Conversa com Ricardo Hinrichsen, diretor executivo de marketing do Flamengo - Parte 6

Mas por que o Flamengo não tem um sócio-torcedor?

Esta é a pergunta que muitos, muitos mesmo, se fazem – especialmente ao ler sobre o sucesso de Inter e Grêmio. Mas bem: nos moldes do que eles fazem, não vai ter mesmo. Pelo menos, é o que diz Hinrichsen. O Cidadão Rubro-Negro não coloca ingressos pra jogo – talvez uma preferência, pelo que peguei, mas só.

“Sem estádio próprio, é impossível”, ele decreta. Mas e o Fluminense, que fez o dele no Maracanã? “Fez e fechou duas semanas depois!”. A explicação pra isso que foi divulgada, eu repliquei, é que eles tinham vendido 15 mil passaportes muito rápido, havia a Libertadores pela frente e não queriam lotar o estádio de gente “entrando de graça”, pois perderiam a receita que poderiam ter com ingressos caros. Hinrichsen respondeu categoricamente: “Isso não é verdade. Eles encerraram porque viram que não teriam como tocar o projeto no Maracanã”. Fica a curiosidade pra ver se o Fluminense realmente não seguirá com a idéia em 2009, depois de ouvir isso com tanta certeza.

“Pode olhar, não há projeto desse tipo que seja bem sucedido feito por clubes sem estádio.” Eu ainda citei o Corinthians, que tem seu projeto e não é dono do Pacaembu, mas o diretor insistiu que projetos assim, sem o clube ser dono do espaço, não têm futuro.

Depois de um pouco de papo em cima disso, surgiu outra questão: o Flamengo trabalha com uma operadora de ingressos, a BWA, que adianta ao clube dinheiro que entrará com a arrecadação para fechar rombos no caixa rubro-negro. Se o público for todo de “sócios”, sem a grana entrando para uma operadora como esta, como este tipo de operação poderia ser feito?

”Esta questão toda com ingressos é complicada”, ele concluiu. “Já quebrei muito a cabeça com isso e resolvi ir por onde eu posso mexer”.


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Mas bem: o Cidadão Rubro-Negro não será um sócio do clube. “No Inter, o cara pode votar, mas é com um peso diferente – eles tem 70 mil sócios, mas só uns 20 mil podiam votar nessa eleição agora”, afirmou Hinrichsen. A questão, na verdade, é que o cara tem que ser sócio por um tempo pra poder votar, eu coloquei – a maioria dos 70 mil ainda não têm esse tempo agora, daí a diferença de números. Mas claro que a realidade de cada clube é a realidade de cada clube. “Politicamente, de zero a cem, a chance de aprovarem no estatuto que um cara pague 15, 30 reais e vote pra presidente é zero”.

“Mas o Sócio Off-Rio não é isso?”

”É, mas o Sócio Off-Rio não deslanchou, tem uma enrolação, todo mundo fala que ninguém ganha nada pra ser sócio...”

Coloquei pra ele a dificuldade que existe hoje para se associar nesta modalidade, tendo que enviar documentos por carta e tudo o mais. Ele concordou e afirmou, sem muita convicção, que o sócio off-Rio poderá ser atrelado ao Cidadão Rubro-Negro de alguma forma. Não haveria sentido em divulgar os dois projetos em paralelo, como coisas diferentes, ele disse (e faz sentido). Talvez o sócio que se tornar Cidadão já tenha automaticamente as vantagens do Cidadão Premium, por exemplo. É esperar pra ver.

Enfim: se o que você espera ver o Flamengo com 50, 60, 70 mil sócios pra valer, é esperar sentado. Os planos não são neste sentido. Mas poderão haver por aí, quem sabe, milhares e milhares de cidadãos rubro-negros cadastrados em um futuro próximo. Amanhã, o texto é sobre o que falta pro projeto sair do papel.

6 comentários:

André Luiz de Ávila disse...

Grande André!
Ótima essa entrevista sobre o marketing do Mengão!
Abraços!
André Ávila

Anônimo disse...

“Politicamente, de zero a cem, a chance de aprovarem no estatuto que um cara pague 15, 30 reais e vote pra presidente é zero”

Mas no site tá dizendo bem claro que pode votar sim, sem mencionar a carência de 3 anos.

Pelo que entendi, quem se inscreveu nessa modalidade em 2006, quando foi criada, não poderá votar em 2009. Que beleza.....

André Monnerat disse...

Lucas, pode votar sim.

Ele é que tinha esquecido da modalidade "off-Rio" quando soltou essa - eu é que lembrei da existência disso, aí ele falou que "ah, isso não pegou...", enfim.

Pra você ver a importância que isso tem lá dentro do clube...

Anônimo disse...

Andre, então não entendi. A frase que o RH passou é bem clara. Pelo que vi, o conselho ainda não aprovou que o sócio off-rio, o que paga lá os 15, 20, 30 reais, possa votar. Mas o site diz que pode. Em 2009 é que saberemos a verdade. Mas nem é isso que me aflige, e sim, como irá votar. Colocarão urnas no país todo ou o infeliz terá de ir à Gávea?

André Monnerat disse...

Lucas, vai na fé: ele falou isso porque simplesmente esqueceu que existe o sócio off-Rio. Com certeza absoluta. Pode votar sim.

Agora, isso de "como irá votar" é outra questão. Nunca aconteceu, até hoje. Eu apostaria que o cara vai ter que ir até a Gávea.

Anônimo disse...

Bom, se ele esqueceu, meodeus. Confio em vc, André.

Mas vai ser engraçado ver o Flamengo se virando para convencer os off-rio a vir pra cidade votar.