O Fluminense tem o que precisa na hora de decidir

O Botafogo hoje deu azar de ter lances-chaves acontecendo contra si em momentos decisivos - e de ter à sua frente um adversário que cresce nos momentos mais importantes.


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Um gol no finzinho do primeiro tempo, evitando que o Botafogo fosse para o intervalo vencendo; uma expulsão besta de um jogador botafoguense, no momento em que seu time era melhor em campo; e o gol da virada na jogada seguinte ao cartão vermelho, colocando o time de Oswaldo de Oliveira em desvantagem no placar e no número de jogadores quase que ao mesmo tempo. O Fluminense tem um elenco melhor e teve hoje uma bela atuação, mas foram estes os lances-chave que levaram à goleada tricolor.

O Botafogo fez seu gol logo no início, o que deve ter criado um clima de otimismo para os alvinegros depois da bela vitória sobre o Vasco. Porém, depois disso não conseguiu mais jogar bem no primeiro tempo. Recuou, apelou muito para a ligação direta - talvez tenha sentido muito a falta de Andrezinho, normalmente o meia que mais busca o toque de bola no time - e entregou a posse de bola ao Fluminense. Mas ao menos marcou bem, fazendo com que os tricolores não criassem quase nada e com que o primeiro tempo fosse bem chato de se assistir. Ao menos houve o gol de bicicleta de Fred nos minutos finais, mudando o destino do jogo.

O Botafogo voltou melhor no segundo tempo, adiantando a marcação e tomando a iniciativa do jogo. Mas isso foi por água abaixo ao ficar com um a menos e levar em seguida o gol da virada. Oswaldo de Oliveira é mesmo um treinador de vocação ofensiva, merece elogios por isso, mas hoje poderia ter sido um pouquinho mais cauteloso. Preferiu colocar Fellype Gabriel como lateral em vez de recompor sua defesa, o que provavelmente seria mais recomendável - especialmente considerando que este era um jogo que só termina domingo que vem e seria mais fácil buscar o resultado quando não estivesse com um jogador a menos. Fellype foi mal na marcação no lance do terceiro gol tricolor; além disso, com seu meia de melhor passe deslocado para a lateral, o Botafogo passou a ter ainda mais dificuldade para ficar com a bola. O Fluminense passou a trocar passes no ataque o tempo inteiro, a marcação do Botafogo não encontrava Deco e a goleada saiu naturalmente - e com gols sempre bonitos, especialmente o último. Poderiam até ter sido mais.

Acho que já escrevi aqui que, além de ter do meio pra frente jogadores de qualidade e boas opções de banco em todas as posições, o elenco do Fluminense tem uma característica importante para quem quer ser campeão: jogadores acostumados a chamar a responsabilidade de decidir. É o caso de Fred, Deco, Thiago Neves e até mesmo Rafael Sobis. Na hora H, são caras que não se escondem e que tentam lances para definir uma partida. Não é à toa que as melhores atuações tricolores no ano foram nos jogos com mais jeito de decisão: a final da Taça Guanabara contra o Vasco, a partida na Bombonera contra o Boca, esta final do Estadual contra o Botafogo. O time não vinha fazendo bons jogos e pode até ser eliminado pelo Inter na Libertadores, mas nunca será por falta de personalidade.

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Dificilmente alguém imaginaria que aquele cara que não conseguia jogar quatro jogos seguidos sem se machucar ainda viria a jogar o que está jogando no Fluminense. Como é bom o tal do Deco. Um meia que não só aparece com os passes decisivos que aparecem bem na edição dos melhores momentos, mas também ajuda o time a funcionar melhor como um todo ao longo da partida, ditando o ritmo, fazendo a bola girar. É isso: time que tem um cara como este no meio-campo e um ataque que funcione já tem mais de meio caminho andado. É o que acontecia com o Flamengo de 2009, com Pet e Adriano.

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