Comentários sobre dois jogadores específicos

Aírton está surpreendendo pela maneira como se adaptou à nova posição. Se posiciona bem, tem altura, velocidade e poder de recuperação, desarma bem. Com Angelim, está formando uma bela dupla de zaga. E ontem teve mais uma boa atuação.

Com a exceção de um momento: o pisão nas costelas de Nilmar. 

Se tivesse sido um caso isolado, a atitude gratuita e grotesca já seria reprovável. Mas o negócio é que Aírton tem mesmo essa mania de se achar malandro e bater nos adversários quando acha que ninguém vai ver. Não foi nem uma nem duas vezes que já largou braço ou cotovelo no rosto de um e de outro, fora do lance, sem necessidade nenhuma - aconteceu outro dia mesmo contra o Cruzeiro, por exemplo. Logo ele que, marcando, sabe roubar a bola sem falta como poucos.

Fora ultrapassadas e antiquadas questões éticas, coisa de gente careta e fora da realidade como eu, ele ontem poderia ter sido expulso, de bobeira - não foi porque o juiz, que viu o lance, foi frouxo (como foi com Guiñazu em diversos lances, aliás). E, com a onda atual das decisões dos árbitros serem revisadas depois no tapetão, não vai ser surpresa nenhuma se ele acabar pegando uma suspensão.


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Kléberson, que andou mesmo sendo supervalorizado por conta dos gols que fez em partidas recentes, tem uma característica específica que ninguém mais tem no Flamengo: enquanto todo o resto do time sempre gira por trás de quem tem a bola pra se posicionar pro passe, ele é o cara que sabe  ultrapassar a linha da bola pra receber na frente. Foi como surgiu o lance do gol de ontem, como apareceu para chutar na melhor oportunidade do time no primeiro tempo, como fez seu gol contra o Fortaleza. É por saber se movimentar desta maneira, por enxergar espaços que os outros não observam, por ter essa iniciativa, que ele costuma ter mais chances de gol do que a maioria de seus companheiros - ele consegue fazer, nesses lances em que se apresenta, com que o time saia da rotina de passes laterais e chuveirinhos sobre a área.

Se Íbson realmente deixar o clube no meio do ano, Kléberson vai ter uma importância ainda maior neste time. Mas ele pode render mais. Ainda está com o aproveitamento abaixo do que poderia nos chutes ( e ele arrisca muitos, mesmo quando não deve), e errando mais passes do que devia - fora ter uma tendência vaga-lume, de se apagar do jogo sem motivo aparente.

Um comentário:

Arthur Costa disse...

Sobre a movimentação do Kleberson...

eu tbm observo o Emerson tentando abrir espaços, porém não dão aquela bola em profundidade pra ele, ou seja, demoram pra "enfiar" a bola. Aí quando dão, ele já tá de costas pra marcação, e não na corrida.

Observei isso a algum tempo. Houve um lance assim no Beira Rio, e vários no Maraca (eu tava lá, deu pra observar bem) contra o Inter.