Passando agora em frente às Laranjeiras rumo ao trabalho, vi a fila absurda de tricolores para comprar ingresso para o jogo da próxima quarta. Eram 8h40 da manhã e a venda só começa às 11h. Gente com cadeira de praia, jogando cartas - enfim, aquele esquema comum em jogos mais importantes do Flamengo, como os do fim do Brasileiro do ano passado ou as finais do estadual deste ano. A cada vez que apareciam estas cenas de filas rubro-negras, aparecia algum torcedor de outro time comentando do meu lado: "flamenguista é muito maluco mesmo, vê se pode".
E agora lá estão os tricolores, na mesma situação.
Estou me dando conta disso: o torcedor do Fluminense, agora, está sentindo um tanto do dia-a-dia do rubro-negro, um pouquinho - um pouco só - do que é ser Flamengo. E estão achando tudo muito surpreendente! É fila de horas pra comprar ingresso, é pensar em quanto vai estar na mão do cambista, ter que chegar mais cedo pra conseguir lugar, assistir o jogo todo em pé. É ver seu time ocupar as manchetes principais da seção de esportes de cada jornal, todo dia.
E é também ver os outros secando o seu time. Enquanto para o torcedor do Flamengo faz parte de sua rotina e natureza ser visado 365 dias por ano por todos os torcedores de todos os outros times, esta é a primeira vez em muito tempo que o tricolor dá um motivo real para que os demais - rubro-negros inclusive - torçam contra. E estão estranhando! O vascaíno até sabe o que é isso, teve sua fase boa ali no início dos anos 2000, mas o tricolor não. E têm comentado, com ar superior, sobre como os outros têm se dedicado à secação, têm gritado na janela quando sai gol de seus adversários, como se fosse algo inédito na civilização ocidental. Eu estava no Maracanã, mas minha digníssima contou que até fogos soltaram depois de gol do América do México.
(Tá certo: foi surreal um fulaninho que começou a cantar de sua janela gritos do Boca em espanhol lá perto de casa. Tem maluco pra tudo.)
Enfim: paciência. Quem não é tricolor deve entender que o Fluminense está vivendo o maior momento de sua história. É a hora deles.
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