocínios

Confesso que esperava notícias mais concretas sobre um novo patrocínio para o Flamengo ainda esta semana. Imaginava que as finais do Estadual, com toda a sua repercussão, seria a deixa para fechar um novo contrato - e assim o patrocinador já aproveitaria uma enorme exposição de sua marca. No entanto, já foi anunciado que o time enfrentará o Botafogo ainda com a camisa limpa.

A única novidade nesse campo para o futebol foi a notícia da Máquina do Esporte de que o acordo com a Olympikus já está mesmo fechado, por valores próximos aos anunciados no ano passado. Pelo visto, o atraso no anúncio e as últimas reuniões com a Nike foram para tratar de um assunto desagradável: o Flamengo terá que ressarcir a empresa americana pelo período em que jogou usando os malfadados uniformes com as três interrogações. Somando isso ao adiantamento já feito pela Olympikus no ano passado e chegamos à conclusão de que o novo acordo não deverá ter lá muito impacto imediato nas contas rubro-negras - embora as perspectivas mais pra frente sejam boas, com um valor muito maior a ser pago do que o do contrato antigo e o lançamento das novas FlaShops espalhadas pelo país, administradas pelo novo parceiro.


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Enquanto isso, no basquete foi anunciado o acordo com a Cia. do Terno, que passará a estampar sua marca nas camisas do time. Já há um tempo vinha me chamando a atenção as placas no Maracanã, durante os jogos do Estadual, com a marca da empresa - achava curioso o investimento de uma empresa deste ramo nesse tipo de mídia. Mas a verdade é que o interesse deles no esporte não é novo; em 2007, tiveram Giovane, do vôlei, como garoto propaganda. Em seguida, passaram a patrocinar o Mackenzie, que passou a chamar-se Mackenzie Cia. do Terno, na Superliga feminina de vôlei. E agora veio o acordo com o basquete rubro-negro. É bom saber que o novo parceiro é alguém acostumado a trabalhar no esporte.

A notícia, é claro, é boa. São 400 mil reais pelos próximos dois meses, até o fim do Brasileiro de basquete. No entanto, pensando um pouco mais, a gente chega à conclusão de que as contas não fecham. Segundo a prestação de contas do próprio FlaBasquete.com, o Flamengo ainda tem a pagar até o fim de junho mais de R$1,7 milhão, entre salários, prêmios e outros compromissos com os atletas. Além do novo patrocinador, o clube já conseguiu de receita para o basquete o contrato com a Loterj (R$80 mil) e cerca de R$100 mil com a venda de camisas - o que dá um total de R$580 mil. Há ainda alguma receita com bilheterias dos jogos, repasse de TV (não encontrei informação sobre o valor), as camisas que ainda serão vendidas até o fim de junho e as mensalidades da escolinha do clube. Mas tá na cara que, somando tudo, o valor arrecadado ainda vai ficar bem abaixo do que se gasta com o time. Que é, sem dúvida, vencedor e motivo de orgulho para a torcida - mas custa caro.

É claro que o trabalho da nova equipe dos esportes olímpicos está sendo feito em regime de urgência, apagando incêndios, sem o tempo de fazer um planejamento prévio e conhecendo as situações à medida em que acontecem. Mas para o ano que vem, se Areias e equipe ficarem, o trabalho deverá ser grande para fazer com que as contas realmente fechem. É preciso criar novas ações, saber ativar os patrocínios já fechados para chamar a atenção de outros interessados, fechar outras parcerias e usar bem a Internet como canal de comunicação para encontrar o nicho de público do esporte. As receitas podem aumentar, é claro (como termo de comparação: a equipe do Universo, de Brasília, arrecada cerca de R$1,2 milhão por ano com seus patrocínios, de um banco e uma financeira). 

Mas, muito provavelmente, será preciso reduzir custos. Não é só no futebol que está se gastando mais do que se arrecada.

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