O resultado não foi nenhum desastre inesperado, nem foi uma atuação horrorosa. Mas a derrota de ontem deixou uma pulga atrás da orelha quanto ao que o time, com as duas perdas que o elenco teve recentemente, pode apresentar daqui pra frente.
A verdade é que a derrota foi injusta. O Flamengo anulou o Coritiba com tranquilidade, quase não foi ameaçado, controlou a posse de bola durante toda a partida - e isso jogando na casa do adversário. O gol que levou, foi em um lance de azar, um chute despretensioso de fora da área que desviou na zaga e matou Bruno. Num todo, o time marcou muito bem, no campo inteiro, não deu espaços para o Coxa jogar. Neste ponto, foi das melhores atuações do time em muito tempo, mostrando a força defensiva que o faz candidatíssimo ao título.
Mas e daí? No final, foi 1x0 Coritiba.
O fato é que, embora o time tenha mantido a bola o tempo inteiro, não soube transformar o domínio em chances de gol. Teve mais oportunidades que o Coritiba, é claro; houve uma clara com Jaílton no primeiro tempo, outras com Jônatas e Obina no segundo. Mas foi pouco, muito pouco. Em nenhum momento, mesmo com todo o controle da partida, houve a impressão de que o gol estava pra sair.
E isso porque, com a bola, a equipe trocou passes com lentidão, se movimentou pouco para dar opções, não teve rapidez na transição da defesa para o ataque. Seria injusto colocar a culpa disso em um só jogador, já que foi um problema realmente coletivo, mas dá pra dizer que o time jogou no ritmo de Jônatas: pegava a bola, levantava a cabeça, parava, olhava, olhava mais um pouquinho... E aí até acertava o passe, mas com o adversário já postado, pronto pra cercar e evitar que a jogada desse em algo de perigo.
Além disso, insistiu-se em jogadas pelo meio o tempo inteiro. Juan, sem apoio de ninguém quando pegava a bola pela esquerda - tirando uma combinação interessante com Íbson no primeiro tempo -, chegava próximo à area adversária e tentava partir pro meio. Já Léo Moura, incompreensivelmente, jogou de meia. Pela direita, as jogadas só surgiram quando entrou Maxi, que ao menos abriu o jogo e teve chances de partir no mano a mano pra cima da defesa do Coritiba.
O ataque realmente não funcionou. Souza e Tardelli foram nulos, de maneira constrangedora. Não sou fã de nenhum dos dois, não os vejo como titulares e prefiro realmente a dupla que entrou durante o segundo tempo. Mas o fato é que Obina também não conseguiu pegar muito na bola (tirando o belo chute que Édson Bastos defendeu, na melhor finalização do jogo) e Maxi, embora tenha dado mais opção de jogo, não conseguiu levar vantagem sobre a defesa em nenhum lance. Caio Júnior, com a necessidade de abrir uma defesa fechada e com o time afunilando o tempo todo, poderia ter sido um tanto mais ousado, mantendo Tardelli aberto de um lado e lançando Maxi do outro. Mas preferiu manter o mesmo esquema o tempo inteiro, achando que uma hora a bola ia acabar entrando. E não entrou.
Já o Coritiba, que jogava desfalcado, está levantando as mãos para o céu pelos três pontos. Mesmo jogando diante de sua torcida, entrou em campo recuado e só preocupado em defender. E isso fez bem. Mas trouxe o Flamengo para o seu campo e não teve nem opções de contra-ataque. O torcedor saiu feliz com a vitória, mas a atuação foi de um time que não pode ter nenhuma ambição no campeonato.
No duro, contra o Vasco o domínio rubro-negro também foi grande, mas da mesma maneira não houve muitas chances criadas - o Flamengo ganhou dois gols de presente e o terceiro saiu num chute espírita de Cristian. E eis aí a pulga atrás da orelha: será que, com o que tem no elenco hoje, Caio Júnior será capaz de fazer o time jogar de maneira mais dinâmica, mais criativa? Tirando Erik Flores e Fellype Gabriel, dois garotos que não parecem ter peso pra serem hoje titulares do Flamengo, não há esse meia mais rápido, que jogue mais próximo ao ataque, se mexa e faça melhor a ligação com os atacantes. A entrada de Kléberson pode até melhorar a situação, ele está fazendo falta, mas não é exatamente o tipo de peça que se imagina estar faltando.
17/7/2008 - Coritiba 1 x 0 Flamengo
Couto Pereira (Curitiba, PR)
Renda/público: R$ 627.375,00 / 33.321 pagantes
Árbitro: José Henrique de Carvalho
Auxiliares: Cleriston Clay Barreto Rios e Márcio Luiz Augusto (SP)
Cartões amarelos: Rodrigo Mancha (Coritiba), Hugo (Coritiba), Juan (Flamengo), Dininho (Flamengo), Jônatas (Flamengo), Édson Bastos (Coritiba)
Gol: Rodrigo Mancha (Coritiba, 17 min. / 1o. tempo)
Flamengo: Bruno, Léo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim (Dininho) e Juan; Jaílton, Cristian, Jônatas e Íbson; Tardelli (Obina) e Souza (Maxi). Técnico: Caio Júnior.
Coritiba: Édson Bastos, Maurício, Rodrigo Mancha e Felipe; Rodrigo Heffner (Arílton), Leandro Donizete (Veiga), Carlinhos Paraíba, Marlos e Rodriguinho; Hugo e Keirrison (Kadu). Técnico: Dorival Júnior.
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