Quem liga para a Seleção?

Um comentário bem comum nos fóruns e blogs rubro-negros por aí, nesses dias de pausa do Brasileiro: "que saco essa seleção brasileira! Saudades do Mengão!". Com certeza, o mesmo se repete nos espaços internéticos das demais torcidas. Além do fato de não ter seu time em campo pra assistir, os torcedores ainda enfrentam a super-exposição de assuntos relacionados ao scratch canarinho, em proporção bem acima do interesse que eles realmente despertam nas pessoas.

É algo de que já falei por aqui: o maior problema da seleção hoje não está no gol, na defesa, no meio-campo ou no ataque, e sim no fato de que as pessoas ligam cada vez menos pra ela. E isso está se refletindo na "decepcionante" venda de ingressos para o jogo de hoje à noite no Engenhão - que, apesar de ter boa parte de seus lugares reservados à praga dos vips, deverá ter espaço sobrando na platéia.

É bom considerar que a maior parte dos cariocas ainda não está acostumada a ir ao novo estádio, que não é tão central como o Maracanã. Assim, despencar pra lá para uma partida de meio de semana, que começa às 22h da noite - trabalha-se no dia seguinte! -, com transmissão na TV aberta, não parece algo lá muito animador. Os ingressos mais baratos custavam 30 reais, e estes já estão esgotados; agora, os que sobram saem por 100 reais (ou 50 a meia). Salgado.

E por que as pessoas não ligam pra seleção? O Mauro Cézar Pereira falou disso no blog dele hoje - tem a ver com os jogos serem quase sempre fora do país e com o fato de que a realidade daqueles jogadores está muito distante da nossa. Eles são ricos, moram longe e, em parte, são mesmo desconhecidos, por terem se mandado do Brasil muitas vezes antes de tirarem carteira de motorista. Poucos podem dizer que realmente já viram o Rafinha jogar, por exemplo.

Seria uma possível solução passar a convocar só gente daqui? O Lula, entre seus pitacos que estimularam Dunga e comandados a massacrar o Chile, soltou essa. Não é uma idéia nova - e às vezes eu simpatizo com ela, embora perceba que esse time duraria pouco. A cada convocação, teria que mudar tudo, já que os selecionados iriam sendo vendidos para Itália, Espanha, Tanzânia e Bangladesh.

Além, é claro, de que enfraqueceria o time. Qual seria a seleção possível com o que há por aqui hoje?

De cabeça, sem pensar muito - dêem aí suas idéias, mas não vale só dizer "fulano na seleção é impossível", tem que dizer quem chamaria no lugar. Em vermelho, os titulares.

Goleiros: Marcos (Palmeiras), Vitor (Grêmio), Rogério Ceni (São Paulo)
Laterais: Léo Moura (Flamengo), Élder Granja (Palmeiras), Juan (Flamengo), Leandro (Palmeiras)
Zagueiros: Thiago Silva (Fluminense), Fabiano Eller (Santos), Ronaldo Angelim (Flamengo), Rodrigo (São Paulo)
Meio-campo: Hernanes (São Paulo), Ramires (Cruzeiro), William Magrão (Grêmio), Íbson (Flamengo), Alex (Internacional), Wagner (Cruzeiro), Lúcio Flávio (Botafogo)
Atacantes: Nilmar (Internacional), Kléber Pereira (Santos), Alex Mineiro (Palmeiras), Keirrison (Coritiba)


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Claro: no duro, essa questão da não-identificação do povo com a seleção é muito secundária pra quem administra o negócio. Pra CBF, ter uma seleção em que os jogadores estão todos fora e são valorizados por lá é muito mais lucrativo.

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