Estadual 2009 - Taça Guanabara - 1a. Rodada - Flamengo 1 x 0 Friburguense

É claro que tratava-se do primeiro jogo da temporada, aquele para o qual todo tipo de desculpa para todo tipo de fracasso vale. E bem - não foi exatamente um fracasso, já que o Flamengo venceu. E, além do mais, exemplos de times grandes que andaram tropeçando ou passando perrengue para conseguirem vitórias magras sobre adversários fracos não faltam, no Rio e em outros estados. Assim sendo, não é preciso nem dizer que não deu pra ficar satisfeito com a atuação do time de Cuca nesta estréia. Mas o mais interessante mesmo da partida era enxergar como o treinador começa a desenhar a equipe.

Pra começar: o Flamengo não deixou nunca de lado a linha de três zagueiros. Aírton colocou-se mesmo lá atrás, deixando Fábio Luciano na sobra. Um pouquinho à frente dos três, o volante Willians, bem fixo na marcação. Não jogou na mesma linha dos zagueiros, como Toró fazia ano passado - mas foi quase.

Léo Moura, assim, pôde jogar mesmo como ala, marcando mais adiantado, aberto pela direita. Já Juan teve posição menos fixa e jogou mesmo como meia - um tanto mais pela esquerda, mas um meia. Junto com ele, Kléberson e Íbson ficaram, no primeiro tempo, responsáveis pela armação do time. Marcelinho jogou mais à frente; mas atacante mesmo, fixo, apenas Obina - que ficou o tempo todo colocado no centro do ataque, entre os zagueiros.

No primeiro tempo, o time jogou torto demais pela esquerda. Enquanto Kléberson se juntava a Juan por ali, e ainda tinha o apoio eventual de Willians e até Angelim, nem Íbson nem ninguém fazia o mesmo pela direita, deixando Léo Moura sozinho. O Flamengo ficou previsível demais - e não ajudava a atuação de Marcelinho, lento pra se movimentar, lento pra resolver as jogadas. A bem da verdade, a melhor chance de gol no primeiro tempo foi do Friburguense.

Vendo isso, Cuca lançou Éverton no lugar de Paraíba no intervalo - em vez de tentar a outra formação que testou nos treinos, com a saída de Willians. O time teve uma certa melhora; enquanto Íbson flutuava pelo meio, Éverton abria pela esquerda e Kléberson passava a jogar aberto pela direita - mesma função que Fierro desempenhou mais tarde, ao entrar em seu lugar. O time passou a ter um tanto mais de opções de jogadas pelos dois lados e, mesmo ainda sem jogar bem, criou mais na segunda etapa do que na primeira. É bom Marcelinho abrir o olho, pois sua vaga está em perigo - mais ainda quando Zé Roberto puder jogar.

É bom dizer: é inegável que o andamento do jogo teria sido outro se o juiz não tivesse anulado, de maneira incrivelmente equivocada, o gol que o Friburguense marcou no início do segundo tempo. Logo veio o 1x0 de Juan (em um contra-ataque que ele próprio iniciou com um belo lançamento do campo de defesa) e o time pode ficar tranquilo em campo. Tão tranquilo que parte da torcida (uma parte, não a maioria) começou a vaiar na metade final do segundo tempo, pela preguiça e falta de objetividade do time. Pros 35 mil que encararam o sol, abriram mão da praia, ficaram de garganta seca (não só pela falta de cerveja; até refrigerante tava ruim de conseguir no Maracanã - depois eu falo mais disso) e pagaram ingresso pra prestigiar, pegou meio mal.

Enfim: não foi bom. Mas, bem ou mal, o time venceu, o que nem todo time grande por aí tá podendo dizer. E serviu pra gente começar a ter uma idéia de como o treinador imagina o Flamengo 2009.



25/1/2009 - 17h - Flamengo 1 x 0 Friburguense
Maracanã, Rio de Janeiro - RJ
Renda/público: R$ 562.847,00/ 34.132 pagantes

Árbitro: Leonardo Garcia Cavaleiro (RJ)
Assistentes: Luiz Antonio Muniz de Oliveira e Lilian da Silva Fernandes
Cartões amarelos: Ronaldo Angelim, Leonardo Moura (FLA); Gilson, Alex (FRI)

Gol: Juan, 12'/2ºT

Flamengo: Bruno, Aírton, Fábio Luciano e Ronaldo Angelim; Leonardo Moura, Willians, Kleberson (Fierro, 30'/2ºT) , Ibson e Juan (Toró, 40'/2ºT); Marcelinho Paraíba (Everton, intervalo) e Obina. Técnico: Cuca.

Friburguense: Adriano, Wallace, Crispin, Cadão e Gilson; Sergio Gomes, Elan (Emerson, 25'/2ºT), Victor Hugo (Ziquinha, 25'/2ºT) e Cassiano; Alex (Hércules, 14'/2ºT) e Tiago. Técnico: Cleimar Rocha.

Um comentário:

Marcos Monnerat disse...

É. Parece que o time jogou mal, que continuou se jogando a culpa da violência nos estádios na cerveja (ampliando ainda mais essa questão) e que, se não fosse a arbitragem nenhum grande do Rio teria vencido na estréia.

Um campeonato atraente e emocionante se anuncia... Ainda bem que não larguei minha praia...