As mutações de Cuca

Lembrei agora de uma piadinha que eu fiz certa vez, durante uma conversa sobre o time do Flamengo na época da primeira passagem de Cuca: "a beleza desta escalação é que dá pra variar o esquema sem mudar os jogadores - só trocando a posição do ponto e vírgula". Já naquela época, Cuca gostava de confundir todo mundo com esquemas difíceis de serem transformados em números. Por mais que, na imprensa, a escalação saísse no 4-4-2, olhando em campo a gente não via isso a maior parte do tempo.

É o que ele fazia no Botafogo, também. Por lá, ao longo das partidas, ele tinha um lateral que virava zagueiro, outro que virava meia, meia que virava atacante, atacante que virava lateral. Quando os jogadores pegavam o espírito da coisa, isso rendia momentos de futebol bonito, interessante de se ver. Mas, quando não pegam - como aconteceu com os jogadores de Santos e Fluminense no ano passado -, o time vira uma zona.

Por enquanto, poucos viram pra valer a equipe que Cuca andou montando em Teresópolis. Está até meio engraçado ler os relatos dos jornalistas que acompanharam os treinos. Um diz que o esquema é um 3-4-3, que vira 4-3-3; o outro já fala em 3-5-2, variando pro 4-4-2. Quem está certo? Provavelmente, todos.

Eu estou de longe, sem ver o time em campo. Mas consigo imaginar que Aírton vá funcionar como um zagueiro em determinados momentos e como um volante em outros. Que Léo Moura e Juan vão estar no meio-campo em determinadas horas, na defesa em outras, e possam até virar pontas mesmo. Que Paraíba e Éverton façam papéis tanto de meias quanto de atacantes - até revezando como ponta abertos com os laterais. Até Angelim pode passar da zaga para a lateral esquerda em algumas circunstâncias. Enfim: tirando Obina lá na frente e Bruno lá atrás, vai ser difícil dizer em que setor a maioria dos jogadores está sendo escalado.

É complicado, mas nem tanto. E Cuca tem as peças e o tempo necessário pra fazer funcionar. É esperar pra ver.

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