O marketing no basquete

Desde ontem, venho recebendo e-mails e mensagens de gente divulgando o projeto de marketing do Flamengo para salvar o seu basquete. E eis que hoje - dia do jogo decisivo do Sul-Americano, contra o Quimsa, na Argentina - foi o dia de seu efetivo lançamento, com uma coletiva na Gávea. E agora fica a expectativa para o quanto a torcida irá responder ao pedido de ajuda.




Foi lançada a tal camisa oficial, com receita de venda revertendo para o salário do time - uma boa idéia, com certeza. Os jogos passarão a ser no Maracanãzinho e terão jeito de evento, com participação de DJs, preliminar de streetball e outras atrações; quem tiver a camisa paga menos, e será possível a compra online de ingressos. Foi lançado ainda um site oficial específico para o basquete. Enfim: um pacotezinho de ações para mobilizar a torcida - que pode ganhar um impulso extra em caso de título, hoje à noite.


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É bom ter em vista que tudo o que está sendo feito agora é medida de emergência. Tudo está sendo feito às pressas, decisões de um dia pro outro, do jeito que dá com o dinheiro e tempo disponíveis. Areias assumiu o esporte olímpico, quer mostrar serviço e está se mexendo. E é óbvio que isso é melhor do que ficar imóvel. Mas como a pressa é inimiga da perfeição, muita coisa vai passar longe do ideal.

O vídeo de divulgação colocado no YouTube, por exemplo, é obviamente amador.

O site, por enquanto, conta apenas com um anúncio da camisa e um link para uma comunidade do basquete. Mas a camisa não está a venda online, porque o clube não conseguiu viabilizar isso a tempo (embora, no release divulgado hoje, haja a informação de que o www.flamengo.com.br seria um dos pontos de venda). A comunidade foi feita em cima do Ning, uma ferramenta gratuita onde qualquer um pode criar seu próprio mini-Orkut sobre o que quiser. A banda Ultraje a Rigor, por exemplo, tem o seu Ning funcionando há mais de ano. Nada contra - se existe, é grátis e serve ao propósito que se busca, tem mais é que usar mesmo. Mas é isso: foi o que deu pra fazer.

(Mas atenção: até o fim da semana que vem, está previsto o lançamento de um site pra valer - com informações sobre a equipe, produtos à venda, informações sobre ingressos, história, títulos e notícias.)

A venda de ingressos online realmente já existe - mas não se encontra por lá o próximo jogo, o do lançamento da campanha, contra o Universo/Brasília, nem há a opção de pagar o preço promocional para os donos da camisa do projeto.

E a promoção do ingresso mais barato para os donos da camisa é, na verdade, uma meia promoção. O preço máximo de ingresso já cobrado, na época dos jogos no Tijuca, foi de 10 reais. O normal é 5. E os primeiros jogos da NBB foram, simplesmente, de graça. Agora, passou a 20 reais por jogo - e aí a promoção é em cima deste novo preço. 

Como falei: é tudo medida de emergência, feita às pressas, em um contexto em que o próprio time andou entrando em quadra com camisa de protesto. Era preciso agir pra apagar incêndio, e rápido - ficam os parabéns pela iniciativa e a torcida para que tudo dê certo (apesar de que seja claro que não vai ser a venda de camisas que conseguirá cobrir a folha de pagamengos do basquete - embora tudo isso possa servir pra aumentar a visibilidade do time e atrair patrocinadores). Mas é pena que, na Gávea, as ações só surjam desse jeito.


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Este time de basquete, que pode vir a se tornar hoje campeão sul-americano, é motivo de orgulho para qualquer rubro-negro. Mas a maneira como ele foi montado é um exemplo de como não se fazer.

No fim do ano passado, veio a contratação bombástica de Baby, ex-NBA, trazido do exterior. Uma contratação cara. Semanas depois, o clube anunciava que o time simplesmente poderia acabar, por absoluta falta de dinheiro. Como é possível isso? Que espécie de planejamento foi esse?

Por isso, chegou-se a esta situação. O time foi mantido, pois tinha competições importantes a disputar, com chances reais de título, e não tiveram coragem de desfazê-lo. Mas o dinheiro não existe. A situação tem o grande complicador do contrato com a Petrobras, que não foi assinado até agora porque o clube deve impostos, e a BR não pode assinar com quem tem dívidas com o Estado. Assim, a grana simplesmente não entra.

E não vai entrar mesmo. Ao menos, não da Petrobras. Pode ser que eu esteja muito enganado, mas este contrato simplesmente não será assinado, porque o clube não tem, nem terá tão cedo, condições legais para assiná-lo. Por isso, a equipe de Areias já está liberada - e não esconde isso de ninguém - para procurar um outro patrocinador para a camisa.

O que também já deve estar sendo feito para o futebol.

Um comentário:

Marcos Monnerat disse...

"A meta é que sejam vendidas 12 mil camisas por mês para que sejam pagos os salários de jogadores e comissão técnica do basquete." http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Flamengo/0,,MUL1040644-9865,00.html

Só pode ser piada isso...

De qualquer forma, vou chegar na Flashop pra ver se já tem lá pra eu comprar a minha.