O primeiro jogo do Palmeiras com Muricy

O adversário era um dos lanternas do campeonato, e ainda por cima com quase meio time de desfalques. O jogo era em casa. E o mandante ainda era um dos líderes do campeonato, estreando seu novo técnico, atual tricampeão brasileiro. Tudo isso apontaria pra uma vitória fácil - mas não foi. E, se continuar jogando assim, o Palmeiras pode até vir a ser campeão brasileiro. Mas vitórias fáceis serão muito, muito raras.

Muricy manteve o time que Jorginho usou na vitória contra o Corinthians, que eu não vi - mas é uma formação que eu não gosto, com Diego Souza no ataque. Assim que Jorginho assumiu, chegou a mudar, colocando primeiro Ortigoza ao lado de Obina, depois Willians. Mas depois de ser obrigado por desfalques a voltar à formação que Luxemburgo vinha usando, acabou deixando Diego na frente mesmo.

O resultado é que o melhor jogador do time participa menos do que devia, quando está na frente; e, quando sai da área pra buscar a bola, deixa Obina sozinho. Somando isso à pouca participação de Cleiton Xavier e à inexistência dos laterais no ataque, o que sobra é um Palmeiras que marca bastante no meio, com três volantes, mas cria pouquíssimo e afunila sempre o jogo. O que especificamente contra o Fluminense é um tremendo desperdício, já que o tricolor tem problemas crônicos de marcação com seus laterais (não que os zagueiros sejam muito melhores, mas ao menos por ali a coisa fica mais congestionada, com três atrás e mais dois volantes à frente).

Muricy até enxergou isso e colocou Ortigoza em campo no intervalo no lugar de um volante. O time nem melhorou muito - mas, nessa, Diego Souza conseguiu sair do meio pra se projetar à frente, pegar a defesa do Fluminense de surpresa e fazer seu golzinho. Algo mais difícil de acontecer quando ele tinha que ficar de costas pra defesa adversária e, quando saía dali, deixava os três zagueiros adversários cuidando só de Obina, muito mais tranquilos pra enxergarem quem vinha de trás.

O gol foi suficiente pro Palmeiras sair com a vitória - e o time não conseguiu criar muito mais que aquilo, mesmo. Eu disse que Cleiton Xavier participa pouco do jogo, e é verdade; mas ontem, nas três vezes em que pegou na bola, criou as únicas três chances do time nos 90 minutos (inclusive o gol). O Fluminense, mesmo com muito menos posse de bola, soube anular o adversário a maior parte do tempo, deve ter tido mais ou menos o mesmo número de oportunidades e poderia ter saído ao menos com o empate. Mas, na verdade, além de boa parte dos jogadores ali serem mesmo fracos, eles ainda não se deram bem com o gramado enxarcado - especialmente Conca, que escorregou muito e não conseguiu se acertar em momento nenhum com a força com que deveria passar a bola para que ela nem deslizasse demais, nem parasse em alguma poça.

Mas não adianta muito isso de estar “em evolução” e conseguir equilibrar as partidas se, no fim, o Fluminense continua sem vencer, rodada após rodada. O consolo é que ao menos os últimos jogos, feitos em sequência, sem tempo pra treinar e lutando contra desfalques, eram mesmo muito complicados, contra três times que são vistos como dos melhores do campeonato. Pode melhorar.

Quanto ao Palmeiras, devemos lembrar que Muricy conseguiu três títulos seguidos com o São Paulo com um futebol quase tão chato quanto o de seu time atual. A diferença é que o Tricolor era bem mais forte na bola parada e nos chutes de fora da área e, depois de conseguir a vantagem num golzinho assim, contra-atacava muito bem – e acabava, afinal, sendo sempre um dos ataques mais positivos do campeonato, se não o mais. O Palmeiras ainda não tem esse contra-ataque, nem é tão bom no jogo aéreo. Mas tem Diego Souza, que anda mesmo surpreendendo, provavelmente o melhor jogador do campeonato no momento, o que tem sido o bastante. Mas não dá pra saber por quanto tempo será assim.

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