O sonho não acabou

Dunga - é, amigo...Aqueles que estavam esperando a queda de Dunga e se frustraram com a vitória sobre o Chile devem ter voltado a se animar depois do que aconteceu ontem. Empate com a Bolívia, em casa, com um a mais durante o segundo tempo inteiro, é realmente dose pra elefante.

Fazer uma análise mais técnica ou tática desse jogo é até complicado. Os bolivianos vieram na retranca, esperaram o Brasil sempre em seu campo, com os onze atrás da linha da bola - se os brasileiros quisessem ficar tocando de lado no próprio campo, poderiam fazê-lo até o jogo terminar que ninguém de verde se animaria a avançar um pouquinho. Claro, é difícil jogar contra um adversário tão fechado. Mas é a vida; não vai ser nem a primeira nem última vez que uma Seleção Brasileira vai enfrentar este tipo de coisa. E o fato é que o time simplesmente não soube o que fazer. A estatística que ouvi é que a Bolívia teve mais chutes a gol que o Brasil - mesmo não passando do meio-campo durante toda a segunda etapa, depois da expulsão de um de seus zagueiros (que achei meio exagerada). O goleiro deles praticamente não trabalhou.

Voltando um pouco: o Brasil não soube o que fazer? Ou não estava muito a fim? Eu não sou daqueles que sempre grita "queremos raça" quando a coisa está feia e estava mais para a primeira opção - até faltarem três minutos pra acabar o jogo. Ali, de repente, parece que finalmente caiu a ficha: "caceta, vamos empatar com a Bolívia!" E o time começou a correr e dar pinta de que, quem sabe, um gol poderia sair. Sim, porque durante os outros oitenta e tantos minutos, não deu pra imaginar o placar saindo do zero em momento algum, a não ser por algum lance isolado. Aí, deu pra ver que o problema não era só tática, técnica, entrosamento, enfim - mas também, e muito, vontade.

Depois daquele 3x0 em Santiago, tinha que acontecer um desastre muito feio pra Dunga voltar a ficar ameaçado. Será que a feiúra de ontem foi suficiente?


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O espetáculo triste serviu não só de exemplo do que esta seleção é capaz quando (não) quer, mas também de como anda a sua relação com a torcida. Depois dos mineiros terem aplaudido Messi e tudo o mais, os cariocas ontem foram mais longe - simplesmente não apareceram no estádio.

O tanto de espaço vazio no Engenhão foi algo de constrangedor. Claro: o ingresso era caro, era quarta à noite, o estádio é desconhecido, tinha transmissão ao vivo na TV. Mas eu não tenho lembrança de ter visto arquibancada vazia em jogo oficial da Seleção. E o Engenhão, vamos lembrar, não é o Maracanã - a capacidade é menos da metade. Vamos combinar que teve alguns jogos do Botafogo ao longo do ano que levaram bem mais gente pra lá, e com certeza Bebeto de Freitas não distribui tantos ingressos para convidados e patrocinadores quanto o Ricardo Teixeira.

Sem contar que, desde o início, não se ouviu um canto, um grito de incentivo à seleção. As primeiras vaias surgiram antes da metade do primeiro tempo. A torcida só se animou a gritar "adeus Dunga" e "burro" - além do justo coro por Obina.

Não sei se alguém na CBF se preocupa com essas coisas. Mas isso aí não é só por conta do que Dunga e companhia têm mostrado em campo. E, pra mim, a prioridade seria resolver o que aconteceu ontem nas arquibancadas do Engenhão, e não no campo.


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E o Juan?

No meio daquilo tudo, fez o que pôde. Se apresentou, tentou algumas jogadas individuais - a grande maioria sem sucesso - e participou de quase todos os (poucos) lances de perigo do time: um cruzamento que um zagueiro tirou na hora H, um chute da entrada da área por cima do gol, a falta cobrada na cabeça de Julio Baptista no finzinho. Em comparação com o lateral do outro lado, Máicon, produziu bem mais.

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