O que Cuca tem que mudar no Flamengo

Cuca já anunciou que vai mudar o time - o esquema, a escalação. O esquema, diz ele, ficou óbvio e precisa ser modificado. Não sei bem se o problema é essa previsibilidade de que o treinador falou, mas está claro pra todo mundo que há muito o que acertar.


- O Flamengo é o incrível time que joga em função dos laterais e não tem jogadas pela lateral. Ambos, Léo Moura e Juan, desistiram de jogar abertos. Afunilam todas as bolas, e não há outros jogadores no time que abram para compensar isso. O time insiste sempre pelo meio, as defesas se fecham por ali e fica quase impossível que algo de bom aconteça no ataque. Invariavelmente, começa a insistência em cruzamentos da intermediária.

Flamengo x Friburguense, a primeira partida do ano, foi a única a que assisti no estádio. Todo mundo deu desconto para aquela atuação, por ser a estréia - mas, ao que parece, os problemas do time se mantiveram iguais desde aquela partida, mesmo com uma ou outra alteração na escalação.

Naquele jogo, no primeiro tempo, deu pra ver como Obina fora instruído a ficar fixo na área, entre os zagueiros. Mas, sem mais nenhum atacante em campo pra entrar na área com ele e com todas as jogadas vindo pelo meio, ele ficava perdido ali, de costas pra marcação. Mal viu a bola, e o time criou pouco.

No segundo tempo, Cuca abriu Kléberson  pela direita, Éverton pela esquerda, e o time passou a jogar pelas pontas. Não foi uma grande atuação, mas o time melhorou bastante com isso e as chances de gol começaram a aparecer para o centro-avante. Nos jogos seguintes, Cuca não repetiu a fórmula - Marcelinho e Zé Roberto nunca jogaram como esses quase-pontas que Éverton e Kléberson foram naquele dia - e o time segue embolando pelo meio, partida após partida. A coisa só melhorou um pouquinho nos poucos momentos em que Éverton Silva - o incrível lateral que quer jogar pela lateral - esteve em campo.

Pode ser que, agora, Cuca parta para algo se aproximando do esquema de três atacantes que ele tanto gostou de usar no Botafogo e no Goiás e que foi testado naquele segundo tempo contra o Friburguense. Pode ser mesmo uma solução.


- Defensivamente, comenta-se que o time pode abandonar o esquema de três zagueiros. Eu gostaria ao menos de ver isso sendo tentado - e que se desse a Léo Moura e Juan a obrigação de ajudar lá atrás, como todo lateral faz. A questão é que, mesmo com os três zagueiros de hoje, a coisa já não está funcionando na defesa mesmo.

Muito se falou no lance do pênalti contra o Resende, que teria sido mal-marcado e ainda deu na expulsão injusta de Aírton. Mas isso ofuscou o fato de que Fábio Luciano havia sido driblado logo antes com uma facilidade constrangedora, e que o próprio Aírton tinha saído errado no combate mais à frente, pra depois voltar correndo atabalhoadamente pra cobrir o drible que o companheiro havia levado, dando um carrinho por trás que não deve ser dado nunca dentro da área - mesmo que se diga que aquilo não foi falta, é o tipo de lance que sempre vai ter tudo pra dar errado.

Dizem que os três zagueiros existiam não só pra liberar os alas, mas para facilitar a vida do capitão rubro-negro, que já não é esse garoto todo. Não está dando certo - os alas não resolvem na frente e, atrás, a zaga bate cabeça. Fábio Luciano não está bem e, assim como Jaílton não era, Aírton também não é zagueiro. Não faz o mesmo tipo de lambança que o mineiro fazia, mas também fica longe de ser o jogador que era quando jogava no meio-campo, sua verdadeira posição. E a coisa só piora sem Angelim. 

Ou seja: o problema não é só na frente. Por enquanto, com adversários mais fracos, o que salta mais à vista é a dificuldade de fazer gol. Mas em algum momento o time vai começar a ser mais exigido na defesa também - e não dá pra dizer que esteja preparado pra isso.


- Tem ainda o óbvio ululante: com a situação de grana do jeito que está na Gávea, as chances de qualquer coisa que o Cuca tentar dar certo a médio prazo é pequena. Sem dinheiro pingando na conta, mesmo os jogadores que tiverem a maior boa vontade e profissionalismo do mundo não se concentram direito em seu trabalho - imagine então os que já não são esse exemplo todo de dedicação. 

Aí vem um cara, xinga o seu superior com palavrões no ambiente de trabalho, dá entrevista dizendo que o maior problema foi isso ter se tornado público e ganha, como punição, uma multa em cima de um dinheiro que ele não vê a cor há meses. Chacota completa.

2 comentários:

dikssia disse...

- O Flamengo é o incrível time que joga em função dos laterais e não tem jogadas pela lateral.

Putz, eu arranco os cabelos quando eles cortam pro meio.

Anônimo disse...

Eu ja vi esse filme!!

Começo dos anos 2000...

Eleição que nao chega!!!!!!!