Li de alguns comentaristas, após a última rodada, a seguinte opinião: a luta pelo título vai se resumir a Grêmio e Palmeiras. Ao mesmo tempo, na coletiva do Maracanã, Caio Júnior afirmava que ainda via o Flamengo como candidato ao hexa. Hoje, Bruno diz a mesma coisa.
Quem está certo?
Parece cedo pra dizer que a disputa vá mesmo ficar entre os dois líderes. Se o Palmeiras pode sonhar, porque não o Cruzeiro, só três pontos atrás? E se o Cruzeiro pode, porque não o Flamengo, a 3 pontos dos mineiros?
Mas bem: pra haver alguma disputa, seja lá com quem for, o Grêmio tem que começar a perder. A frente que abriram já é bastante considerável. No returno, jogam fora contra Cruzeiro, Palmeiras, Inter, Vitória, todos confrontos complicados; mas talvez simplesmente vencer em casa pra eles já seja o bastante, e os únicos jogos contra times de cima em seu estádio serão contra Botafogo e Coritiba. São muitos confrontos em que a vitória parece certa até o final do campeonato.
A verdade é que se o técnico do Grêmio, em vez de Celso Roth, fosse um Muricy Ramalho ou um Luxemburgo, todos já dariam o campeonato como resolvido. Mas ninguém bota fé que um time dirigido pelo Roth, que todo mundo conhece, vá segurar a onda até o fim. Depois de uma derrota no Maracanã e um empate em Recife, muitos já se apressaram a dizer que "o Grêmio está caindo". Mesmo após a vitória sobre o Vasco, li coisas como "o futebol mostrado não foi aquele". E quando tinha sido? E quem tem mostrado aquele futebol?
O jogo com o Vasco não foi mesmo uma grande exibição. Mas o time, na verdade, mostrou o que já vinha mostrando antes, principalmente em casa: uma marcação forte - muito a base de faltas mesmo - desde o campo do adversário. Recuperam ela já no seu ataque e, assim, na base da pressão, acabam conseguindo seus gols - em geral em bolas cruzadas, boa parte da intermediária mesmo, porque não se trata de um time que abra muito as jogadas ou busque a linha de fundo com frequência. O esquema é com três zagueiros não para liberar os laterais pro apoio, mas para que a marcação dos outros possa começar mais na frente, sem medo de ficar aberto lá atrás.
O armador é Tcheco, que não é brilhante, mas se movimenta muito e com eficiência; e há ainda os volantes William Magrão (que não jogou esse último jogo) e Rafael Carioca vindo de trás. Pode ser que Roth mexa nessa estrutura de meio-campo, porque está entrando agora o Souza, ex-São Paulo, que já ganhou vaga de ala num jogo, no outro entrou no lugar de um dos volantes - mas isso parece ofensivo demais pro que o Roth costuma fazer. Há ainda o uruguaio Orteman, que dizem que chega pra ser titular e tem um perfil mais de armador também.
Quem sabe na hora de encaixar estas peças novas o treinador não acaba se perdendo? Se é pra torcer por alguma coisa, aí está algo em que se agarrar. Mas a verdade é que o Grêmio joga o simples, não tem muito segredo e não parece que possa dar uma grande despencada de uma hora pra outra, como o Flamengo deu - simplesmente porque o sistema não depende de jogadores específicos pra funcionar. É por isso que pode sair um Perea, que ninguém botava fé, e entrar um Reinaldo, que nunca impressionou ninguém no Botafogo, por exemplo, e o cara faz gol também.
Além disso: quem quiser brigar tem que encaixar uma bela sequência de vitórias. O aproveitamento que se espera de um time campeão é de 66%, e só o líder mesmo está conseguindo isso até agora. Só torcer por tropeços não adianta - tem que fazer sua parte. A tal da janela fechou, os times agora são esses mesmo, e nenhum está mostrando consistência pra sair ganhando de todo mundo. O Grêmio não empolga ninguém, é claro, mas como ninguém até agora mostrou nada melhor... A cada rodada, a coisa se complica mais.
Um comentário:
Ééé..
Eu já perdi as esperanças..
Pelo menos, se manter esse time, podemos esperar coisas melhores na Libertadores e no Brasileirão do ano que vem, quando tudo recomeçar do zero..
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