Estava eu muito enganado?

Eis que o Vasco, em um dia em que empatou com o Cabofriense, em casa, com o adversário tendo dois jogadores expulsos, conseguiu que as piores notícias viessem de fora de campo. Logo antes da partida, saiu a notícia da renúncia de José Henrique Coelho, vice de Marketing do clube. Mais tarde, foi divulgada sua carta-renúncia, cheia de acusações contra a administração de Roberto Dinamite, completada por uma entrevista também pesada publicada hoje.

Eu, que andei elogiando por aqui o que parecia ser um bom planejamento feito lá em São Januário, com os pés no chão, ainda estou bastante surpreso com as notícias, que mostram que eu posso ter me enganado e muito. Ainda outro dia, Coelho dava uma entrevista ao ótimo Olhar Crônico Esportivo, falando animado sobre planos futuros - como reformas em São Januário, o novo projeto de sócio-torcedor e a camisa a preços populares que a Champs está pra lançar. Pouco depois, surge esta bomba - e fico eu a imaginar qual teria sido a gota d´água que deu nisso.

José Henrique Coelho foi um dos fundadores e talvez o principal articulador do movimento de oposição que tanto brigou, dentro do clube e na Justiça, para tirar Eurico do poder. Mas, aparentemente, o tal Movimento Unido Vascaíno não era tão unido assim. O jornalista Gilmar Ferreira (mestre em dar notícias furadas sobre novidades no Flamengo e que, pelo que andou escrevendo nos últimos tempos, me parecia até torcer contra a administração Dinamite - mas que entende da política interna vascaína) deu a entender, em seu blog, que boa parte da explicação pra tudo isso está em uma disputa por poder entre Coelho e José Hamilton Mandarino, que acumula as vice-presidências de Finanças e de Futebol. E as acusações mais pesadas, de fraude no orçamento de 2009, são mesmo contra ele.

No duro, deve estar complicado gerir o orçamento do Vasco, com a não-assinatura do contrato da Eletrobras por conta da falta da tal CND (na verdade, tudo isso mostra como Flamengo e Vasco têm muito em comum). Imagino que a falta da receita projetada entrando nos cofres deva estar complicando a vida lá dentro e que isso possa ter ajudado na decisão de Coelho pular fora da caravela.

O mais intrigante de tudo isso é que, até agora, nada de declarações de Roberto Dinamite sobre o assunto. O único a se defender foi o genro do presidente, envolvido em uma das acusações de nepotismo - que se defendeu dizendo que é sócio minoritário da empresa contratada para gerir a logística de viagens do clube, que também presta serviços para mais de 30 clubes, incluindo outros grandes cariocas, e para a FBA, administradora da série B do Brasileiro.


Problemas também no tapetão

E quando a maré tá ruim, as coisas se acumulam - o time ainda foi punido com a perda de 6 pontos, o que elimina o time das semi-finais da Taça Guanabara. O pior é que isso veio por conta da escalação irregular de Jefferson na estréia do campeonato, que o Vasco perdeu do mesmo jeito. Ele era tão imprescindível assim, pra arriscar colocá-lo em campo em meio a uma polêmica jurídica?


E em campo?

Assisti ao tal empate do Vasco de ontem. Por incrível que pareça, mesmo com o empate contra um Cabofriense que teve dois expulsos, o time não jogou mal, principalmente no primeiro tempo. Mostrou um padrão já bem adiantado para um time em formação, com um elenco praticamente inteiro renovado.

A marcação no campo do adversário foi bem feita, foram poucos os erros de passe e o time soube variar jogadas pelos dois lados, virando o jogo constantemente - nisso, um destaque foi o mesmo Jefferson que pode causar a eliminação do time da Taça GB. Parece ser um jogador interessante, assim como o lateral Ramon e o volante Nilton. Faltou um pouco mais de penetração, pra transformar o domínio em mais chances de gol - a maioria veio de bolas paradas, até virem os cartões vermelhos para o Cabofriense. A partir daí, o Vasco foi pra cima com tudo, mas ansioso e meio desordenado. Com um pouquinho mais de sorte, a vitória teria vindo e seria justa - mas faltou mesmo tranquilidade.

De qualquer forma, o time mostrou serviço, apesar do mau resultado. Se a perda dos pontos for revertida no tapetão, pode dar trabalho a qualquer um que o enfrentar no mata-mata que vem por aí.

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