Brasileiro 2008 - 21a. rodada - Flamengo 2 x 1 Grêmio

Foi uma exibição de animar a torcida. Contra o líder do campeonato, o Flamengo conseguiu não só um belo resultado, mas também a melhor atuação em muito tempo. Não deixou o Grêmio escapar na tabela, se aproximou do G-4 e deixou a impressão de que os jogadores, afinal, formaram um time. É questão de seguir trabalhando.


O primeiro tempo: domínio total do Flamengo

Desde os primeiros minutos da partida, deu pra ver que o Flamengo seria diferente do time desorganizado das últimas rodadas. E isso porque as novidades do time - Maxi, Marcelinho, Kléberson e Aírton - não se omitiam; todos eles se movimentavam, se apresentavam para o jogo. Com gente se mexendo pra receber, os passes ficam mais fáceis e Íbson cresceu de produção. Léo Moura e Juan já não precisavam mais jogar sozinhos. E, com isso, o Flamengo era um time que trocava passes, girava o jogo de um lado pro outro, tinha jogadas pelos dois lados do campo. E tudo isso combinado a uma marcação mais adiantada, que não deixava o Grêmio jogar.

Apesar disso tudo, as chances de gol não foram tantas. Primeiro, porque do outro lado estava o time de melhor defesa do campeonato, e jogando recuado. Segundo, porque apesar do time chegar bem do lado da área adversária tanto pela esquerda quanto pela direita, em jogadas que sempre pareciam perigosas, na hora do cruzamento a bola sempre saía errada. Se o time continuar jogando assim e se acertar neste fundamento, a produtividade será muito maior. De qualquer forma, o gol merecido acabou saindo, graças a uma rebatida do goleiro gremista em um chute de fora da área que Maxi aproveitou bem.


Segundo tempo: parecia tranquilo, mas...

O ritmo forte da primeira etapa cobrou seu preço. Os quatro novos titulares, que fizeram tanta diferença antes, cansaram. Celso Roth também mexeu no Grêmio, trazendo Souza para o meio e lançando Makelele na ala direita - e ele veio com disposição para causar problemas nas costas de Juan. O domínio rubro-negro já não era o mesmo, o adversário chegava mais ao ataque, mas ainda assim a partida seguia sem grandes sobressaltos. Tirando um ou dois chutes de fora da área, os gaúchos não ameaçaram Bruno e o Flamengo teve as duas melhores chances de marcar, com Marcelinho e Maxi (esse em uma bela jogada de Íbson).

Mas aí veio o gol do Grêmio, em uma cobrança de falta inacreditável do meio da rua. E bateu o desânimo.

Desânimo em mim, no caso. Não dava pra acreditar que o time deixaria de ganhar aquela partida, jogando bem, graças a um gol como aquele. E com o time cansado, me parecia que a vaca tinha ido pro brejo.

Por sorte, o time do Flamengo não reagiu da mesma maneira. Colocou a bola no chão e reagiu. Reparem no vídeo do segundo gol: o time vem tocando a bola desde o meio do campo, de pé em pé. O mesmo Marcelinho que estava na intermediária para dar o passe para Juan na ponta esquerda é quem aparece na frente para concluir. E o time chegava com força, com muita gente na área para aproveitar a jogada.

Mas ainda houve a cota de perrengue obrigatória nos últimos minutos, quando os rubro-negros não souberam ter tranquilidade pra manter a posse de bola e deixaram o adversário partir pro abafa. Mas terminou 2x1 mesmo e o Grêmio voltou pra Porto Alegre com sua terceira derrota no campeonato - todas no Rio.


O juiz

É bom dizer que o cara atrapalhou o Flamengo. Não marcou um recuo de bola pro goleiro no primeiro tempo e um pênalti em Marcelinho no segundo, além de não ter dado o cartão vermelho que o zagueiro Jean merecia. E ainda se enrolou em vários lances bobos.


As novidades do time

Aírton teve uma boa atuação. Impressionante como marca bem, sem fazer faltas. E, com a bola, também sabe jogar. Ajudou a melhorar o time e merece a vaga de titular. Mas vale prestar atenção em dois defeitos costumeiros que voltaram a aparecer ontem. O primeiro é uma certa auto-suficiência, que fez com que desse mole na saída de bola e quase entregasse um ou dois gols. E o segundo: mais uma vez, entrando de início, não aguentou o jogo inteiro. Já havia acontecido antes.

Kléberson não foi brilhante. Mas se movimentou bem, desafogou Íbson, apareceu pra tocar a bola. Não conseguiu manter o ritmo o jogo inteiro, mas era natural voltando pra quem voltava de contusão.

Maxi teve inteligência pra não ficar impedido, atenção pra correr no rebote do goleiro e categoria pra tocar a bola para a rede no lance do primeiro gol. Além disso, correu muito, deu opção de jogada e ajudou na marcação. Mas, no duro, deu sequência a poucos lances - e também cansou no segundo tempo. Pode melhorar.

Marcelinho também se mexeu, procurou a bola e mostrou boa visão de jogo. Foi quase que um armador no ataque, dando bons passes. Mas, além de prender um pouquinho a bola além da conta em um ou outro contra-ataque, não foi aquele atacante incisivo, que busca o gol, que a torcida talvez esperasse. Mas está entrando agora, já ajudou a melhorar o time e pode crescer.


E os gremistas do boteco?

Seria maneiro dizer que o Flamengo calou os caras - não ouvi em nenhum momento do jogo o infame "vou torcer pro Grêmio bebendo vinhooooo" que invade meu apartamento a cada rodada. Mas o provável é que eles estivessem todos no Maracanã mesmo.




21/8/2008 - Flamengo 2 x 1 Grêmio
Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Renda/público: R$ 497.038,00 / 28.617 pagantes

Árbitro: Wilson Luiz Seneme (Fifa-SP)
Auxiliares: Ednilson Corona (SP) e Roberto Braatz (PR)
Cartões amarelos: Jean, Pereira, William Magrão (GRE); Toró (FLA)

Gols: Maxi, 26'/1ºT (1-0); Souza, 37'/2ºT (1-1); Toró, 40'/2ºT (2-1)

Flamengo: Bruno, Jaílton, Fábio Luciano e Ronaldo Angelim; Léo Moura, Aírton (Toró, 29'/2ºT), Ibson, Kleberson (Obina, 29'/2ºT) e Juan; Maxi (Jônatas, 36'/2ºT) e Marcelinho Paraíba. Técnico: Caio Júnior.

Grêmio: Victor, Jean (Reinaldo, 27'/2ºT), Pereira e Réver; Souza, Rafael Carioca, William Magrão, Tcheco e Anderson Pico (André Luiz, 18'/2ºT); Perea (Makelele, intervalo) e Marcel. Técnico: Celso Roth.

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